Nascente 1404

[VERSÃO NA ÍNTEGRA EM PDF DISPONÍVEL NO FINAL DA PÁGINA]

 

A SEMANA

Editorial

Humanos têm que caber no orçamento

Nos anos 90 do século passado, quando da primeira grande investida privatizante sofrida pela Petrobrás, sob a ventania neoliberal do pós-Collor e do durante FHC, em paralelo ao discurso ideológico do capital corria uma espécie de destino tido como inevitável de reestruturação produtiva. O termo da moda era “reengenharia”, um eufemismo para aprofundamento da exploração dos trabalhadores e das trabalhadoras. A ideia, nada nova e tampouco derradeira, era a de que se tornava necessário desregulamentar, tornando cada empregado apto a atuar de modo circular em todas as funções, reduzir postos de trabalho e custos no processo. A lógica era enxugar para se tornar mais competitivo.

Típico pensamento de cabeça de planilha, princípios iguais ou fortemente semelhantes continuam a imperar na Petrobrás. O discurso é o de que o cenário é sempre crítico, o mundo está à beira do abismo, e a empresa não sobreviverá se não seguir às cartilhas ortodoxas de ajustes neoliberais, sobretudo no trato dos “custos” de pessoal. A despeito disso, os lucros vão bem e os acionistas também.

Em todas essas investidas de “austeridade” o principal alvo é o humano. A opção política de concentrar riquezas reveste-se de supremacia técnica, tornando-se um suposto imperativo de sobrevivência da companhia. Contra isso, pressupõem os burocratas robotizados, pouco se poderia fazer. Quem seria contrário a um modelo que mostra a sua eficácia em sucessivos balanços trimestrais?

No entanto, toda vez que a humanidade trocou a solidariedade, a valorização do trabalho, a força coletiva, a distribuição mais equilibrada da renda derivada do esforço de um grande agrupamento, pelo mero resultado contábil (a ser distribuído a um grupo mínimo de acionistas), contribuiu-se para a perda de valores essenciais que nos trouxeram até aqui e nos salvaram como espécie. A atual Campanha Reivindicatória petroleira trata exatamente disso: de humanos contra robôs tecnocratas.

 

 

Seja bem-vindo à FUP o Sindipetro-SJC

Encerradas no último dia 4, as assembleias convocadas pelo Sindipetro São José dos Campos aprovaram a filiação da entidade à Federação Única dos Petroleiros e à CUT. O resultado foi inequívoco: 88% dos 1.133 petroleiros filiados aprovaram o retorno do sindicato à FUP, que passa a ter 14 sindicatos filiados, entre eles o Sindipetro-NF. “A decisão histórica dos trabalhadores de São José dos Campos pavimenta o caminho para a reunificação da organização sindical petroleira”, destacou a federação. Sejam bem-vindos à FUP, companheiros do Sindipetro-SJC.

Oficina no NF

O Departamento de Aposentados e Pensionistas do Sindipetro-NF vai promover uma oficina de artesanato nas sedes de Campos dos Goytacazes e de Macaé. As inscrições estarão abertas no período de 11 a 18 de setembro, com vagas limitadas. As aulas acontecerão entre 23 de setembro e 21 de outubro, uma vez por semana.

Equacionamento

Disponível no site do Sindipetro-NF a 17ª Nota Informativa sobre os Equacionamentos dos Planos Petros do Sistema Petrobrás, com o detalhamento dos passos mais recentes da luta pela resolução definitiva do problema. O momento é de definição, pela Petrobrás, do valor que fará de aporte na Petros para que um novo plano seja viabilizado.

Não deixe de votar

O plebiscito popular que tem como objetivo mobilizar a população brasileira a votar dois temas centrais para a vida dos trabalhadores, o fim da escala 6×1 e a taxação dos super-ricos, segue até o final de setembro. A votação, que inicialmente terminaria em 7 de setembro, foi estendida até o último dia do mês. Não deixe de votar e expressar a sua opinião sobre as pautas dos trabalhadores.

Expectativa na SLB

A pressão do movimento sindical petroleiro e da categoria resultou em uma reunião com a SLB e, por conta disso, a assembleia que aconteceria no último dia 5 foi suspensa. A empresa chamou a FUP e seus sindicatos para uma mesa de negociação nesta quarta-feira (10), quando, segundo seus representantes, será apresentada uma proposta que contemple as pautas da categoria.

