Nascente 894
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EDITORIAL
Cobertura seletiva da mídia
Mais uma vez a sociedade tem mostra de que o ímpeto investigativo dos grandes grupos de mídia no Brasil é bastante seletivo. Tudo pode ser revelado, menos aquilo que fere os interesses econômicos das corporações da imprensa. A notícia de que a Fifa está envolvida em um esquema de propinas para escolher países sede de Copas do Mundo e contratos de exclusividade na transmissão das partidas, intermediados por agências de marketing, não surpreendeu a ninguém que minimamente acompanha o futebol.
A imprensa brasileira, especialmente a Rede Globo, no entanto, tratou o caso como se fosse uma revelação estarrecedora, e, de modo muito cauteloso, escolheu o que era inevitável noticiar e o que era conveniente ocultar — as relações íntimas da emissora com a CBF, por exemplo.
Não tem sido diferente com a Petrobrás. Desde o início da Operação Lava Jato, a TV Globo tem dedicado farto tempo dos seus telejornais para noticiar aquilo que faz parecer o maior caso de corrupção de todos os tempos, sobre o qual ela nada sabia até o período em que o presidente Fernando Henrique deixou o governo.
Atualmente ela “não sabe” ainda sobre as doações para as campanhas eleitorais feitas por grandes empresas e nem pareceu se importar que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tenha movido céu e terra para manter o financiamento de pessoas jurídicas às candidaturas — conseguiu manter as doações empresariais aos partidos, e uma controvérsia jurídica se abriu, uma vez que os partidos estariam impedidos de repassar dinheiro aos seus candidatos.
Não veremos no “Globo Repórter”, por exemplo, uma reportagem especial sobre “quem são e o que querem os empresários que doam milhões para candidatos”, ou “quem são e como votam os deputados eleitos com recursos das maiores empresas do País”. Os patrocinadores dos políticos também patrocinam as TVs.
Em razão dessa seletividade, os sindicatos e movimentos sociais discutem a formação e consolidação de meios próprios de comunicação, como destacado na mesa de abertura do 11º Congrenf. A batalha nesta área é vital para vencer o conservadorismo e fazer valer a agenda de lutas dos trabalhadores.
ESPAÇO ABERTO
Vermelho, vermelhão, a cor da luta*
Joana Almeida**
Do inicio do ano até aqui, aconteceram fatos fora da normalidade política. A intolerância é um deles. O grito dos intolerantes não é apenas nas ruas, é no batuque das panelas (muito cheias) e nas ações mais descabidas, como insultar e insuflar agressão verbal e física às pessoas que usam vermelho. Alguns bradam que sua bandeira “jamais será vermelha”. Isso é fato, mas também é notório o querer “privatizar” o verde e o amarelo, transformando os maiores símbolos de um país em cores para chamar de “sua”.
Não é de hoje que tonalidade no país causa burburinho. A negritude sofre preconceitos por não ter a cor aceitável pela maioria da burguesia. E parece-me relevante informar aos desavisados “on line” e “off line” que longe de representar matiz partidária, o vermelho tem inúmeras traduções e não tem dono. Para o movimento sindical, a cor traduz-se em intensidade de lutas, resistência e paixão. Vai além, trata-se de simbolismos, como o respeito àqueles que literalmente sangraram na eterna busca por um mundo mais justo e em defesa da liberdade.
Pois bem. É hora de anunciar que o vermelho é a cor quente da estação, mas que nunca saiu e nem sairá da moda. Principalmente: não adianta arrancar da pele a blusa vermelha, nem a bandeira vermelha, porque não se trata de algo apenas tangível. Esse tom está cravado na alma dos lutadores, dos que não se curvaram à ditadura, e dos que não se curvarão aos que “vestem grifes”.
Em tempos de necessidade cada vez maior de mobilização de massas no Brasil, o vermelho que a CUT no Ceará escolheu como simbologia, se intensificará. Entre os dias 18 e 20 de junho, a CUT realizará seu congresso estadual. Nova diretoria será eleita. O que não será nova é a permanência da perspectiva de resistência. Porque não, não vamos abrir mão de ocupar as ruas com as bandeiras da classe trabalhadora. E sim, elas são vermelhas.
* Publicado originalmente no Portal da CUT, em http://bit.ly/1IcZbMr. ** Presidenta da CUT-CE.
GERAL
Categoria debate reivindicações
Aberto na segunda, 1º, o 11º Congresso Regional dos Petroleiros do Norte Fluminense (Congrenf) termina hoje, no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, tendo como atividade principal a discussão da campanha reivnidicatória. Os trabalhadores vão enumerar os temas locais e nacionais que desejam incluir na pauta que será entregue à Petrobrás e à Transpetro.
A programação de hoje também prevê um painel do Dieese para apresentar os números do setor petróleo, além da eleição de 21 delegados à Plenafup, de 1º a 5 de julho, em Guararema (SP).
