CUT repudia nova alta da taxa de juros: ‘ameaça direitos e a reconstrução do país’

Nota da CUT Nacional – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifesta veemente repúdio a mais uma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros (Selic), desta vez para 14,75%, em clara contradição com as necessidades urgentes de reconstrução econômica e social do país. Enquanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avança na redução da inflação, no fortalecimento do real, na geração de empregos e na aprovação de reformas estruturais, o Banco Central insiste em uma política monetária asfixiante, privilegiando interesses financeiros em detrimento do desenvolvimento nacional e dos interesses do povo brasileiro.

Em um contexto de desaceleração inflacionária e da menor taxa de desemprego em oito anos, a decisão do Copom revela que a mudança do presidente do Banco Central para o comando de Gabriel Galípolo não mudou a visão predominante naquela instituição nos últimos anos. A medida não se justifica técnica ou economicamente, mas integra uma estratégia que se coloca na contramão do que tem priorizado o governo do presidente Lula e das demandas sindicais históricas: a retomada de investimentos públicos, a valorização do salário mínimo e a redução das desigualdades. A manutenção dos juros nas alturas, agora agravada pelo novo aumento, drena recursos vitais dos cofres públicos — que poderiam ser destinados à saúde, educação e infraestrutura — para remunerar a especulação com uma dívida pública que cresce substancialmente todas as vezes que a taxa Selic é elevada, beneficiando apenas os rentistas.

O aumento de 0,5% na taxa SELIC tem impactos significativos sobre a dívida pública brasileira, principalmente porque essa taxa é o principal ponto de referência para os títulos públicos indexados a ela. Estima-se que cada ponto percentual de aumento na Selic eleva o custo da dívida pública em aproximadamente R$ 50 bilhões por ano, segundo dados do próprio Banco Central. Considerando que a Selic subiu de 10,5% em setembro de 2024 para 14,75% em maio de 2025, um aumento de 4,25 pontos percentuais, o impacto adicional no custo anual da dívida pode ser estimado em cerca de R$ 212,5 bilhões. Um aumento na taxa eleva os juros pagos pelo governo para rolar a dívida existente, o que pressiona o déficit primário, já que o governo precisa arrecadar mais ou cortar gastos para cobrir o maior custo da dívida.

A taxa Selic elevada torna-se um mecanismo de transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos e inviabiliza o crédito acessível para famílias e pequenas empresas, estrangula o consumo interno e freia a geração de empregos formais. Enquanto trabalhadores e trabalhadoras enfrentam o custo elevado do crédito ao consumidor, o sistema financeiro acumula lucros recordes. É urgente que o Senado Federal e a sociedade civil ampliem o debate sobre a composição do Conselho de Política Monetária, que não conta com representação dos trabalhadores e das trabalhadoras, de forma que banqueiros aproveitem da autonomia do Banco Central para tomadas de decisões desconectadas do interesse nacional. A política monetária precisa estar alinhada ao combate às desigualdades, com juros menores, crédito direcionado a setores estratégicos e controle social sobre as metas inflacionárias. Reconstruir o Brasil exige enfrentar o poder dos banqueiros, que recebem lucros bilionários em detrimento dos interesses da maioria da população brasileira e do desenvolvimento sustentável do país.

A CUT e suas entidades filiadas seguem em campanha permanente pela redução da taxa de juros e pelo fim da autonomia do Banco Central. O momento é unir esforços contra esse golpe silencioso contra o país e lutar para garantir que a economia sirva ao povo brasileiro e não à especulação. Seguiremos vigilantes e mobilizadas em defesa dos direitos da classe trabalhadora e por um projeto de desenvolvimento que garanta emprego, renda, comida e dignidade para todos e todas.

 

Se é importante para o povo brasileiro, é uma luta da CUT.

São Paulo, 07 de maio de 2025.

Direção Executiva Nacional da CUT