“A camisa da Petrobrás deve orgulhar não apenas os petroleiros, mas também os brasileiros por tudo que representa para o Brasil”

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[PRIMEIRA MÃO 1155] O ato que a FUP organizou no último dia 15, no Rio de Janeiro, demonstrou a importância, a força e o reconhecimento da nossa categoria nas lutas em defesa da soberania nacional. Junto com as centrais sindicais e os movimentos sociais, reunimos cerca de dez mil pessoas na Cinelândia e na Avenida Chile, em uma aguerrida manifestação de apoio ao atual projeto popular de desenvolvimento, que tem como principais pilares a Petrobrás e o pré-sal.
O chamado para o ato partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez questão de demonstrar publicamente sua solidariedade de classe com os petroleiros neste momento de intensos ataques à Petrobrás. “Resolvi que eu tinha que vir na porta da Petrobrás discutir estes assuntos com vocês”, revelou o ex-presidente, de cima de um pequeno palanque montado de frente para a empresa, de modo que ele pudesse falar diretamente para os petroleiros, que acompanhavam o seu discurso de dentro e de fora do Edise.
Quando somou-se ao ato na Cinelândia, de onde seguiu em caminhada, arrastando a multidão até a Avenida Chile, Lula fez questão de colocar o uniforme da Petrobrás para demonstrar que “nenhum petroleiro pode estar com a auto-estima baixa”, em função das denúncias de corrupção envolvendo o ex-diretor de Abastecimento da empresa. “Eu quero dizer aos petroleiros que não tenham vergonha desta camisa, porque esta camisa deve orgulhar não apenas vocês, mas orgulhar o povo brasileiro pelo que a Petrobrás significa para o Brasil”, ressaltou.
Ele afirmou que os trabalhadores da Petrobrás “não podem ser confundidos com alguém que por ventura possa ter cometido um erro”. “Se alguém roubou, este alguém tem mais é que ser investigado, ser julgado e, se for culpado, tem que ir pra cadeia e o povo da Petrobrás tem que ter orgulho da sua camisa”, afirmou.
Lula, assim como as lideranças sindicais e dos movimentos sociais e estudantis que se pronunciaram durante o ato, ressaltou os interesses eleitorais que estão por trás das tentativas de desmoralização da Petrobrás. “Em apenas oito anos, nós já tiramos mais petróleo do pré-sal do que nos primeiros 31 anos da Petrobrás e eu fico pensando quem é que não quer que vá adiante este projeto estratégico?”, questionou o ex-presidente, em tom de provocação, para logo em seguida afirmar. “Se alguém um dia pensar em acabar com aquilo que a Petrobrás pode significar para este país, não vai ser já. O petróleo é nosso, o pré-sal é nosso e ele vai garantir que nossa juventude tenha o que nós não conseguimos ter”.

