Primeira mesa de debate do Congrenf discute conjuntura recessiva do País

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A primeira mesa de debates do 11º Congresso Regional dos Petroleiros (Congrenf), que acontece no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, destacou na tarde de hoje aspectos das conjunturas nacional e internacional que afetam diretamente a vida dos trabalhadores. Os expositores foram o economista Adhemar Mineiro, do Dieese, e o blogueiro Miguel do Rosário, do blog “O Cafezinho”. Ambos identificaram pontos críticos a serem superados. A mesa foi moderada pelos diretores do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra e Marcelo Abraão.

Mineiro afirmou que o País enfrenta uma realidade de recuo de aproximadamente 1% no PIB (Produto Interno Bruto) no último ano, configurando um quadro de recessão que está sendo respondido com uma política de corte de gastos em todas as áreas, inclusive sociais, aumento do desemprego e revisão de medidas de desoneração tributária.

Segundo ele, neste ambiente, as negociações coletivas estão tendo dificuldades para repor a inflação, em torno dos 8%. “Cada dinheiro não gasto é uma pisada no freio”, afirma.

A resposta empresarial a este cenário é, de acordo com o economista, a que sempre aparece em momentos de crise: uma ofensiva para cortar ou flexibilizar direitos trabalhistas. Ele lembra que esta foi a agenda patronal na década de 1990, que também retornou em 2002 e, mais recentemente, em 2009 — nesta última, no entanto, a resposta do governo foi a de investir mais e reverter a tendência negativa da crise internacional de 2008.

Para o economista, no cenário internacional, a economia enfrenta a queda nos preços das commodities — entre elas o petróleo —, além de conflitos que causam instabilidade geopolítica e financeira. Tudo isso também afeta o Brasil, embora seja difícil saber o tamanho desse impacto. Segundo ele, o momento é de grande incerteza e qualquer previsão acima de um semestre “é um grande chute”. Ainda assim, ele aposta numa queda da inflação brasileira, para algo em torno de 6,5%, e resultados positivos em relação à parceria com a China — embora, neste caso, gere apreensão a possibilidade de haver uma espécie de neocolonialismo.

O blogueiro Miguel do Rosário enumera tanto motivos para preocupação quanto razões para ter esperança, brincando com a sua análise de que o País tem tradição em ser “bipolar”. Como negativo, ele vê a composição conservadora do Congresso Nacional, a campanha da mídia para desestabilizar o governo, o ataque especulativo internacional contra a Petrobrás e uma “economia estressada”. Por outro lado, há um aumento na produção de petróleo, a manutenção de grandes obras de infraestrutura, a melhoria geracional — uma geração melhor formada que as anteriores, que ultrapassa 60% de nível universitário —, a parceria com a China e seus investimentos iniciais de R$ 200 bilhões, e o crescimento de novas mídias, que relativizam o poderio dos grandes veículos de comunicação.

Para Rosário, é fundamental atuar em quatro frentes de luta: a do campo das ideias, a do campo parlamentar, a do campo midiático e a do campo sindical. Ele defendeu especialmente o investimento em comunicação. “Os sindicatos e movimentos sociais falam muito em comunicação, mas isso tem que se refletir na prática, no direcionamento de recursos. Não adianta imprimir jornal e achar que está resolvido. Tem que investir na internet”, afirmou.

O 11º Congrenf continua até a quarta, 3, reunindo 62 delegados e delegadas das bases do Norte Fluminense, além de diretores do Sindipetro-NF, convidados, assessores e representantes dos movimentos sociais. O evento tem transmissão ao vivo pela Rádio NF.

 

[Adhemar Mineiro e Miguel do Rosário, na primeira mesa de debates do 11º Congrenf / Foto: Imprensa do NF]