Nascente 864
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Editorial
Cenário preocupante para 2015
São apenas pouco mais de duas semanas até o segundo turno, mas estes dias são cruciais para a definição das lutas dos trabalhadores pelos próximos anos. Com a definição da composição da Câmara dos Deputados a partir de 2015, ficou ainda mais nítida a ofensiva conservadora em relação aos direitos trabalhistas no Brasil. Neste cenário, eleger um chefe de Executivo alinhado com a perspectiva liberal do “estado mínimo” e afeito às “regras do mercado” tornará ainda mais árdua a batalha cotidiana dos sindicatos contra a exploração.
Levantamento do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) divulgado na terça, 07, com os resultados preliminares das eleições — sujeito a pequenas alterações —, mostrou que a bancada sindical sofreu uma grande redução na Câmara dos Deputados: caiu de 83 para 46 integrantes. Entre estes eleitos próximos aos movimento sindical, 32 foram reeleitos e 14 são novos parlamentares.
“Este dado é extremamente preocupante, especialmente num ambiente de forte investida patronal sobre os direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários no Congresso. A bancada sindical dá sustentação e faz a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, aposentados e servidores públicos no Congresso Nacional, além de intermediar demandas e mediar conflitos entre estes e o governo e empregadores”, avaliou o próprio Diap.
Os trabalhadores sabem que a representação no mundo político institucional não garante necessáriamente a manutenção ou a conquista de direitos. É nas ruas, nos locais de trabalho e nas comunidades que a luta diária é travada. Mas também é sabido que ter governantes comprometidos com uma visão social e de defesa dos trabalhadores, especialmente aqueles oriundos das classes populares, em muito contribuiu para combater a constante pressão do patronato pelo corte de direitos, especialmente em um País de tradição autoritária tão profunda quanto o Brasil.
Espaço aberto
Um segundo turno em disputa
Emir Sader**
Pela quarta vez consecutiva o PT disputa o segundo turno com os tucanos. Foi assim com o Lula em 2002 e em 2006, com a Dilma em 2010 e volta a ser com ela em 2014. A diferença esta vez é que a reserva de votos está à direita, com a Marina, e não à esquerda, como em outras vezes (como a própria Marina, ainda com parte do eleitorado progressista em 2010).
O enfrentamento com os tucanos é sempre melhor para o PT, pela comparação dos governos – o do FHC e os do Lula e da Dilma. É necessário desmistificar certos clichês que a direita fez circular, como o de que o país está em recessão, pelo menos demonstrando como a diminuição do nível de expansão da economia não cobrou seu preço em desemprego e diminuição dos salários que, ao contrário, seguiram melhorando.
Recordar o que eram as crises econômicas na era FHC, quando afetavam imediatamente o nível de emprego e o dos salários. Como se excluíam direitos, se precarizavam as relações de trabalho, se promovia a centralidade do mercado e a diminuição do tamanho do Estado, em que as privatizações se tornaram o maior caso de corrupção da história do país.
A disputa, nos termos colocados no primeiro turno, será dura. Pesquisas – por mais desprestigiadas que sejam – na quinta, procurarão dar a liderança ao Aecio, enquanto a mídia segue sua pressão para que a Marina e o PSB apoiem o Aecio. Mas a recuperação de iniciativa da nossa parte tem que vir em torno desses dois temas de crítica – salario mínimo do Arminio e derrota em Minas – e em torno de intensificação do trabalho militante e de concentrações dos movimentos populares, na resistencia ao retorno do neoliberalismo. O jogo está posto, está aberto e pode ser vencido.
* Versão editada em razão de espaço. Íntegra publicada originalmente no “Blog do Emir”, na Agência Carta Maior, e disponível em http://bit.ly/1oNSMcC ** Sociólogo e professor.