Editorial
A disputa da Petrobrás começa no Edise

O edifício sede da Petrobrás (Edise) é o centro do poder da empresa, cuja disputa não se dá somente do lado de fora dos portões que separam os trabalhadores dos gestores. Nas salas e corredores do prédio que é símbolo do nacionalismo, circula uma gama heterogênea de funcionários que defendem o mesmo projeto de privatização do Aécio e da Marina. São gerentes, consultores, engenheiros, economistas, administradores, técnicos, auxiliares, funcionários de primeiro e segundo escalões, de nível superior e de nível médio, a grande maioria admitida nos concursos realizados a partir de 2003, por decisão política do ex-presidente Lula.
Por isso foi histórico e extremamente significativo um operário, cujo governo retirou a Petrobrás do caminho da privatização, ter discursado em frente ao Edise, para os trabalhadores que certamente não estariam ali, se os neoliberais tivessem dado um outro rumo à empresa. Nos anos 90, os efetivos próprios da Petrobrás foram reduzidos de 60 mil para 32 mil trabalhadores. O último grande concurso nacional realizado havia sido em 1986. Nos últimos 12 anos, os governos Lula e Dilma autorizaram a contratação por concurso público de 36.858 trabalhadores. Um quadro ainda aquém do que cobram a FUP e seus sindicatos, mas muito além dos 6.977 trabalhadores admitidos entre 1990 e 2002.
Apesar da diferença clara entre os dois projetos de país e de Petrobrás que estão em disputa, é lamentável saber que muitos dos crachás verdes do Edise e do vizinho Edifício Senado preferem continuar à margem deste processo, enquanto outros sequer se reconhecem como trabalhadores. Dos quase 14 mil funcionários lotados nestas bases, não tivemos sequer 1% deles no ato em defesa da Petrobrás. Foi preciso que metalúrgicos, bancários, trabalhadores rurais e petroleiros das bases operacionais que vieram em caravanas de outros estados, do Norte Fluminense e de Duque de Caxias ocupassem o Edise no abraço simbólico em defesa de um patrimônio que pertence a todos os brasileiros.
Mais lamentável ainda foi sabermos que companheiros que participaram do ato ainda foram chamados de “mulambada” por alguns funcionários do edifício sede. Isso tudo é resultado de uma base sindical fragmentada, despolitizada e avessa às lutas classistas. Não é à toa que o vice-presidente da AEPET, que tem no Edise e no Edifício Senado seus nichos de representação, é um dos principais articuladores da campanha de Marina Silva no Rio de Janeiro.

“Essa Marina tem bico de tucano”

‘Alô meu povo, eu não me engano, essa Marina tem bico de tucano”. O refrão que tomou conta da Cinelândia no último dia 15, durante o ato em defesa do pré-sal, da Petrobrás e do Brasil, expõe com precisão o que se tornou a candidatura de Marina Silva: a segunda via do PSDB. Se em seu programa de governo, Marina trata o petróleo como um mal necessário e dedica apenas uma linha ao pré-sal, nos debates e encontros com empresários, a candidata do PSB vem revelando uma proximidade cada vez maior com o projeto tucano de privatização da Petrobrás e do pré-sal.
Seu coordenador de campanha e principal articulador político é o ex-deputado do PSDB, Walter Feldman, que, após 25 anos entre os tucanos, migrou para o PSB. Em reunião recente com empresários paulistas, ele criticou o modelo de partilha do pré-sal e o papel da Petrobrás como operadora única. “A figura do operador único não é benéfica para a Petrobrás, nem para a indústria brasileira. Precisamos de multiplicidade de atores”, revelou. O ex-tucano também classificou a atual política de conteúdo nacional como “doutrinária”, fazendo coro com os empresários que participaram da Rio Oil&Gas e bateram duro nesta decisão acertada do governo brasileiro e que tem sido estratégica para a indústria nacional.
Marina Silva já deixou claro que irá fazer a “revisão em profundidade de todos os programas atuais que demandem incentivos e proteção, incluindo os casos em que é aplicada a política de conteúdo nacional”, como destaca na página 73 do seu programa de governo. Na TV, ela também declarou com todas as letras que irá refazer o planejamento estratégico da Petrobrás. E não é só isso: Marina anunciou que irá “atualizar” a CLT, defende explicitamente a terceirização de atividades-fim, a independência do Banco Central, os transgênicos e o agronegócio.
Cercada de tucanos e economistas neoliberais, ela se aproxima cada vez mais dos banqueiros, empresários e usineiros. Os petroleiros e todos os trabalhadores que sofreram na pele as políticas neoliberais dos tucanos sabem que Marina e Aécio têm o mesmo projeto político de governar para o mercado financeiro e para a classe empresarial. Só se engana quem quer.

