Nascente 863

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Nascente 863

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Editorial

Força contra o retrocesso

Editorial recente da Revista do Brasil deixou claro o modo como o capital financeiro no País investiu, nesta campanha, na candidatura Marina Silva, vislumbrando o fracasso de Aécio Neves e surfando na onda emotiva provocada pela morte trágica do ex-governador Eduardo Campos. O texto mostrou os pontos de contato entre os interesses capitalistas e a oportunidade de interromper o ciclo iniciado em 2003 pelo ex-presidente Lula.
“A adesão do mercado financeiro à candidatura de Marina Silva foi instantânea. E o programa do PSB, já com a candidata na cabeça de chapa após a morte de Eduardo Campos, torna nítida essa aliança em temas relacionados a mercado de trabalho, direitos dos trabalhadores e condução da economia. Diz o programa de Marina: “A terceirização de atividades leva a maior especialização produtiva, a maior divisão do trabalho e, consequentemente, a maior produtividade das empresas”. É essa a linguagem utilizada pelas empresas e bancos quando substituem seus quadros de funcionários por serviços terceirizados para economizar com salários e direitos e desorganizar categorias”, registrou a Revista do Brasil.
Este posicionamento de Marina pró-Capital, que fez até mesmo a candidata se afastar de temas que estão na origem da sua militância política, como os que envolvem as questões ambientais — aliado a outros atropelos, contradições e recuos — acabou por chamar a atenção para as reais forças que estão por trás da candidatura, e o que estava se tornando um fenômeno eleitoral começou a recuar nas pesquisas.
Os trabalhadores melhor informados, os setores organizados, os estudantes e militantes dos movimentos sociais, acordaram a tempo para identificar a ameaça embutida na candidatura Marina, e começaram a mobilização para evitar o retrocesso das conquistas sociais da história recente do País.
Agora, a poucos dias das eleições, a tarefa não está ainda completamente cumprida. Seja em razão de ainda ser possível ampliar a conscientização acerca desta realidade ainda no primeiro turno, ou seja em razão da necessidade de reunir ainda mais força para enfrentar um eventual segundo turno, quando esta polarização estará ainda mais evidente.
E os petroleiros, como sempre, seguirão bem informados e na luta.

Espaço aberto

A campanha dos bancários

Carlos Cordeiro**

Nunca foram tão claras as imbricações entre a Campanha Nacional dos Bancários, a atuação dos bancos e as eleições de outubro. Como se diz na gíria, tá tudo junto e misturado. E em todas essas interfaces aparece nítida a mesma disputa entre os patrões e os trabalhadores do sistema financeiro: mais emprego, melhores salários e distribuição de renda.
Na mesa de negociação da Fenaban, esse é o confronto direto. Se apesar dos avanços na última década o Brasil continua sendo um dos 12 países mais desiguais do planeta, a concentração de renda no sistema financeiro é ainda maior.
Enquanto no Brasil os 10% mais ricos, segundo estudo do Dieese com base no Censo de 2010, têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres, no Itaú cada membro do Conselho de Administração recebeu em média 318,5 vezes (R$ 15, 5 milhões) o que ganhou o caixa. No Santander, a relação foi de 158,2 vezes e no Bradesco 270 vezes.
Nessas condições, para ganhar a remuneração mensal de um desses executivos, o caixa do Itaú tem que trabalhar 26,5 anos, o caixa do Santander 13 anos e o do Bradesco 22,5 anos.
Para reduzir esse abismo, são fundamentais para os bancários, além do aumento real do salário, valorizar o piso salarial, criar novos postos de trabalho e acabar com a rotatividade, com as metas abusivas, com o assédio moral e com as terceirizações — mecanismos perversos que os bancos incorporaram na gestão para ampliar os lucros e reduzir salários, alimentando dessa forma o círculo vicioso da concentração da riqueza.
Queremos não apenas fazer uma campanha nacional dos bancários vitoriosa, com aumento real de salário, valorização dos pisos, mais empregos, combate ao assédio moral e às metas abusivas, mais segurança e igualdade de oportunidades. Queremos também ser vitoriosos elegendo candidatos que defendam os interesses dos trabalhadores e não os dos banqueiros.

