Assembleias contam com esquete teatral sobre a luta contra exposição ao benzeno

Petroleiros e petroleiras que particiam de assembleias da Campanha Reivindicatória, hoje, na base de Cabiúnas e na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, foram surpreendidos com uma intervenção cultural para conscientizar sobre os perigos da exposição ao benzeno, que atinge especialmente áreas de produção e processamento de petróleo e postos de combustíveis.

A ação foi feita por meio de uma esquete teatral encenada pela atriz Adriana Medeiros e pelo ator Rodri Mendes, que mostra o impacto da exposição ao benzeno na vida de um trabalhador e a luta da sua mãe para ser ouvida sobre o caso, por meio de uma linguagem ultrarrealista.

“Foi um trabalho bem legal de fazer. É importante que nós artistas também nos coloquemos neste lugar de tentar ajudar as pessoas a buscarem um pouco mais de dignidade, principalmente nesse lugar de trabalho que lucra tanto, mas não parece se importar tanto com as pessoas que produzem o lucro para eles”, afirma Rodri.

“É uma experiência muito bacana poder falar nesse assunto, porque ele não está presente só nas plataformas, nem só nas refinarias. A gente, quando está colocando a nossa gasolina, no posto de gasolina, o benzeno está lá. Quando acendemos o nosso cigarrinho, ele também está lá. Está sendo muito bom fazer esse trabalho porque você vê nos rostos das pessoas, como a gente faz essa coisa da cena aberta e usando essa intervenção com a plateia, ela acaba participando e aí tem cenas que ficam memoráveis, questionamentos que a gente faz que as respostas são maravilhosas”, adiciona Adriana.

Em Cabiúnas, a assembleia no ínicio da manhã contou com as participações dos trabalhadores do Sistema Petrobrás da área administrativa e de petroleiros do Setor Privado, com grande participação dos empregados da empresa RCS.

Na sede do Sindipetro-NF, a partir das 10h, a assembleia foi destinada aos aposentados e aposentadas, assim como a petroleiros e petroleiras da ativa que estão de folga ou não haviam conseguido participar das assembleias em suas bases.

Entre as reivindicações das entidades petroleiras e demais categorias que sofrem com a exposição ao agente químico, que é cancerígeno, estão o restabelecimento imediato das comissões estaduais; a manutenção do Valor de Referência Tecnológico (VRT) como parâmetro de monitoramento ambiental; o cumprimento do Acordo Nacional do Benzeno (ANBz); e a implementação de tecnologias que reduzam ou eliminem a exposição.

Aposentadoria especial

No último dia 20 de outubro, dirigentes sindicais percorreram gabinetes de deputados federais e senadores na campanha pela inclusão dos petroleiros e petroquímicos, expostos ao benzeno em seus locais de trabalho, no Projeto de Lei Complementar (PLP) 42/2023 — que visa regulamentar a Aposentadoria Especial no Brasil.

O PLP 42/2023, que busca estabelecer critérios diferenciados para a concessão do benefício após a Reforma da Previdência de 2019 (EC 103), é visto pelos petroleiros como a oportunidade derradeira para garantir o reconhecimento do risco inerente à sua profissão. A pressão é para que o texto final incorpore, de forma clara e inquestionável, as condições de trabalho encontradas em refinarias, plataformas e terminais.

Nos gabinetes, os trabalhadores municiaram deputados e senadores com fatos científicos e jurídicos. A documentação entregue incluiu pareceres técnicos da Fundacentro e da Fiocruz que atestam a nocividade e o poder cancerígeno de agentes químicos, com destaque para o Benzeno.

A luta contra a exposição ao benzeno volta a Brasília no dia 10 de novembro, a partir das 9h, quando haverá Audiência Pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), do Senado Federal, convocada pelo Senador Paulo Paim (PT-RS), sobre “os riscos da exposição de trabalhadores ao benzeno”.

[Vídeo e fotos: Luciana Fonseca / Imprensa do NF]