O episódio dos fura-greves que mantiveram, a mando das gerências, plataformas em funcionamento na Bacia de Campos, em julho passado, foi um dos mais duros ataques da empresa às suas próprias normas de segurança e à liberdade de mobilização.
Somado ao modo como a companhia está tratando o tema da segurança em casos como o da PRA-1 e dos vôos para embarque na região, este é um forte motivo para que os petroleiros dêem, nas assembléias que terminam hoje, um contundente recado de que não estão satisfeitos com a insegurança crônica em que vivem. O retorno das atas acontece até às 12h desta segunda, 17.
Se a empresa considera ferimentos e mortes como parte do negócio, os trabalhadores não podem pensar do mesmo modo. Toda atividade econômica precisa ser exercida com segurança, respeito saúde dos trabalhadores e preocupação ambiental. Do contrário, ela nega a sua própria contribuição que pode dar à coletividade e perde a razão de existir — a não ser quando a única razão passa a ser o lucro financeiro, o que não se admite para o caso da Petrobrás.
Por isso, o Sindipetro-NF chama todas as unidades que ainda não realizaram assembléias à reflexão sobre a importância desta mobilização. Os indicativos da entidade, de boicote à Sipat e de realização de relatórios minuciosos sobre as pendências de segurança e habitabilidade em cada unidade, são, ao mesmo tempo, um aviso político de insatisfação da categoria e de registro técnico sobre os riscos a que está exposta, podendo servir de documento para cobranças futuras e responsa-bilizações das gerências em casos de acidentes.
O petroleiro não pode se mostrar indiferente a um assunto que diz respeito à sua própria vida e a dos seus companheiros de trabalho. No mínimo, precisa aprender com os bombeiros, que são considerados heróis pela sociedade, mas reconhecem seus limites humanos e não descuidam da segurança na sua atividade de alto risco.