Como os debates de hoje são internos e estratégicos, quando os delegados discutem formas de mobilização e detalham as reivindicações, não haverá a transmissão ao vivo do evento pela Rádio NF, como ocorreu com as mesas nos dois primeiros dias.
Entre os temas em destaque nos debates nas mesas expositoras, estiveram a conjuntura internacional do setor petróleo — descrita como instável e em disputa acirrada — a defesa do pré-sál e da Petrobrás, as lutas das mulheres e pela comunicação, o combate à terceirização e a saúde e segurança dos trabalhadores. O evento também contou com apresentações culturais.
Recado político é de ocupação das ruas
A necessidade do movimento sindical ocupar as ruas e se unir aos movimentos socias em defesa da democracia foi a tônica das falas dos participantes da abertura do Congresso, na segunda, 1º. Faziam parte da mesa pela UNE (União Nacional dos Estudantes), Leopoldo Antunes; MST, Nívea Regina da Silva; CTB, Paulo Farias; CNRQ (Confederação do Ramo Químico), Itamar Sanches; CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, o Marcelinho; FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel e pelo Sindipetro-NF, o coordenador Marcos Breda.
Itamar Sanches lembrou do momento ímpar que os movimentos estão vivendo em relação a discussão de gênero e do fato das mulheres ocuparem cada vez mais os espaços de direção, como a presidente da Confederação, Lucineide Varjão. O diretor da CNRQ fez questão de fazer um chamamento da categoria, para que façam ecoar nos Congressos estaduais e na Plenária Nacional a defesa do sistema de partilha. “O que está por trás de tudo que está acontecendo com a Petrobrás, é o interesse de acabar com o sistema de partilha no pré-sal e nós não podemos deixar isso acontecer”, falou Itamar.
O representante da UNE, Leopoldo Antunes, afirmou a necessidade dos movimentos sociais estarem nas ruas em defesa do projeto que foi eleito democraticamente e das nossas causas. Alertou também para o fato de estarmos vivendo um retrocesso na área de direitos humanos e citou como exemplo a proposta de redução da maioridade penal e a PEC da Terceirização.
O processo contínuo de aliança de classes, que se faz com a unidade entre petroleiros e trabalhadores rurais, é considerado de grande importância para derrotar a direita, segundo a representante do MST, Níve Regina. Ao final de sua fala foi muito saudada pelos presentes. Paulo Farias, da CTB, falou do momento crítico que aclasse trabalhadora está vivendo e da necessidade do país discutir a Reforma Política e da Comunicação.
Comunicação
A questão da comunicação no país também foi tocada pelo representante da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, o Marcelinho. “Nosso principal enfrenta-mento deve ser com a mídia. Fomos duramente atacados e precisamos combater essa mídia golpista, disse.
José Maria Rangel fez uma reflexão em relação à postura da categoria petroleira que precisa participar ainda mais dos movimentos. “Se ficarmos na arquibancada assistindo, vamos perder o jogo. Temos aliados fundamentais como a Via Campesina e os estudantes, que se convocados estão conosco, mas sem a categoria não conseguiremos”, falou Rangel, que analisa o período pelo qual passamos como um momento de grande luta de classes no país, onde o ódio à classe trabalhadora foi acirrado.
O Coordenador do Sindipetro-NF, Marcos Breda, falou do Congresso reacionário que o povo está tendo que enfrentar e fez um chamamento à unidade. “O único instrumento que nós temos para derrubar a direita e enfrentar os ataques que estamos sofrendo, não é a greve, mas a unidade”, concluiu.
Mesas temáticas
Confira a cobertura das mesas em www.sindipetronf.org.br.
P-33: “Prataço” por boa alimentação
Petroleiros da plataforma P-33 realizaram na sexta, 29, um “prataço” (barulho com talheres e pratos) em protesto contra as condições precárias da alimentação a bordo, entre outros problemas. A categoria se recusou a comer o que foi servido no almoço.
Uma ata de assembleia a bordo registrou as pendências da área de hotelaria na unidade (veja em http://bit.ly/1I9mTq3).
Os petroleiros relatam que faltam produtos alimentícios e por vezes são servidos produtos com aspecto ruim. O sindicato cobra da Petrobrás a resolução imediata da situação.
NF assina acordo e PR sai dia 10
A diretoria do Sindipetro-NF assinou o Acordo da PLR (Participação nos Lucros e ou Resultados) da Petrobrás e da Transpetro. Com isso, os trabalhadores da região recebem o pagamento no dia 10 de junho. O Acordo Coletivo de PLR, que estabeleceu regras claras e democráticas para a PR, é uma vitória da categoria petroleira, que há anos tentava seu regramento.
Serão distribuídos aos trabalhadores R$ 1,04 bilhão em participação nos resultados, como assegura o parágrafo 4º da cláusula 3ª do Acordo que a FUP e seus sindicatos conquistaram, após dez anos de luta.