Luto

O Sindipetro-NF vai acompanhar de perto as investigações sobre as circunstâncias da morte do petroleiro Rodrigo Reis Barreto, de 39 anos, em decorrência de acidente de trabalho a bordo da P-79, na Coreia do Sul, às 23h30 do último dia 02, no horário de Brasília. O trabalhador, que residia no Rio, era filiado ao NF desde 2014. A entidade manteve contato com a família do trabalhador para se colocar à disposição e manifestar as condolências.

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Começam negociações temáticas do ACT

Das Imprensas da FUP e do NF

Após cobrança da FUP pelo estabelecimento de um calendário de reuniões temáticas de negociações do Acordo Coletivo de Trabalho, a Petrobrás aceitou a realização dos encontros negociais a partir desta semana. O calendário acordado inclui rodadas de negociações que começam pelo tema “Condições de Trabalho, Jornada e Frequência”, marcada para a tarde desta terça-feira (09) — após o fechamento desta edição do Nascente — e seguem até o próximo dia 01 de outubro (veja o calendário completo na arte abaixo).
O clima tem sido tenso nos encontros com a Petrobrás. Em reunião no último dia 2, quando a FUP fez a proposta de calendário temático, a empresa chegou a ignorar o que foi proposto e, sem sequer analisar a pauta da categoria, apresentou uma contraproposta para o ACT, atropelando o processo de negociação e desrespeitando todo o debate coletivo feito pelos trabalhadores nos congressos regionais e na Plenária Nacional da FUP.
As direções sindicais, no entanto, enfatizaram a importância do fortalecimento da mesa de negociação e de valorização da pauta que foi construída coletiva e democraticamente pelos trabalhadores e trabalhadoras. Outras questões que haviam sido reforçadas pelas representações sindicais na reunião, como trazer para a mesa de negociação a solução para os equaciona-mentos da Petros (PEDs), não foram sequer respondidas inicialmente. Além disso, em plena campanha reivindicatória, a gestão da Petrobrás ataca o projeto de fortalecimento da empresa, com anúncios de privatização do Polo Bahia Terra e de desmonte da PBio, na contramão do que o presidente Lula defende para a estatal e de tudo o que vinha sendo debatido com as entidades sindicais nos diversos fóruns de negociação.
Greve a caminho
A direção do Sindipetro-NF tem avaliado que as negociações do novo Acordo Coletivo de Trabalho serão duríssimas. A empresa deu vários sinais, nos últimos meses, que abraçou um discurso de “austeridade” que se mostra preocupado apenas com os custos do trabalho, para remunerar fartamente o capital. A entidade tem intensificado a presença nas bases para, olho no olho, em diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras, preparar os espíritos para uma grande greve. Também está sendo marcada, para divulgação em breve, a realização de um Seminário de Greve, quando as táticas e estratégias de um movimento paredista forte são discutidas coletivamente entre a direção sindical e representantes das bases petroleiras.

Calendário de negociações temáticas FUP – Petrobrás

09/09 (terça) – 14h às 17h – Condições de Trabalho, Jornada e Frequência
10/09 (quarta) – 14h às 17h – Relações Sindicais e Anistia
11/09 (quinta) – 13h às 14h30 – Efetivos
11/09 (quinta) – 15h às 17h – Parada de Manutenção no Refino
16/09 (terça) – 14h às 15h30 – Prestação de Serviços
17/09 (quarta) – 13h às 17h – Cláusulas Econômicas e Benefícios
18/09 (quinta) – 13h às 14h30 – AMS e Petros
23/09 (terça) – 14h às 16h – SMS
01/10 (quarta) – 14h às 16h – Pauta pelo Brasil e Transição Energética Justa

 

Mesmo sufocado, Grito dos Excluídos ecoa na região

O Sindipetro-NF participou, no último domingo, das atividades do Grito dos Excluídos em Campos dos Goytacazes e em Macaé. Em Campos, o ato foi marcado por forte repressão dos agentes da Guarda Civil Municipal e da Polícia Militar. Por volta das 10h, um desfile pacífico organizado pelo Sindicato dos Bancários de Campos e região foi impedido de entrar na avenida do Cepop (Centro de Eventos Populares Osório Peixoto), onde ocorriam as atividades do Sete de Setembro. Os manifestantes só conseguiram entrar na avenida próximo às 13h30.