AGORA É PETROBRÁS CONTRA PETROBRAX
Diferenças de projetos políticos, que estiveram presentes no primeiro turno, ficam ainda mais evidentes no segundo turno das eleições presidenciais. Em relação à Petrobrás, alternativas em disputa remetem aos modos como os governos FHC e Lula/Dilma trataram o setor petróleo. O primeiro flexibilizou o monopólio estatal e quase mudou o nome da companhia para atender aos interesses estrangeiros. Os segundos recuperaram a empresa e o setor naval
“A fórmula é conhecida: criticar um serviço ou empresa pública à exaustão, desqualificar seu quadro de pessoal, suas escolhas, conquistas e lucros. Mobilizar a mídia para que a “opinião pública” ache que a empresa em questão é uma chaga para o país. Aí, é só chegar ao poder, desmantelar a empresa e entregá-la para o capital estrangeiro e para as multinacionais e pronto: neoliberalismo 1.0 em sua essência. Talvez nem todos se lembrem dessa fórmula — afinal, há 12 anos a abordagem do governo é outra —, mas a PetroBrax é bem difícil de esquecer”.
A abordagem acima é da campanha da presidenta Dilma Rousseff, ainda no primeiro turno, se referindo à estratégia de desgaste a que é submetida uma empresa como a Petrobrás a cada eleição. Para o Sindipetro-NF, a explicação não poderia ser mais clara, pois é exatamente o que testemunham, internamente, os petroleiros.
Por isso, a categoria aprovou em congressos regionais e nacional, de forma democrática e transparente, o empenho pela manutenção de uma política que tem valorizado a Petrobrás, o setor petróleo e deixará como legado as riquezas do pré-sal para a educação e a saúde dos brasileiros.
Agora, no segundo turno, as diferenças de projetos políticos estão ainda mais nítidas. De um lado está a Petrobrás da P-36, do sucateamento, da quase privatização e do episódio PetroBrax — quando, em 2001, no segundo governo FHC, a empresa chegou a anunciar que adotaria um novo nome e uma nova marca, e teve que voltar atrás após a reação da sociedade. Do outro está uma Petrobrás ainda com muitos problemas, mas que ampliou a sua atuação, descobriu o pré-sal, revitalizou o setor naval e segue orgulho dos brasileiros.
Experientes, petroleiros não se deixam levar por denúncias oportunistas, e não se confundem com gestores que tenham incorrido em erros e em corrupção. Para estes, a FUP e os sindicatos defendem apuração e punição. Para o País, uma Petrobrás cada vez mais forte.
Como disse a própria candidata Dilma Rousseff, “não é a Petrobrás empresa quem fez o mal-feito. A Petrobrás é formada por funcionários e trabalhadores extremamente qualificados e que orgulham esse pais. Quem tenta desqualificar a Petrobrás está no caminho indevido”.
Insegurança
P-52 e P-47 com acidentes recentes
Dois acidentes em plataformas da região no último final de semana deixaram feridos três trabalhadores. No início da tarde de sábado, 4, em P-52, o Técnico de Manutenção Sênior da Petrobrás, Adamilton Marques da Silva, que tem 28 anos de empresa, prensou o braço esquerdo na porta estanque, quando saía da sala de controle local de lastro, na coluna 40.
Adamilton teve fratura e lesão arterial. Foi removido pelo resgate aeromédico, passou por uma cirurgia no Hospital Municipal de Macaé e, após disso foi transferido para o CTI do Hospital da Unimed, no mesmo município. O diretor do NF Norton Almeida acompanha as investigações do acidente.
No domingo, 5, duas técnicas de segurança se acidentaram durante o combate de um incêndio em P-47. Houve um princípio de incendio na fritadeira da cozinha da unidade e as duas técnicas foram combater as chamas.
Durante a atuação, que durou cerca de 1h30, uma profissional inalou muita fumaça e a outra sofreu queimadura nas mãos. Elas foram desembarca-das para acompanhamento e atendidas na Unimed de Macaé.
Como a unidade ficou só com um técnico de segurança, a plataforma parou os servicos à quente até que ocorresse o embarque de outro profissional da área.
O diretor do NF Antônio Carlos Pereira acompanha a apuração do caso.