* Versão editada em razão de espaço. Íntegra disponível em www.cut.org.br. ** Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT).

Eleições

PETROBRAS EM JOGO NAS URNAS DESTE DOMINGO

Empresa foi um dos principais alvos da direita neste primeiro turno da campanha eleitoral. Categoria petroleira conhece as ameaças

A votação do primeiro turno das eleições presidenciais, governos de estado e casas legislativas acontece neste domingo, após uma campanha que teve a Petrobrás como alvo. A categoria petroleira se posicionou neste embate, por meio de um ato público no último dia 15, no Rio, quando defendeu a empresa, o pré-sal e o futuro do país. A manifestação contou com a presença do ex-presidente Lula.
Uma série de editoriais no Nascente também tornou clara a posição dos trabalhadores do setor petróleo, que é a de não permitir o retrocesso, aquele vinculado ao pensamento neoliberal, na condução deste setor estratégico da economia nacional. Durante a campanha, ficou evidenciado que as principais candidaturas de oposição ao atual governo alimentavam este risco.
Como este cenário era previsível, os petroleiros, desde os seus congressos regionais neste ano, até o Congresso da Federação Única dos Petroleiros (Confup), em agosto, aprovaram o apoio da categoria à candidatura de Dilma Rousseff.
Para o Sindipetro-NF, os trabalhadores organizados têm o direito de romper os limites das reivindicações específicas, salariais ou de condições de trabalho, para buscar interferir politicamente nos destinos do País, como fazem outros setores organizados, inclusive empresariais. Por isso, o sindicato entende como legítimo o debate que tem mantido nestas eleições, em defesa da Petrobrás.
Para a entidade, é preciso afastar da empresa todos aqueles que eventualmente não tenham se comportado dentro da legalidade, assim como é necessário evitar que assuma a condução do País todos aqueles que trabalham contra a empresa e o setor petróleo.
O sindicato entende que isso em nada altera a independência e o senso crítico dos trabalhadores em relação ao governo. Como registrado no editorial do Nascente 857, “se confirmada a reeleição, o dia seguinte já será de cobrança, como ocorreu neste primeiro governo e nos dois governos Lula. A categoria não precisou abrir mão do direito de greve, do exercício da pressão interna na Petrobrás, ou de nenhuma das suas formas de luta durante estes anos. E não somente isso: agregou à luta responsabilidades institucionais, com o aumento do diálogo com o governo e com a empresa”.

Campanha Salarial

Assinado ACT com aditivo

Os trabalhadores da Petrobrás na Bacia de Campos, realizaram ontem as últimas assembleias para avaliar o indicativo de aprovação da proposta apresentada pela Petrobrás na semana passada, de aditivo de cláusulas econômicas ao Acordo Coletivo de Trabalho. Foram 1375 votos a favor, 383 contra e 26 abstenções. A proposta garante ganho real de até 3% na RMNR e a extensão para os aposentados e pensionistas dos níveis de 2004, 2005 e 2006 recebidos pela ativa, o que representará reajuste de até 12,49% para 34.460 assistidos do Plano Petros.
O coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda, assinou também na tarde de ontem o aditivo para os acordos da Petrobrás e da Transpetro, junto a diretores de outros sindicatos filiados à FUP. O pagamento dos reajustes e diferenças está programado para o próximo dia 10.

