Do Sindipetro LP
A greve unificada da categoria seguiu firme durante o fim da noite de ontem, dia 22, quando o último turno da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), das 23 horas, aderiu ao movimento integralmente. Em São Sebastião a greve também começou no Terminal Almirante Barroso (TEBAR) com a adesão de 100% do turno da zero hora.
No terminal Alemôa e Pilões a paralisação se completa na manhã de hoje, dia 23. Na RPBC 120 trabalhadores permanecem no local de trabalho, desde às 7 horas de ontem. E foi com esse grupo que a empresa tentou implementar a tática traiçoeira do plano de contingência. Observando o golpe, o Sindipetro-LP impediu a rendição, às 15 horas, e inaugurou a greve unificada no país.
“A empresa forçou o início da greve e agora precisamos mostrar toda nossa unidade para enfrentar o arbítrio”, enfatizou o coordenador geral do sindicato Wilson Roberto Gomes aos petroleiros e petroleiras do Grupo 2, em paralisação realizada na porta da RPBC.
Hoje o Departamento Jurídico do Sindipetro-LP começa a estudar o caso, pois a Petrobrás tentou ferir um direito inalienável de manifestação dos trabalhadores.
Adesão e apoio máximo
A porta da RPBC teve os corações e mentes de mais de 150 petroleiros e petroleiras, apoiadores e integrantes de diversos movimentos sociais, na noite ontem. Durante reunião com o Grupo 2, os sindicalistas explicaram as razões da greve, dentre elas o absurdo da centena de mortes na Petrobrás, na maioria de terceirizados, e a importância de brigar por melhores valores da PLR.
“Não podemos ficar submetidos aos acionistas, ao que eles acham que devemos receber. A empresa desrespeita a categoria (…) essa é a hora! A unidade foi construída e os 17 sindipetros já estão parando!”, enfatizou Ademir Parrela.
Para um operador que aderiu ao movimento, chegou ao limite os desvarios da empresa no trato com os trabalhadores: “Já faz tempo que o balde está para transbordar. Não dá mais para aceitar retirada de direitos, PLR rebaixada. O sentimento da categoria, no que eu vejo todos os dias, é de grande indignação porque tem muita coisa errada acontecendo”.
Os dirigentes sindicais não deixaram de lembrar que a empresa forçou o início antecipado da greve, quando se negou em negociar com os sindicato a troca individual de turno. Infelizmente faz algum tempo que as práticas gerenciais são desqualificadas e torpes, empurrando a categoria para ações mais contundentes.
Táxi do desespero
A empresa, que não dorme no ponto, vem tentando arrumar mil e uma maneiras de driblar a greve. Depois das ligações para as casas dos trabalhadores, um ato ofensivo a liberdade individual de cada um e que não deve cessar a garra da categoria, a RPBC começou a mandar táxis para buscar petroleiros e petroleiras que eventualmente cedam ao assédio imoral de supervisores e gerentes.
Sem dúvida é puro desespero da empresa. Basta lembrar que na greve de 7 dias na Refinaria de Paulínia (Replan) usaram até helicópteros. E olha que teve pelego interessado em ir trabalhar voando.
“Os companheiros podem ficar tranquilos porque nada vai acontecer com quem aderir ao movimento. A Petrobrás deve respeitar o direito de cada um em participar da greve e o sindicato está aqui para garantir isso, inclusive depois do movimento”, lembrou Parrela.
Quadro nacional
Pela manhã o dia deve nascer com a categoria mobilizada para a greve em todo país. Além da RPBC, a rendição foi suspensa, no fim da noite de ontem e início da madrugada de hoje, na Revap (São José dos Campos) e Rlam (Bahia). Das 44 Plataformas que operam na Bacia de Campos, centralizando 80% do petróleo extraído no país, 30 já estão confirmadas na greve – sem contar que na PRA-1 e P-53 as respectivas salas de controle já são controladas pelos trabalhadores.
No Litoral Paulista, o TEBAR seguirá tendo grupos e administrativo paralisados, bem como na Alemôa e Pilões. Param também os prédios Edisa I e II, em Santos. Que o dia nasça feliz para o outono rebelde dos trabalhadores.