“Havia gente que queria neste país que a Petrobrás desmilinguisse”

Sob o sol escaldante do meio dia, Lula falou ao petroleiros durante 22 minutos, com a mesma empolgação e descontração de quem conversa com companheiros de luta. Leia abaixo os principais trechos de seu pronunciamento, cuja íntegra pode ser acessada na página da FUP: http://www.fup.org.br/2012/galeria-videos?task=viewvideo&video_id=276

Privatização

“Havia gente que queria neste país que a Petrobras desmilinguisse. Vocês estão lembrados que no governo deles, eles venderam praticamente 62% das ações da Petrobrás em oito anos e, na verdade, o que eles queriam era entregar a Petrobrás. Graças a Deus, os trabalhadores, o movimento sindical, os movimentos sociais e os partidos de esquerda se mobilizaram e não deixaram. Eles não se conformam”.
“Em 2002, a direção da Petrobrás dizia que eu estava mentindo quando eu dizia que nós tínhamos tecnologia pra recuperar a indústria naval brasileira. A engenharia da Petrobrás mais o pessoal da indústria naval, eles provaram que o papel de um verdadeiro metalúrgico que trabalhava em estaleiro não era vender cerveja nas praias de Angra, mas sim trabalhar construindo navios para este país”.
“Eu não acreditava que fosse possível a gente tirar petróleo de sete mil metros de profundidade. Muita gente dizia: ô Lula, vocês estão discutindo este investimento estratégico do pré-sal, a Petrobrás não tem tecnologia ainda, vai ser muito difícil tirar esse petróleo”.
Quem joga contra a Petrobrás
“Quem é que não quer que a gente cumpra a meta de chegar a 4 mil barris de petróleo em 2020? Quem é que não quer que a gente construa as refinarias neste país, não apenas pra refinar o que nós precisamos, mas para exportar produtos com valor agregado e, não apenas óleo cru, como eles pensavam que nós iríamos exportar?”.
“E não é apenas o petróleo, é a indústria petroquímica que vai subir por conta disso, é a indústria naval que parecia ser impossível e é só visitar os estaleiros do Rio pra ver que tinha metalúrgico habituado a ficar lixando casco de navio podre e hoje ele está fazendo navio novo pra levar petróleo e o que mais tiver pra fora”.
“Quem é que não gosta do fato de nós termos aprovado a partilha do petróleo do pré-sal para transformar essa riqueza numa riqueza do povo brasileiro? Quem é que está incomodado da gente criar uma empresa pública e estatal pra tomar conta desse petróleo? Quem é que está contra a gente ter aprovado 75% da destinação dos royalties para a educação deste país e 25% para a saúde?”.
“Certamente não é nenhum trabalhador brasileiro, certamente não é nenhum petroleiro, certamente não é nenhum brasileiro que ama este país, porque o petróleo é o passaporte para o futuro deste país. É a coisa que mais pode dar garantia pra gente fazer no século 21 aquilo que a gente não conseguiu fazer no século 20”.

Politização dos petroleiros

“Eu falo na condição do presidente que mais visitou a Petrobrás em seu mandato. Eu falo na condição de um presidente que deve a muitos engenheiros da Petrobrás a reconquista da indústria naval neste país”.
“Eu queria pedir pra vocês não vir aqui na Petrobrás só reivindicar salário… reivindicar salário é uma das coisas que vocês têm que fazer … agora, eu como sindicalista, acho que falta é um pouco de política nas nossas discussões… Em 11 anos, os trabalhadores receberam aumento real de salário no Brasil inteiro, em quase todas as categorias”.
“Então, eu queria pedir (aos sindicatos) pra colocar um pouco de política na cabeça dos trabalhadores, porque a luta essencialmente economicista não leva a nada. A gente ganha aumento real de salário e ele desaparece no mês seguinte”.
“Companheiros engenheiros, companheiros faxineiros, companheiros terceirizados, nós temos que ter orgulho do que nós fizemos até agora e fazer mais daqui pra frente, porque o Brasil não vai regredir, o Brasil vai continuar avançando, pra desgraça dos nossos adversários. Um abraço, companheiros e vamos agora dar um abraço à Petrobrás”.