Conquistas
• Reajuste de 6,51% no salário básico (adiantamento já recebido).
• Pagamento dos níveis de 2004, 2005 e 2006 para 34.460 aposentados e pensionistas.
• Reajuste de 9,71% na RMNR – ganho real de 2,36% a 3%.
• Abono de 1,06 (RMNR + ATS) ou R$ 7.668,00, o que for maior.
• Reajuste do auxílio almoço de R$ 769,56 para R$ 848,32 e do vale-refeição de R$831,16 para R$ 916,30.
• Reajuste de 9,71% do Adicional do Estado do Amazonas.
• Reajuste da Gratificação de Campo Terrestre de Produção de R$ 900,40 para R$ 987,83.
• Reajuste de 9,71% das tabelas dos Benefícios Educacionais e Programa Jovem Universitário (a partir de janeiro de 2015).

Luta

Operadores de rádio mobilizados

Operadores de rádio GMDSS promoveram na terça, 30, paralisação na Bacia de Campos. A categoria, representada pelo Sinttel (Sindicato dos Telefônicos), reivindica um piso salarial de R$ 2.148,45. Os trabalhadores realizaram protesto na entrada da Petrobrás, em Macaé. Se não houver avanços nas negociações, a categoria programa greve por tempo indeterminado a partir do dia 13.
Além do piso, os trabalhadores reivindicam PPR/PLR e jornada de trabalho 14 x 21. A pauta de reivindicações foi entregue às empresas Marenostrum, ETC e Galaxia Marítima.
O Piso de R$ 2.184,45 está vigente em uma das Convenções Coletivas de Trabalho, desde maio/2014, porém, a Petrobras e suas prestadoras não o reconhecem. De acordo com o Sinttel, a companhia foi notificada pelo sindicato.
Durante a paralisação, foi mantido o atendimento prioritário, com 30% do pessoal embarcado cumprindo demandas de embarcações com rancho, água e óleo, aeronave PDAD, atendimento ao alarme e simulado e emergência declarada, além de voos prioritários.

Evento no NF

Inscrições para curso de culinária

O Sindipetro-NF abre inscrições de 13 a 17 de outubro, com limite de 30 vagas, para curso de culinária saudável e nutritiva com a nutricionista Dina Reis, pós-graduada em nutrição aplicada à gastronomia.
As aulas serão ministradas em quatro módulos, nos dias 20, 22, 27 e 29 de outubro, das 18h às 20h, na sede do sindicato, em Macaé. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 27659550.
Organizado pelo Departamento de Formação, o objetivo do curso é criar mais uma atividade de integração da categoria a entidade.

Evento do NF

Submarino vence futsal do NF

O Sindipetro-NF promoveu na sexta, 26, no Clube Cidade do Sol, em Macaé, a final do 10º Torneio de Futsal da entidade. A equipe Submarino foi a campeã da competição. Em segundo lugar ficou a equipe Os Amigos e em terceiro a Ply F.C.. Após o torneio aconteceu um churrasco no Cepe para integrar equipes e torcedores.
Os trabalhadores da equipe Submarino escreveram e-mail para o Sindipetro-NF para avaliar o torneio. “São eventos como este que conseguimos integrar mais os trabalhadores e nos distraímos um pouco desta correria do dia a dia. Quero agradecer os organiza-dores, pois conversei com várias pessoas que participaram pela primeira vez do torneio, ficaram impressionados com a organização e seriedade do evento”, disseram.
Integração
A competição começou no dia 11 de Setembro e contou com 16 equipes. De acordo com o diretor do Departamento de Cultura do sindicato, Wilson Reis, o objetivo do evento é promover a integração entre os petroleiros de todas as empresas do setor, primeirizados e terceirizados.

Curtas

De olho na P-65
O Sindipetro-NF está de olho na P-65. A unidade mantém um dos mais acintosos processos de terceirização da Bacia de Campos, atingindo a atividade fim. Trabalhadores de empresas de setor privado emitem Permissão de Trabalho e atuam na operação da plataforma. O caso serve de anti-exemplo para o setor petróleo e o sindicato quer a reversão deste absurdo.

