Camila Pimentel / Para Imprensa do NF – Durante audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal), que debateu a exposição dos trabalhadores ao benzeno, o diretor da CNQ (Confederação Nacional do Ramo Químico) e representante da base do Sindipetro-NF, Antônio Carlos Bahia, fez um forte apelo por mais segurança, manutenção das unidades e respeito à vida dos trabalhadores expostos ao benzeno, substância reconhecida como cancerígena e altamente perigosa.
Bahia chamou atenção para a precarização das condições de trabalho e citou o recente incêndio em uma plataforma de petróleo, em que as saídas de emergência estavam comprometidas pela corrosão do piso.
“Poderia ter acontecido uma catástrofe. Precisamos resgatar o processo de manutenção das unidades e garantir que o Parlamento olhe para o trabalhador brasileiro com um olhar mais humano”, declarou.
Em tom crítico, o representante dos petroleiros ressaltou que a busca pelo lucro não pode se sobrepor à vida: “As empresas buscam lucro, mas não pode ser um lucro a qualquer custo.”
Bahia destacou ainda que sua fala representa não apenas os petroleiros, mas também todos os profissionais expostos ao benzeno e outros agentes químicos perigosos como químicos, petroquímicos, frentistas e trabalhadores de diversos setores industriais.
“Esses trabalhadores estão expostos a um agente químico cancerígeno, um verdadeiro assassino. O que pedimos é humanidade, critério e sensibilidade do poder público. O povo brasileiro precisa de mais apoio, não de decisões automáticas, frias, sem compaixão”, afirmou.
O médico Eduardo Pacheco Terra, que integrou a delegação do Sindipetro-NF, reforçou a necessidade de monitoramento contínuo da exposição ocupacional: “Por ser uma substância altamente tóxica, o benzeno exige prevenção constante no ambiente de trabalho. Quando não há monitoramento adequado e mensuração contínua da exposição dos trabalhadores da área petroquímica, perdemos o acesso à realidade do que cada um deles vivencia no dia a dia.”
Valor de referência
A presidente do Sindipetro-RS, Miriam Cabreira, destacou a importância do VRT (Valor de Referência Tecnológico) como instrumento de proteção à saúde.
“O VRT é um dos grandes avanços, e precisamos lutar cada vez mais para defender a saúde das pessoas. Os trabalhadores e as trabalhadoras são seres humanos, têm famílias, e é por eles que devemos continuar avançando — nunca retrocedendo — nessa luta.”
Apoio parlamentar
“O deputado federal Bonn Ghas também manifestou apoio à pauta, defendendo uma integração entre as áreas de saúde, trabalho e ciência: “Coloco-me inteiramente à disposição para contribuir nesse esforço conjunto. Vejo as áreas da saúde e do trabalho como pilares que precisam caminhar juntas, com apoio das comissões estaduais e nacionais e com base em dados científicos sólidos. As pesquisas apresentadas aqui já demonstram a gravidade da exposição ao benzeno e de outros riscos ocupacionais — por isso, precisamos de ações permanentes e estruturadas.”
O senador Paulo Paim, autor do requerimento de realização da audiência pública, que presidiu a audiência, destacou as doenças provocadas pela exposição ao benzeno e a importância de manter o tema em debate no Parlamento.
A audiência reuniu representantes de entidades sindicais, órgãos públicos e especialistas em saúde do trabalhador, que reforçaram a necessidade de fortalecer as políticas de proteção, prevenção e fiscalização sobre a exposição ao benzeno, especialmente nos setores industriais e de energia.
[Fotos: Camila Pimentel]





