XIII CONFUP aprova greve de cinco dias em julho, com parada de produção
O indicativo da FUP de greve nacional de cinco dias com parada de produção, para arrancar da Petrobrás uma proposta de PCAC que de fato atenda às reivindicações da categoria petroleira, foi referendado e fortalecido no XIII Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros, realizado entre os dias 15 e 17, em Recife (veja matéria no verso). Durante o Seminário Nacional de Greve, que reuniu delegações de todas as bases do país, os petroleiros definiram que a greve deverá ser realizada no mês de julho, a qualquer momento a partir do dia 05/07, de acordo com a data a ser apontada pela FUP. Os delegados também aprovaram entrar imediatamente em estado de greve.
As assembléias, iniciadas segunda-feira, 18, deverão referendar até o dia 27 de junho o indicativo de greve. A direção da FUP também agendará com os Sindicatos um seminário nacional de qualificação de greve, com foco nas unidades de refino.
A partir de agora, os trabalhadores de todas as bases devem concentrar esforços na construção de uma greve forte e unitária em todo o país. Assim como fizemos em outubro de 2001 e na histórica greve de maio de 1995, vamos intensificar a luta e mostrar para a direção da Petrobrás a força e o poder da nossa categoria. Precisamos estar todos juntos nesse momento decisivo, onde a nossa unidade e organização serão fundamentais para o sucesso e a vitória do movimento. Não podemos vacilar! A greve é o nosso principal instrumento de luta e pressão para arrancar da Petrobrás uma proposta que garanta um plano de cargos e carreiras justo, que contemple toda a categoria e não somente alguns setores da empresa. Mais do que nunca, precisamos ter bem claro quem são os nossos aliados e adversários nesse ambate.
Uma disputa acima de tudo ideológica
Temos alertado constantemente os trabalhadores sobre a disputa ideológica que tem balizado a discussão do plano de cargos. O PCAC foi construído, implementado e alterado pelas antigas gestões da Petrobrás de cima para baixo, sem qualquer discussão com os trabalhadores, e com base em critérios totalmente subjetivos. O plano passou a ser o principal instrumento de pressão, coação e punição das gerências, principalmente após a greve de 95. O governo FHC acabou com o avanço de nível automático, congelando as carreiras de milhares de petroleiros, que até hoje sofrem os reflexos desta punição. Ainda temos na Petrobrás cerca de seis mil trabalhadores que foram impedidos de ascender profissionalmente, no mesmo ritmo dos demais petroleiros da empresa.
Através do PCAC, os gestores do governo FHC tentaram acabar com a solidariedade e o espírito de equipe da nossa categoria, implementando uma política de remuneração variável, focada no individualismo e na competitividade. O plano de cargos, em vez de garantir a ascensão na carreira para todos os trabalhadores, passou a ser utilizado pelas gerências como instrumento de controle da categoria. Esses setores conservadores da Petrobrás tentam de tudo para se manter fortes na empresa e não admitem perder espaço na disputa pelo novo PCAC.
O plano de cargos que queremos
Em todos os fóruns de negociação do PCAC, a FUP e os Sindicatos filiados discutiram exaustivamente com a Petrobrás os pleitos da categoria. A empresa, no entanto, não avançou como deveria. Deixou sem resposta várias reivindicações dos trabalhadores e retrocedeu em alguns pontos que haviam sido discutidos coletivamente no grupo de trabalho, como a estruturação das carreiras.
Nossa luta, portanto, continua. Queremos um plano de cargos que garanta mobilidade para todos os trabalhadores, alternando merecimento com antiguidade, e que repare as injustiças criadas no passado recente, onde milhares de petroleiros foram impedidos de receber avanços de nível. Essas discriminações e injustiças têm que ser corrigidas e impedidas de se perpetuarem.
O PCAC também deve contribuir para a primeirização das atividades que hoje estão terceirizadas, ser abrangente a todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás e ter descritivo de cargos que impeçam a multifuncionalidade. Além disso, não abrimos mão da retroatividade do plano a maio de 2006, conforme compromisso assumido pela Petrobrás.
Esses são princípios do novo plano de cargos que precisamos garantir, construindo uma greve unitária e forte em todo o país. Vamos à luta, pois um novo PCAC é possível! Só depende de nós.