ES
Petroleiro tem perna amputada
O Sindipetro-ES informou nesta semana a ocorrência de um grave acidente em São Mateus, no sábado, 4, que causou a amputação da perna de um trabalhador. Durante uma operação de circulação de óleo quente (despara-finação), houve o rompimento de uma linha e o produto atingiu com grande pressão a perna do petroleiro Glaucio Parreira Queiroz, de 25 anos. O acidente aconteceu no poço Córrego Cedro Norte 02 (CCN – 02).
Além de sofrer a amputação em uma perna, o trabalhador perdeu a visão em um doa olhos. Ele foi internado no Hospital Roberto Silvares, também em São Mateus.
O secretário de Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Sindipetro-ES, Renato Pratini, representa o sindicato na apuração do acidente. A entidade condenou a insegurança no setor petróleo.
Evento no NF
Curso de culinária com inscrições
O Sindipetro-NF abre inscrições na próxima segunda, 13, para curso de culinária saudável e nutritiva com a nutricionista Dina Reis, pós-graduada em nutrição aplicada à gastronomia. O período estará aberto até 17 de outubro, ou até ser atingido o limite de 30 vagas.
As aulas serão ministradas em quatro módulos, nos dias 20, 22, 27 e 29 de outubro, das 18h às 20h, na sede do sindicato, em Macaé. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 27659550.
Organizado pelo Departamento de Formação, o objetivo do curso é criar mais uma atividade de integração entra a categoria e a entidade.
Ato em cabiúnas lembra benzeno
NF luta pelo reconhecimento da presença do cancerígeno e realiza protesto para marcar Dia Nacional de Luta
O Sindipetro-NF realizou na manhã de ontem, das 7h às 8h, ato público na entrada da base de Cabíúnas, em Macaé, para marcar a passagem, no último dia 5, do Dia Nacional de Luta contra a Exposição ao Benzeno. A entidade luta para que a Petrobrás e a Transpetro reconheçam a presença do agente químico cancerígeno em suas instalações.
Durante o protesto, foi distribuído material produzido pela bancada dos trabalhadores na Comissão Nacional Permanente do Benzeno, impresso na região pelo NF, com informações sobre os riscos da exposição e as lutas contra os adoecimentos e as mortes.
O 5 de Outubro é lembrado nesta luta em razão de ter sido esta a data da morte do petroleiro Roberto Viegas Kappra, aos 36 anos, funcionário da Petrobrás que atuava na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, vítima de leucemia provocada pela exposição ao benzeno. A companhia se recusou a reconhecer o nexo entre a exposição e a doença, e só emitiu a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) tempos depois.
No ato público de ontem, o coordenador geral do NF, Marcos Breda, lembrou que a Comissão do Benzeno e os acordos da área “não caem do céu”, pois são resultados de muitos anos de luta dos trabalhadores. E que é preciso manter a atuação firme em relação ao tema.
Normando
Corrupção e Luta de classes
Muitos identificam o PT, e a Esquerda em geral, com a corrupção. Quem o faz apenas repete o que a Direita diz, por meio de seus órgãos institucionais (“O Globo”, “Veja”, etc.). Contra isso basta informação e reflexão.
É de Esquerda quem defende Justiça Social e a maior igualdade possível. Combater a fome e a desigualdade social, ampliar o acesso da classe trabalhadora à educação e à habitação, e garantir que os recursos naturais sejam usados pelo Estado em benefício de todos – como no caso da Cessão Onerosa de campos à Petrobrás, e do direcionamento dos recursos do Pré-Sal para a educação – são práticas de Esquerda.
Pregar que a desigualdade é natural, acreditar que as injustiças derivam do todo-poderoso-e-imutável-Deus-Mercado, e que o desempenho individual é o que determina o acesso aos direitos mais básicos, é prática de Direita.
