Fiscais da Delegacia Regional do Trabalho, acompanhados pelo diretor do Sindipetro-NF Armando Freitas, estiveram na tarde desta sexta, 29, na oficina de manutenção dos helicópteros da empresa BHS, no aeroporto de Macaé, e encontraram várias “não conformidades” que ferem normas de segurança.
Também na sexta, depoimento do co-piloto da aeronave que caiu na terça, 26, derrubou a tese da Petrobrás de que teria ocorrido um pouso forçado. O trabalhador confirmou relatos, que o NF já vinha recebendo, de que na verdade houve uma queda.
A empresa BHS é a campeã em acidentes aéreos na Bacia de Campos. O nome da empresa está presente na maioria das denúncias que o sindicato recebe dos trabalhadores, além de trazer a trágica marca de 15 mortos e um desaparecido nos últimos cinco anos. Os maiores acidentes com helicópteros na região, desde 2003, foram em vôos na BHS.
Irregularidades
No auto de infração, os fiscais registaram: “1 – Ausência de organização completa dos documentos integrantes do prontuário de instalações elétricas garantindo desta forma a perfeita funcionalidade das instalações e a segurança nas intervenções em instalações elétricas; 2 – Ausência de inspeção de segurança de vasos de pressão; 3 – Instalação de vaso de pressão em ambiente confinado sem duas saídas amplas e em direções distintas; e 4 – Ausência de observância dos níveis de iluminamento NBR 5413”. Até que todos estes ítens sejam reparados, a oficina da empresa não poderá funcionar.
Na manhã da sexta, 29, trabalhadores da P-08 exerceram o Direito de Recusa e se negaram a embarcar numa aeronave da empresa. O vôo partiria às 9h30 e os dez trabalhadores preferiram ficar em solo. O Sindipetro-NF esteve junto aos companheiros durante o protesto.
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, a ação da DRT, o depoimento do co-piloto e de vários petroleiros, confirmam a necessidade de uma ação rigorosa da Petrobrás em relação a BHS.
Direito de Recusa
O Sindicato orienta os trabalhadores, tanto da Petrobrás quanto das demais empresas do setor, a terem o mesmo comportamento dos companheiros da P-08 na manhã desta sexta, 29, que se recusaram a voar pela BHS.
Sindipetro-NF recebe relatos sobre problemas nos vôos
O Sindipetro-NF recebe com freqüência relatos de trabalhadores sobre problemas e “sustos” nos vôos. Muitas vezes estes casos não chegam a ser registrados no aeroporto, para não comprometer as metas de segurança. É a já conhecida subnotificação.
O Nascente 422, de 01 de setembro de 2005, por exemplo, publicou matéria sobre episódio com a aeronave prefixo PP-MVM, da BHS, com 26 passageiros, que em 23 de agosto deste ano sofreu uma pane, quando estava próximo do pouso na P-40, e teve que voltar para terra.
“O pouso no heliporto do Farol, no entanto, não era possível, já que esta unidade não permite pousos e decolagens corrigos, na horizontal — apenas na vertical. A solução foi seguir para o aeroporto de Campos, onde foi acionado um aparato de resgate que, felizmente, não precisou der utilizado”, registrou o boletim.
Por e-mail, vários são os casos contados pelos trabalhadores, envolvendo a BHS e outras empresas. No dia 11 de julho de 2007, por exemplo, o problema foi com a Aeróleo, que depois de um embarque em circunstâncias suspeitas, que deixaram apreensivos os trabalhadores, foi encontrado vazamento de óleo sobre a poltrona de um dos passageiros. Os petroleiros também notaram trepidação e balanço anormais, além de terem estranhado o tempo de vôo, reduzido de 30 para 23 minutos. Ao chegar na P-27, os passageiros tiveram dificuldade de abrir a porta.
Em um e-mail de 2006, um trabalhador relata ao NF: “06/04 – A aeronave que serviria ao vôo de 10:50 Macaé-P-09 chegou em Macaé em pane., 12/04 – O Vôo das 9:00h de Macaé – P-09 num.: 93171, da Líder, retornou a Macae com pane elétrica. 13/04 – O Vôo das 07:15 Macaé-PCH2, num.: 94992, apresentou pane eletrica, sendo que ocorreu 3 vezes e os pilotos desistiam e tentavam realizar a viagem a cada uma pane. Quando chegou em Macaé um senhor reuniu as pessoas dizendo que a ocorrência era normal e querendo anotar o nome de quem por ventura não quizesse viajar mais. 14/04 – O Vôo Macaé-P-26, num.: 94997, da Omni, voltou com 1 turbina, a outra parou.
“vôo longo e tenso”
Também em 2006, o relato de um outro trabalhador: “Pedimos insistentemente para que abram campanha para verificação, cobrança e fiscalização nas empresas de transporte aéreo que prestam serviços à Petrobrás. Há pouco tempo passamos por experiência semelhante, quando em vôo, e somos obrigados, depois de 30 minutos, a retornar para Farol de São Tomé. O vôo foi baixo longo e tenso. Quando chegamos ao destino percebemos a grande pressão que alguns representantes da empresa transportadora faziam para que voltássemos a voar e, pasmem, na mesma aeronave que havia apresentado limalha de ferro no óleo lubrificante.”
E nesta sexta, 29, houve pane na aeronave PT-CHE, da BHS, no vôo 98968, das 7h50, com destino à SS-56.