Atos hoje
A CUT Nacional promove hoje em todo o País atos públicos, junto com os sindicatos dos bancários, para defender o fortalecimento do papel dos bancos públicos e protestar contra as propostas de independência do Banco Central. “Esses dois temas estão no centro do debate eleitoral, sobre os quais a classe trabalhadora tem posição histórica definida em seus fóruns nacionais”, alerta a Central.

Benzeno
Cinco de outubro é o Dia Nacional de Luta contra a Exposição ao Benzeno. Publicação especial elaborada pela bancada dos trabalhadores na Comissão Nacional do Benzeno será distribuída na próxima semana na região. O NF tem tradição na discussão do tema e luta pelo reconhecimento dessa exposição em instalações da Petrobrás e da Transpetro.

Bancários
A Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) informou ontem que o primeiro dia da greve dos bancários conseguiu manter fechadas pelo menos 6.572 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em todo o País. Os bancários reivindicam 12,5% de reajuste, valorização do piso salarial, PLR maior, entre outros pontos.

CORTESIA
O vice-cônsul dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Matthew Bushell (d), visitou na segunda, 29, a sede de Campos dos Goytacazes do Sindipetro-NF. Ele foi recebido pelo diretor da CUT, Vitor Carvalho. O norte-americano esteve na região até ontem para divulgar a política norte-americana de concessão de vistos para estudantes brasileiros.

Normando

Ainda sobre corrupção

Falamos do duplo discurso corrupto, que por definição assume posições antagônicas conforme as conveniências. Muitos autores se dedicaram ao tema e, apenas de modo ilustrativo, tentamos condensar as contribuições de Walter Benjamin, Horkheimer, Adorno e Wright Mills, em termos de “falsa consciência”: a racionalização que falseia a realidade, para justificar as próprias ações.
No mundo do trabalho, onde opera a corrupção, a falsa consciência se combina com dois mecanismos de “gerência científica”: (a) o empobrecimento da razão e; (b) a artificial separação ideológica entre o “mundo do trabalho”, e “o mundo da vida”, pregada pelo capitalismo.
Empobrecer a razão significa reduzi-la aos aspectos pragmáticos e instrumentais. Como se a razão pudesse construir armas de destruição em massa, mas não questionar seu uso. Ou, no mundo do petróleo, construir novas e mais produtivas plataformas, com sistemas de segurança cada vez menos eficientes. O Capitalismo reserva para a razão o papel do cavalo que puxa a carroça, com antolhos para não se distrair e questionar a irracionalidade do sistema.
E, ao apartar vida e trabalho, o empregado passa a ser número, peça descartável e substituível. Se ele tem família, se vive do trabalho, isso não interessa. Há resistência, e as crianças ainda afirmam na escola que “meu pai é motorista”, “carteiro”, “advogado”, “médico”, “petroleiro”. Mas o efeito concreto da lógica de “mundos separados” é criar uma moral no trabalho, e outra na vida privada.
Podemos dar o exemplo do profissional de segurança no trabalho que assina documento público, atestando uma situação sabidamente mentirosa, e que depois vai para a escola exigir que a van dos filhos tenha cintos e air-bags. Mas o pior é quando essa conduta dividida se manifesta nas escolhas coletivas. São os efeitos máximos dos “dois eus”.
Projetado na esfera pública, o raciocínio bipartido faz com que o eleitor queira se opor aos “escândalos” de corrupção da Revista Veja, e do Jornal O Globo, escolhendo candidato que bate em mulher, ou que tem por hábito o consumo de substâncias “heterodoxas”. Critica o governo, mas sonho votar em antigo ocupante de cargo máximo do Judiciário que, também ele, bate em mulher, e que comprou apartamento no Exterior de forma ilegal.
Um “eu” critica o que supostamente seja o erro básico da sociedade, enquanto o outro “eu” faz escolhas antagônicas ao primeiro movimento.
Qual o lugar da corrupção, nisso tudo?