XIII Confup
Debates reforçam o papel fundamental da FUP na consolidação da unidade nacional
O XIII Congresso Nacional da Federação Única dos Petroleiros reuniu em Recife, capital pernambucana, delegações de petroleiros de todo o país, durante os debates ocorridos entre os dias 15 e 17 de junho. Sob o tema Energia para o desenvolvimento e igualdade social, os petroleiros discutiram temas como conjuntura política, organização sindical, matriz energética, democratização dos meios de comunicação, relação do judiciário com o mundo do trabalho, previdência pública e Petros, terceirização, saúde, segurança e meio ambiente, entre outras questões. Os delegados também aprovaram a pauta de reivindicações dos trabalhadores do Sistema Petrobrás e dos petroleiros dos setor privado.
As intervenções das lideranças e dirigentes sindicais, assim como dos trabalhadores de base presentes no Congresso, reforçaram o papel fundamental da FUP como entidade representante e organizadora da categoria petroleira. Os delegados e delegadas ressaltaram a importância do fortalecimento dessa unidade nacional para consolidação das lutas e avanços reivindicados pelos trabalhadores.
A cerimônia de abertura do XIII Confup reuniu 257 pessoas, entre petroleiros, assessores e convidados. A mesa foi composta pelo presidente da CUT de Pernambuco, Sérgio Goiana; pelo secretário de Orçamento Participativo, Obras e Meio Ambiente de Recife, João da Costa, representando o prefeito João Paulo (PT), pelo deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), pelo diretor da CNQ, Cairo Garcia Correa, pela delegada da DRT em Pernambuco, Fábia Esteves, pela diretora da CUT e representante do PCdoB, Valéria Silva, além do presidente do Sindipetro PE/PB, Luiz Lorenzon, e do coordenador da FUP, Hélio Seidel.
O anfitrião do Confup, Luiz Lorenzon, relembrou os principais momentos de embate e luta não só da categoria petroleira, como de toda a sociedade brasileira em defesa da Petrobrás. O petroleiro também destacou a importância dos investimentos que estão sendo feitos em Pernambuco (construção da refinaria, do gasoduto e de um estaleiro) na consolidação da integração energética na América Latina.
O coordenador da FUP, Hélio Seidel, resgatou as diversas conquistas da categoria petroleira ao longo dos últimos anos, destacando que ainda há muito o que avançar, como, por exemplo, garantir a anistia dos trabalhadores da Petroflex e Nitriflex que lutam por isso há mais de 15 anos. Hélio também ressaltou a necessidade dos delegados priorizarem nos debates do Congresso a luta dos petroleiros do setor privado e a maior integração da categoria com os movimentos sociais e demais trabalhadores. “Temos lutas muito mais amplas e tão urgentes quanto as nossas questões corporativas”, afirmou o coordenador da FUP, destacando o exemplo do programa Mova Brasil que, com a parceria da Federação e dos Sindicatos de Petroleiros, já alfabetizou mais de 70 mil jovens e adultos.
Presidente da OAB e procurador do MPT participam de Seminário Jurídico
No Seminário Jurídico realizado dia 15, pela primeira vez um presidente da OAB esteve presente a um congresso da categoria. César Brito, ex-assessor do movimento sindical petroleiro, assumiu esse ano a Presidência da OAB e abriu os debates do Seminário Jurídico, alertando os trabalhadores sobre a violação de direitos fundamentais que está ocorrendo no país.
O procurador do Ministério Público do Trabalho, Rodrigo Carelli, também participou do Seminário e declarou que irá jogar pesado contra a terceirização na Petrobrás. Carelli acompanha a Ação Civil Pública que investiga as terceirizações na Petrobrás e informou que a empresa tem se negado a manter em aberto o canal de negociação com o MPT. “Vamos ter que endurecer a relação com a Petrobrás”.
Seminário de Comunicação discute a importância da mídia alternativa e sindical
Antecedendo os debates do Confup, o Seminário de Comunicação reuniu jornalistas e dirigentes sindicais no dia 14 de junho em Recife. Tendo como tema o fortalecimento de uma política conjunta de comunicação da FUP com os Sindicatos, o Seminário contou com a participação da jornalista, professora e pesquisadora da USP, Roseli Fígaro, e do fundador e presidente da Agência Carta Maior, Joaquim Palhares.
Os dois convidados destacaram a importância da imprensa sindical e dos meios de comunicação alternativa nas lutas da classe trabalhadora e na disputa diária por justiça social. Além da urgência da democratização da informação.