Rosangela Buzanelli*
Em reunião no último dia 7, do Conselho de Administração, aprovamos por unanimidade a proposta, por mim pautada, de atuação na distribuição nos segmentos RTC (Refino, Transporte e Comercialização) e G&EBC (Gás, Energia e Baixo Carbono).
Conforme Fato Relevante divulgado ao mercado: “A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que seu Conselho de Administração, em reunião realizada hoje, aprovou, no âmbito dos elementos estratégicos do Plano Estratégico da companhia, a inclusão do Posicionamento da Petrobras em Distribuição nos segmentos de RTC e G&E e Baixo Carbono, nos seguintes termos:
Posicionamento em Distribuição: Atuar em negócios rentáveis e de parcerias nas atividades de distribuição, observadas as disposições contratuais vigentes.
Direcionadores do Posicionamento em Distribuição:
– Atuar na distribuição de GLP;
– Integrar com demais negócios no Brasil e no mundo;
– Oferecer soluções de baixo carbono para seus clientes.”
Em fato relevante de 26/09/2019, a Petrobrás informa a saída do setor de fertilizantes e da distribuição de GLP, entre outras medidas questionáveis, e em 19/11/2019 o CA aprova a privatização da Liquigás, à época a maior distribuidora de GLP do país. A companhia saiu do mercado de distribuição de gás de cozinha no final de 2020 com a conclusão da venda da Liquigás, por R$ 4 bilhões.
A partir de então, as margens de lucro crescem, o produto encarece e a população empobrece. Hoje o produto é entregue pela Petrobrás às distribuidoras ao custo médio de R$ 35, mas a população, a depender do local, chega a pagar R$ 150 pelo botijão. Se isso não for extorsão, o que seria?
O mesmo ocorre com os combustíveis. A Petrobrás reduz os preços nas refinarias, mas as distribuidoras repassam parte ou não repassam a redução. Algumas inclusive aumentam o preço. Um acinte com a população brasileira. A margem dos postos de combustíveis, segundo noticiado pela imprensa, cresceu, entre 2021 e junho de 2025, 97% na gasolina e 89% no diesel, num período cuja inflação foi de 31%.
A BR Distribuidora foi privatizada também no governo Bolsonaro através de uma negociata que impôs condições inaceitáveis: uso da marca por 10 anos, renovável por mais 10, e cláusula de não competição por igual período, o que “proíbe” a Petrobrás de vender combustíveis no varejo. Mas isso precisa e deve ser questionado.
A decisão do CA sobre o posicionamento na distribuição nos segmentos RTC e G&EBC é o sinal verde para a reverticalização da companhia, como a absoluta maioria das grandes petrolíferas, gerando valor para a Petrobrás e cumprindo seu compromisso com o país, viabilizando uma concorrência real que promoverá preços mais justos.
Defender a Petrobrás é defender o Brasil.
* Representante eleita dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás.
[Publicado originalmente no Blog da Rosangela Buzanelli]