Um ato classista, em defesa do Brasil

A Cinelândia, palco histórico de manifestações no Rio de Janeiro, foi tomada no dia 15 de setembro por bandeiras e faixas em defesa do pré-sal, da Petrobrás, da democratização das comunicações, do governo popular que vem mudando a história do país desde 2003, quando o povo elegeu um operário presidente do Brasil. Estavam ali representados a FUP e seus sindicatos, as centrais sindicais (CUT, CTB, UGT), a Via Campesina (MAB, MST), o movimento estudantil (UNE, UBES, UEE), o Levante Popular, o movimento negro, o movimento de mulheres e diversas outras entidades de luta.
Bancários, professores, trabalhadores rurais, químicos e diversos estudantes e jovens, agitavam suas bandeiras, denunciando a campanha de Aécio e Marina de desmoralização da Petrobrás, com a intenção de preparar a privatização da empresa e do pré-sal.
Ao lado de petroleiros vindos em caravanas de vários estados e do interior do Rio de Janeiro, cerca de dois mil metalúrgicos vestiam com orgulho os macacões dos estaleiros de Niterói, cujas encomendas da Petrobrás recuperaram a indústria naval brasileira. Se em 2003, o setor empregava pouco mais de sete mil trabalhadores, hoje gera cerca de 80 mil empregos diretos e mais de 300 mil indiretos.
“Esse é um ato, acima de tudo, em defesa do Brasil. E nós petroleiros temos toda a legitimidade de estarmos aqui na rua defendendo a Petrobrás e o pré-sal porque lutamos muito para que este setor não fosse entregue às multinacionais”, destacou o coordenador da FUP, José Maria Rangel.
Quando a chegada de Lula foi anunciada, aplausos e gritos tomaram conta dos manifestantes, que saíram em um arrastão pela Rua Treze de Maio e tomaram a Avenida Chile em direção à Petrobrás. E os petroleiros, mais uma vez fizeram história, dando exemplo de luta, organização e compromisso com a soberania nacional.

Assembleias estão rejeitando proposta salarial da Petrobrás

Seguindo o indicativo da FUP, os trabalhadores estão rejeitando nas assembleias a proposta de reajuste apresentada pela Petrobrás no último dia 10. A empresa propôs ganho real entre 0,79% e 1%, bem abaixo dos 5,5% reivindicados pelos petroleiros e da média conquistada pelas categorias que já fecharam acordos. Entre as cerca de 400 negociações coletivas acompanhadas pelo Dieese no primeiro semestre, 45% registraram ganhos reais entre 1% e 2% acima e outros 20% garantiram de 2% a 3%. O Conselho Deliberativo da FUP deu prazo até o dia 23 para a Petrobrás apresentar uma nova proposta. Uma nova reunião do Conselho está agendada para o dia 24.

Representantes da FUP, Petrobrás e Petros discutem pagamento dos níveis dos aposentados

Após o ato de lançamento da campanha salarial, que reuniu mais de 300 aposentados e pensionistas em frente à sede da Petros, a FUP cobrou uma reunião urgente com a Fundação e a Petrobrás para buscar uma solução que garanta o cumprimento da Cláusula 181 do ACT. A reunião será nesta sexta-feira, 19.

Reforma Política: mais de 1,7 milhão votou pela internet. Resultado final sai dia 24

Os organizadores do plebiscito popular pela Constituinte Exclusiva para a Reforma Política divulgou o resultado da consulta pela internet: 1.744.872 pessoas participaram da votação online e destas 96,9% (1.691.006) votaram SIM e 3,1% (53.866) votaram NÃO. Os votos em cédulas recolhidas em mais de 40 mil urnas espalhadas pelo país estão sendo contados e o resultado final será divulgado no próximo dia 24. O plebiscito foi realizado na semana da pátria, entre 01 e 07 de setembro.