Rosely Rocha / Da Imprensa da CUT – Ao analisar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste segundo trimestre em 2,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2024, o que configurou o 18º resultado positivo consecutivo, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), alertou que há evidentes sinais evidentes de desaceleração econômica, se comparado ao período anterior.
Para o Dieese está claro que a desaceleração econômica do Brasil é efeito da taxa de juros (Selic), de 15% ao ano praticada pelo Banco Central, que se tornou independente, em 2021, no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Os juros têm afetado em patamares altos o consumo e o investimento, diminuindo os dois, o que desacelera o mercado interno e reduz a produção industrial. “Essa dinâmica de desaceleração da economia como um todo fará com que o crescimento econômico de 2025 seja menor que de 2024. E sem uma reversão da política monetária o mais rápido possível, 2026 corre risco de ser outro ano no qual o crescimento econômico será muito discreto”, analisam os técnicos do Dieese.
Isenção do IR será benéfica para a economia
Apesar dos juros altos, a entidade entende que esse quadro de desaceleração da economia pode ser revertido com a isenção do imposto de renda para quem tem renda de R$ 5 mil por mês e taxar os super-ricos com renda de R$ 600 mil ao ano.
“A isenção do IR para pessoas que ganham até R$ 5 mil, acompanhada da tributação dos ‘super-ricos’, pode ajudar muito a economia no ano que vem, porque significa dinheiro no bolso da população que gasta e fará a economia girar mais. Isso é especialmente importante em um período onde há poucas perspectivas de queda dos juros no curto prazo, que tem se tornado um problema crescente na economia ao encarecer crédito e investimentos, reduzindo o consumo, mesmo em um cenário de relativa estabilidade inflacionária”, diz Leandro Horie, técnico do Dieese.
No documento o Dieese alerta ainda que ‘certamente os efeitos da desaceleração econômica ficarão mais evidentes no mercado de trabalho, afetando ainda mais a demanda interna e gerando um cenário de poucas perspectivas de avanço econômico para 2026”. Leia a integra aqui.
O que diz o projeto de isenção
Pelo projeto quem ganha a partir de R$ 600 mil ao ano passaria a pagar 10%. Hoje a cobrança de imposto no país inverte esta lógica, os mais pobres pagam proporcionalmente mais do que os ricos. Dados do Dieese mostram que um trabalhador que ganha R$ 5 mil paga cerca de 9,57% da sua renda em tributos, enquanto pessoas com rendimentos muito superiores não chegam a 2,5%.
O governo prevê a taxação de lucros e dividendos de acionistas que recebem acima de R$ 50 mil por empresa, com alíquota progressiva até 10% para rendas superiores a R$ 1,2 milhão.
Cobrar dos mais ricos é essencial porque com a isenção até R$ 5 mil vai haver uma perda de arrecadação de quase R$ 26 bilhões, o que poria em risco a meta fiscal.
Como pressionar pela aprovação da isenção
Para isso, a CUT lançou a campanha nacional de pressão sobre o Congresso por meio da plataforma Na Pressão, ferramenta digital exclusiva da Central que permite enviar mensagens diretas a parlamentares pelas redes sociais, WhatsApp ou e-mail. A iniciativa tem a função de transformar o apoio popular em força política, garantindo que deputados e deputadas, senadores e senadoras, votem a favor do projeto.
Portanto, é hora de a classe trabalhadora ocupar todos os espaços de luta sejam digitais ou presenciais. Com a ferramenta Na Pressão é possível cobrar diretamente de quem tem o poder para decidir o futuro do imposto de renda no Brasil. A justiça tributária depende de engajamento popular.
O passo a passo é simples:
- Escolher o parlamentar na lista.
- Selecionar o canal (WhatsApp, Facebook, Instagram, X ou e-mail).
- Abrir a janela e enviar a mensagem.
É possível repetir o processo com quantos parlamentares desejar.
Com poucos cliques, portanto, é possível escolher o parlamentar, selecionar o canal preferido (WhatsApp, X, Facebook, Instagram ou e-mail) e enviar a mensagem. A ação pode ser repetida com quantos parlamentares forem necessários, multiplicando a força da pressão.
Destaques da análise do PIB – (Dieese)
Na análise sobre o PIB o Dieese também apontou que:
– Setorialmente a indústria extrativa (petróleo e minérios principalmente) tiveram bom desempenho, em comparação com a indústria de transformação, que teve resultado negativo, assim como a Construção Civil. Serviços industriais (SIUP) também tiveram desaceleração menor porque a produção demandou menos energia;
– Comércio foi estável e os serviços tiveram (ou mantiveram) período de alta;
– O consumo das famílias, por sua vez, ainda registrou resultado positivo, devido ao mercado de trabalho e incentivos do governo, apesar da desaceleração (cresceu com taxas menores). Os investimentos também tiveram maior queda no ano, assim como as importações, enquanto houve algum aumento nas exportações.
[ Foto: Joédson Alves / Agência Brasil]