Norian Segatto e Agência CUT
No mesmo momento em que ocorre o 9º leilão de venda de áreas de exploração do Petróleo, em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, cerca de 300 manifestantes ocupam a sede da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na Av. Rio Branco, centro do Rio de Janeiro.
Militantes da CUT Nacional, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da FUP (Federação Única dos Petroleiros), do Sindipetro-SP, CUT-RJ e de outros sindicatos de petroleiros e entidades do movimento social ocupam desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira, 27, a sede da Agência.
A Polícia Militar está postada do lado de fora, e já ameaçou agredir os manifestantes, que mesmo sob ameaça, resistem e permanecem na ocupação entoando palavras de ordem como “Leilão é privatização – o petróleo é nosso e não abrimos mão”, informou por telefone o petroleiro e membro da executiva nacional da CUT, Antonio Carlos Spis. “Ocupamos as salas e queremos uma audiência com o Haroldo Lima, diretor geral da ANP, para exigir a suspensão do leilão. Não há previsão para desocupação, mas estamos preocupados com a repressão policial e também dos seguranças armados do prédio”, comentou Spis.
Diretor Geral da ANP se reunirá com entidades ainda hoje
A ocupação continua de forma pacífica e fortalecida desde o início da tarde, quando foram realizadas duas reuniões: a primeira foi com o chefe de gabinete do diretor geral da ANP, que apenas ouviu as reivindicações. A segunda foi feita via celular, com o próprio Haroldo Lima (diretor geral) falando ao telefone com o representante da CUT Nacional, Antônio Carlos Spis, que compartilhou a conversa com os demais companheiros utilizando o sistema viva-voz. Na reunião por telefone, Lima, que no momento participa da 9ª rodada de licitação de reservas, comprometeu-se em realizar uma audiência com os representantes das entidades ainda hoje, terça, 27, às 21h00, na sede da ANP.
Leilão é privatização
Com esse mote, entidades nacionais que compõem a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) se lançaram contra o 9º leilão das áreas de exploração. Os leilões começaram a ocorrer em 1998, após a quebra do monopólio estatal do petróleo ocorrida em 1997, sob o governo FHC. De lá para cá, anualmente, o governo promove vendas de áreas para exploração de empresas multinacionais. A Petrobrás também concorre. Em 2006, uma ação judicial suspendeu o 8º leilão; este ano, o governo retirou da oferta 41 lotes localizados no campo Tupi, megareserva recém-anunciada pelo governo. Outros 270 lotes estão sendo leiloados pelo governo entre esta terça e quarta (28).
No dia 22 as entidades já haviam feito uma manifestação, que contou com cerca de 1.000 participantes. Na ocasião, uma passeata saiu da Candelária até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
“Para nós esse leilão é um crime de lesa-pátria. Não é possível que o presidente Lula, perante as perspectivas proporcionadas pela nova reserva de petróleo na Bacia de Santos, permita a entrega do que é patrimônio do povo brasileiro ao capital privado”, ressalta Spis.
Agência CUT – 27/11/2007 – 11h55