Em Macaé, também após o desfile cívico, movimentos sociais, sindicais e populares realizaram o ato, que reforçou a luta por direitos, soberania e democracia. A concentração aconteceu no início da Avenida Elias Agostinho, na Imbetiba, e seguiu em caminhada logo após o término do desfile. A manifestação, no entanto, foi inicialmente impedida pela Polícia Militar e só ocorreu após negociação.

 

SAIDEIRA

Setorial online para informar sobre ações movidas pelo NF

Petroleiros e petroleiras abrangidos por ações movidas pelo Departamento Jurídico do Sindipetro-NF têm reunião setorial com a entidade nesta quinta-feira (11), de modo on-line, das 19h30 às 21h.

O encontro terá como pauta atualizações sobre as ações individuais e coletivas em andamento movidas pelo sindicato, com informes importantes para a categoria. A participação é fundamental para que os petroleiros e petroleiras estejam informados sobre o andamento das iniciativas jurídicas e possam tirar dúvidas diretamente com a equipe do sindicato.
O link de acesso à reunião será divulgado no site do Sindipetro-NF.

 

 

SETEMBRO AMARELO O Sindipetro-NF tem reforçado, em suas redes sociais digitais, o chamado da campanha Setembro Amarelo, sobre a necessidade de conscientização da prevenção ao suicídio e promoção da saúde mental. A entidade entende que esta não é uma questão individual, mas sim coletiva, que envolve a atuação de todos os trabalhadores e trabalhadoras, de políticas públicas e das empresas.

 

 

NORMANDO

Soberania e Independência

Nathan Carminatti*

Os eventos atrelados às manifestações no Dia da Independência denotam uma linha de demarcação entre as forças políticas que efetivamente atuam pela soberania nacional de fato, e entre agentes que, de forma desavergonhada, cumprem o papel de submissão total às agendas políticas e econômicas estrangeiras.

As centrais sindicais e os movimentos sociais foram às ruas em defesa dos anseios democráticos e progressistas das amplas camadas que compõem o povo brasileiro, em defesa de pautas como o fortalecimento da indústria nacional; defesa dos setores estratégicos;  reforma agrária e moradias populares; redução da jornada de trabalho e aumento das condições remuneratórias, além da defesa de demais direitos sociais e coletivos.

Do outro lado, os agitadores fascistas escancaram a própria demagogia ao defender abertamente a anistia de traidores da pátria que articularam uma tentativa de golpe de Estado para a sua manutenção no poder.

Se lançam como “testas de ferro” de uma ofensiva do imperialismo contra o povo brasileiro, apelando pela interferência externa dos Estados Unidos quanto à nossa jurisdição em troca de ceder às chantagens comerciais e tarifárias, usurpação de terras raras e apoderamento de recursos naturais.

De forma tragicômica, a antiga captura de símbolos nacionais deu lugar literalmente à bandeira norte-americana. Desnudar as verdadeiras intenções desses atores nunca foi tão fácil, ao passo que em pleno 07 de Setembro, atuam como defensores de um projeto de “BraZil-Colônia”. Os discursos pseudo nacionalistas se mostram cada vez mais como cortinas de fumaça para a defesa de um projeto neoliberal.

As antigas oligarquias latifundiárias que cumpriam a função de intermediárias do saque colonial dão lugar a uma burguesia entreguista que rifa o futuro do país em troca da sua manutenção como gestora dos aparelhos de Estado.

A crescente fascistização apresentou-se como uma tentativa desesperada de solução violenta para os incontornáveis antagonismos de classes e desmonte estrutural de um modelo de capitalismo dependente.

O movimento sindical tem atuado de modo a ampliar denúncias sobre os efeitos da dívida pública, das privatizações e desmontes de políticas sociais, da precarização das relações trabalhistas, das terceirizações irrestritas e da redução abrupta das condições remuneratórias, da margem de desemprego e dos ataques à seguridade social.

Tais fatores promovidos pela extrema-direita compõem a mesma problemática e tratam-se de medidas diretamente interligadas ao acúmulo de capital por grandes conglomerados econômicos a partir da superexploração do trabalho e transferência de renda.

Assim, a conjuntura atual, embora turbulenta, se apresenta como uma janela oportuna para ampliar debates sobre a soberania nacional e sobre o aprimoramento de nossa independência formal rumo a uma independência fatidicamente material, sendo a classe trabalhadora brasileira a principal agente transformadora e sujeito dessa tarefa histórica.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.  [email protected]

 

1404