Liberdade e igualdade
Alguns autores semi-analfabetos sustentam que Direita e Esquerda opõem Liberdade e Igualdade, respectivamente. Isso é uma bobagem sem tamanho. A defesa e manutenção da Igualdade pelo Estado (somente o Estado a pode realizar) não justifica a opressão política sobre o indivíduo, do mesmo modo que a Liberdade não significa o “direito” de um indivíduo escravizar a outro.
Individualismo e corrupção
Nenhum autor de Direita admitirá, mas a corrupção nada mais é do que a extrapolação do individualismo, do “sucesso a qualquer custo”, preconizado pelo Capitalismo. É um desvio, sim, mas um desvio resultante do “Programa de Governo” da Direita. Basta ver as muitas histórias de corrupção na Ditadura brasileira.
Já a Esquerda por vezes tem dificuldade com o tema. Mas, diferentemente da Direita, a corrupção é a realização do exato oposto de seu “Programa”. É a prevalência do interesse imediato, individual, em prejuízo do interesse público. É um desvio de conduta, e como tal deve ser punido e combatido.
Mais da esquerda
Como na Esquerda a corrupção é um desvio de conduta, a opinião pública é intolerante com a sua prática por políticos desse campo, e isso é bom.
Mas o reflexo disso é uma atitude hipócrita para com a Direita. Como a Direita já prega, naturalmente, que “cada um cuide de si”, o eleitor admite eleger quem desvia dinheiro da saúde pública, quem constrói aeroporto em terras da família com dinheiro público e, até mesmo, quem se envolve com o tráfico e consumo de cocaína.
Curtas
NF na UFF
O Sindipetro-NF participa do projeto Café com RH, do Curso de Administração e Ciências Contábeis da UFF em Macaé, que promove encontros sobre relações de trabalho. Serão realizados fóruns de discussão com presenças de assessores e diretores da entidade: Ricardo Garcia (14/10, às 15h); Antônio Raimundo Teles (23/10, às 18h); Normando Rodrigues (11/11, às 18h30) e José Maria Rangel (18/11, às 18h30).
Tendler
Estreia hoje, com exibição no Cine Clube Silvio Tendler, no Museu da República, no Rio, às 18h30, o documentário “Privatizações: a Distopia do Capital”, do próprio Tendler. O filme é uma realização da Caliban, a produtora do cineasta, com apoio do sindicato e da federação dos Engenheiros, além da CUT Nacional, e denuncia a visão do estado mínimo e suas consequências.
Fela Kuti
Com apoio do Sindipetro-NF, a Uerj e o grupo Ilè Òbá Òyó promovem a partir do dia 13 o I Seminário Internacional Fela Kuti da Uerj, com o tema “A educação, os movimentos sociais e a Àfrica que incomoda”. Fela Anikulapo Ransome Kuti foi um multi-instrumentista e ativista nigeriano. Um dos destaques da programação são as conferências do escritor Carlos Moore. Confira datas e atividades em seminariofelakutiuerj.blogspot.com.br.
Erramos
Diferentemente do que foi informado pelo Nascente da semana passada (863), trabalhadores terceirizados de P-65 não estão emitindo PT (Permissão de Trabalho) na unidade. A entidade mantém a crítica, no entanto, ao avançado processo de terceirização na plataforma, que atinge atividades fim.
NF NAS CIPAS DE BORDO Parte do grupo de diretores do Sindipetro-NF e da FUP, na terça, 7, no aeroporto de Macaé, para mais um embarque para reuniões de Cipas nas plataformas. Embarcaram, na UO-BC, os sindicalistas Wilson Reis (P-07), Valter de Oliveira (P-09), Marcelo Nunes (P-32) e Leonardo Ferreira (PCP-1/3). A aeronave que levava Marcos Breda para PVM-2 teve problema e voltou ao solo. Na UO-RIO, embarcaram José Maria Rangel (P-43) e Tezeu Bezerra (P-56). Esta sequencia também contou com embarque de Tadeu Porto, no último dia 2, na P-48, e contará com embarque de Luiz Carlos Mendonça, no próximo dia 17, na P-40.