“Mexeu com meu companheiro, mexeu comigo”
Como fez em 2001, durante o governo FHC, a Petrobrás volta a punir os trabalhadores que exerceram o direito de greve. Atitude que, além de arbitrária, revela que as gerências da empresa continuam seguindo a risca a cartilha neoliberal de ataques e repressão à categoria.
Primeiro aconteceu na Replan, onde três petroleiros da unidade de craqueamento foram punidos no mês passado por terem aderido à greve. Agora é na Bacia de Campos, onde vários trabalhadores das plataformas estão sendo notificados com advertências e suspensões. As punições são decorrentes do que a Petrobrás arbitrariamente classifica de “excessos cometidos” durante a greve nacional de cinco dias, realizada em março deste ano.
A empresa montou uma comissão interna de apuração na UNBC, formada apenas por gerentes, sem garantir sequer o direito constitucional de defesa aos trabalhadores. As punições estão sendo aplicadas a cerca de 90 petroleiros das plataformas PRA-1, P-12 e P-19, que foram submetidos ao tribunal de inquisição imposto pela Petrobrás.
“Os trabalhadores não cometeram excesso algum durante a greve. Agiram legitimamente, com responsabilidade, cumprindo o direito constitucional de greve, orientados, o tempo todo, pelo sindicato. Ocorreram excessos, sim, mas por parte das gerências, que cortaram a comunicação dos trabalhadores que estavam nas plataformas, praticaram cárcere privado, embarcaram equipes de contingências sem qualquer preparo para lidar com emergências, entre outras barbaridades cometidas durante a greve”, ressalta o coordenador do Sindipetro-NF, José Maria Rangel.
“Enquanto a empresa, através de seu blog, cobra imparcialidade da mídia em relação às notícias publicadas contra a estatal, por outro age de forma autoritária e antidemocrática, ao instalar uma comissão interna para apurar os fatos ocorridos durante a greve, sem ouvir os petroleiros e deixando de fora as ilegalidades cometidas pelas gerências. A empresa exige ser ouvida, mas não ouve seus trabalhadores “, declara José Maria.
As punições sofridas pela categoria são indevidas e arbitrárias. A Plenária Nacional da FUP, que começa no próximo dia 02, no Paraná, irá deliberar sobre como os petroleiros reagirão a mais este ataque ao direito de greve. Um dos princípios da luta de classes é a solidariedade. “Mexeu com meu companheiro, mexeu comigo”, esse lema é ponto de honra para a categoria.
I Plenafup: unidade de classe e de ideais
Na próxima quinta-feira, 02, começa no Paraná, na Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), a 1ª Plenária Nacional da FUP. Nos quatro dias do evento, que termina no dia 05, são esperados 250 participantes, entre delegados petroleiros, observadores, assessores e convidados. A Plenária tem como tema “Somos todos trabalhadores” e, além de debater questões corporativas da categoria, reafirmará a unidade de classe dos petroleiros com os trabalhadores rurais. O Assentamento Constestado, onde fica localizada a ELAA, reúne 108 famílias de agricultores do MST, entidade que sempre esteve presente nas principais lutas da categoria.
Situada a 70 quilômetros de Curitiba, a Escola de Agroecologia passou por obras de infraestrutura para receber as delegações de petroleiros. As reformas realizadas serão fundamentais para fortalecer e ampliar os projetos de educação solidária da escola, que recebe camponeses de vários países da América Latina para aprenderem a desenvolver técnicas de produção agrícola voltadas para a preservação ambiental e a soberania alimentar.
“A 1ª Plenafup se propõe a discutir e deliberar sobre as teses e temários da categoria, na busca da interação entre os delegados no campo político, ideológico e cultural, pautando-se pela fraternidade e ética da classe trabalhadora e pela solidariedade ao movimento operário nacional e internacional. Com estes objetivos, essa plenária integra os delegados ao ambiente dos camponeses, despertando a consciência classista da categoria, ao aproximá-la de realidades sociocultural e econômica diversas”, destaca o texto de apresentação do caderno de teses da Plenária.
Acompanhe no portal da FUP (www.fup.org.br) informações sobre a 1ª Plenafup. A próxima edição do Primeira Mão será toda dedicada à Plenária.
Luta pelo pré-sal é ponto de destaque do Congresso da UNE
Os estudantes secundaristas e universitários estão concluindo seus congressos regionais e apontando a nacionalização do pré-sal como uma das bandeiras que se integram às lutas da juventude brasileira. Essa questão será pauta do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que será realizado na Universidade de Brasília, entre os dias 15 e 19 de julho. No dia 16, os estudantes se somam às centrais sindicais e movimentos sociais em uma grande passeata, que pretende reunir 20 mil pessoas na capital federal, cobrando uma nova legislação para o setor petróleo e uma Petrobrás 100% pública e com compromisso social.
O envolvimento da UNE e dos movimentos sociais de massa, como o MST, na campanha “O petróleo tem que ser nosso” ampliou a luta pelo controle estatal e social das reservas do pré-sal. Junto com a FUP e as centrais sindicais, os estudantes e os militantes sociais têm colocado nas ruas milhares de pessoas nos atos realizados pelo Brasil afora.
Em menos de um mês, nove capitais do país cobriram-se de verde e amarelo, em manifestações históricas em defesa da soberania nacional. No último dia 24, foi a vez da população do Espírito Santo somar-se a esta campanha, no ato público que reuniu centenas de estudantes e trabalhadores em frente à sede da Petrobrás, em Vitória.
Abaixo assinado
A luta continua e se fortalecerá ainda mais com a passeata do próximo dia 16 em Brasília. Os petroleiros iniciaram esta campanha e devem continuar fomentando a luta por uma nova lei do petróleo. A FUP e seus sindicatos continuam buscando assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que defende o restabelecimento do controle estatal sobre o setor e a Petrobrás 100% pública. Até o momento, a Federação digitalizou 89 mil assinaturas. São necessárias pelo menos 1,3 milhão para que o projeto de lei possa ser apresentado ao Congresso Nacional. Portanto, sua participação nesta luta é fundamental.
Acompanhe a campanha pela internet e aproveite para somar-se aos comitês regionais e ajudar na divulgação do abaixo assinado em seu estado.
Acesse:
http://www.presal.org.br/mapa/mapa.php
Implantação do PP-2 na Transpetro
Após quatro meses de trabalho, o grupo que discute o cronograma e modelo de implantação do Plano Petros-2 para os trabalhadores da Petrobrás Transporte encerrou suas atividades e assinou no último dia 25 o relatório final com a proposta que será encaminhada à direção da subsidiária. O Grupo de Trabalho foi implantado no dia 19 de fevereiro, formado por representantes da FUP, Federação Nacional dos Marítimos (FNTTAA), do RH da Transpetro e da Petros, e, desde março, vinha tendo reuniões semanais.
Após a proposta de implantação do PP-2 ser aprovada pela direção da Petrobrás Transporte, o plano será encaminhado ao Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (DEST) e ao Ministério das Minas e Energia (MME). Só após ser aprovado nestas instâncias é que o PP-2 seguirá para a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) para que seja autorizado a ser oferecido aos trabalhadores da Transpetro.
Atualmente, os petroleiros da subsidiária contam apenas com o Plano Transpetro, que não tem cobertura de risco, nem outras garantias previdências atendidas pelo Plano Petros-2. Tão logo, a proposta de implantação do PP-2 seja aprovada pela diretoria da Petrobrás Transpetro, a FUP divulgará o resultado aos trabalhadores. A adesão ao PP-2 na Transpetro, no entanto, só será aberta após o plano ser aprovado pelo DEST, MME e SPC.