Da Imprensa da FUP – Em dezembro de 2022, ao apagar das luzes do governo Bolsonaro, a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), foi entregue a preços ínfimos para a distribuidora Atem, que a transformou em unidade de apoio logístico. A Refinaria do Amazonas (Ream), como foi rebatizada pela Atem, deixou de ser uma unidade de refino, enquanto a população da região Norte segue refém de combustíveis comercializados pelos preços mais caros do Brasil, como a FUP e o Sindipetro Amazonas denunciam desde o início de 2024.
Além de causar prejuízos ao povo do Amazonas e dos demais estados da região, a privatização da Reman fez com que a Petrobrás tenha que transportar todo o petróleo extraído em Urucu para São Sebastião, em São Paulo. O produto é transportado por balsas, em uma viagem que dura de 14 a 16 dias, para ser refinado na refinaria da estatal.
A denúncia foi feita pelo Sindipetro AM ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), no dia 18 de junho, cobrando, mais uma vez, apuração de irregularidades graves na operação da Ream. O Sindicato reforça que a unidade vem sendo deliberadamente descaracterizada como refinaria, em descumprimento aos termos e compromissos assumidos no processo de privatização da antiga Reman.
Na mesma ocasião, o Ministério de Minas e Energia (MME) enviou ofícios ao CADE pedindo providências contra práticas anticoncorrenciais nos mercados de diesel, gasolina e GLP, destacando que os consumidores da Região Norte pagam hoje os preços mais altos do país. O ministério apontou que a Ream pratica valores acima do mercado, além de ter interrompido as operações de refino desde o primeiro semestre de 2024, quando a unidade passou a atuar apenas como terminal.
Os números mostram o atual colapso da produção local, após a privatização:
2020 a 2022 – a refinaria de Manaus produzia, em média, 40 mil barris/dia;
2023 – primeira queda expressiva, com produção abaixo de 30 mil barris/dia;
2024 – a produção despencou para menos de 10 mil barris/dia;
2025 – ciclo de refino encerrado: desde fevereiro, não há qualquer pedido da Ream para receber petróleo de Urucu.
“O resultado é que a única refinaria da Região Norte não refina mais nenhum litro de petróleo, enquanto os combustíveis no Amazonas permanecem entre os mais caros do Brasil, chegando a custar até 10% acima da média nacional. A situação ameaça a viabilidade da base de Urucu, aumenta custos logísticos para a Petrobrás e penaliza diretamente os consumidores da região, que pagam mais caro por gasolina e gás de cozinha apesar de viverem em um estado produtor de petróleo”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Após reunião dos petroleiros com o Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e representantes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a agência realizou fiscalizações nos dias 24 e 26 de junho, que resultaram em dois autos de infração e na elaboração de um relatório de auditoria, ainda não disponibilizado. A ANP informou que, após a conclusão do documento, poderá adotar novas medidas. Já no CADE, as denúncias seguem sob sigilo e, até o momento, não houve qualquer comunicação oficial. No MME, também não houve resposta ao ofício encaminhado, que solicitava acesso a documentos enviados ao CADE e a realização de reunião específica sobre o tema. A solicitação será reiterada, dada a relevância do assunto.