País perde com desinvestimento
Da Imprensa da FUP
Na última quinta, 28, a direção da FUP realizou a primeira reunião com o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine. Os petroleiros criticaram a atual política de desinvestimentos da empresa, ressaltando que agora, mais do que nunca, é o momento de fortalecer a companhia para enfrentar os desafios da atual conjuntura política e econômica.
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, frisou que a preocupação com o futuro da Petrobrás não é somente dos petroleiros, mas de todos os brasileiros. Ele pontuou a história de resistência da categoria contra a privatização da estatal e a luta atual para que continue sendo a indutora do desenvolvimento econômico e social do país.
Aldemir Bendine falou sobre a situação financeira da Petrobrás e disse que a queda do valor do barril de petróleo tem afetado a capacidade de alavancar os lucros. Ele destacou que o fluxo de caixa da empresa poderá ficar negativo, caso não haja a valorização do ativos, com a abertura da participação de outros investidores no pré-sal. “A empresa acumula uma dívida de cerca de 400 bilhões de reais, muito próximo do limite de alavancagem e qualquer sugestão de desinvestimentos será benvinda”, afirmou o executivo, aumentando ainda mais a preocupação dos petroleiros com a volta da política de privatização da Petrobrás.
Bendine anunciou ainda que a empresa terá um foco expressivo na área de E&P, mas que vai explorar o seu “valor oculto”, como denomina as áreas de negócios não ligadas diretamente à produção. Segundo matéria publicada no jornal Valor Econômico, uma das propostas do presidente da Petrobrás seria transformar a BR Distribuidora numa holding de empresas privadas.
A diretoria da FUP se posicionou categoricamente contra a venda de ativos no Brasil e solicitou que o Plano de Negócios da empresa, que está sendo formulado neste momento, seja debatido com os representantes dos trabalhadores, antes de qualquer implementação.
SMS, AMS e Benefício farmácia
Na reunião com o presidente da Petrobrás, a FUP cobrou mudanças na gestão do SMS e a correção imediata do relatório da Comissão que culpou os trabalhadores pelos erros da BW no acidente com a FPSO Cidade de São Mateus (ES). Os dirigentes sindicais cobraram uma reunião específica para que a FUP e seus sindicatos apresentem à nova diretoria da Petrobrás as propostas dos trabalhadores para a construção de uma nova política de SMS que de fato avance nas questões de segurança.
A FUP também criticou o contrato que terceiriza a gestão da AMS e coloca em risco a assistência médica dos petroleiros. As representações sindicais exigiram a suspensão imediata deste processo e cobraram que Bendine indique um representante para acompanhar de perto o que está acontecendo na AMS, bem como no Benefício Farmácia.
Outros pontos cobrados pela FUP foram a reposição imediata dos postos de trabalho afetados pelo PIDV e abertura do Programa Petrobrás de Combate a Corrupção para sugestão dos trabalhadores.
NORMANDO
As leis da natureza-mercado
Normando Rodrigues*
György Lukács identificou com clareza a estratégia da dominação ideológica capitalista, após 1945: tratar a economia como uma “segunda natureza”, governada por imutáveis “leis” próprias.
Para isso a “Economia” perdeu o adjetivo “Política”, e suas “leis” científicas passaram a ser apresentadas não como “tendenciais”, e sim como leis tão duras e determinantes quanto as três fundamentais leis newtonianas.
Esse é o projeto ideológico dos patrões. E a Presidenta Dilma parece a ele ter aderido, a julgar por suas práticas, e seu discurso na abertura da Convenção do PCdoB, 6ª passada: “Nós chegamos ao limite de utilizar recursos do orçamento federal para preservar nossa economia dos efeitos da crise”.
Quem ganha no Orçamento?
45,11% do orçamento da União executado em 2014 foi destinado ao Capital Financeiro (juros e amortizações da dívida pública). Esse valor, desviado para especuladores, é maior do que 2 vezes o gasto da Previdência social, superior a 11 vezes o dos gastos com a Saúde, ou 12 vezes os da Educação.
Cada vez que o Banco Central elevou a taxa básica de juros, desde então, optou por transferir ainda mais recursos públicos para o Capital Financeiro. Enquanto isso, seu Comitê de Política Monetária espera o aumento do desemprego, e acordos coletivos sem aumentos, como medidas de “salvação” da economia.
Banqueiros, investidores, e seus representantes na gestão pública, sabem que manter tais ganhos é uma opção, dentre várias à disposição do Governo. A naturalização da economia é cínica, e serve para mascarar e legitimar opções políticas.
Combater o mercado
O Governo corre o risco de ser rejeitado em toda ba sociedade. No afã de criar sustentação política junto ao Capital Financeiro, afastou-se dramaticamente das bases que o elegeram. A causa maior, sem dúvida, foi o corte de direitos, muito embora os recursos economizados sejam pífios.
O prejuízo foi imposto aos trabalhadores não pelo valor economizado no orçamento, mas para produzir um eloquente sinal aos sacerdotes do Deus Mercado, o que fez reacender a desconfiança quanto aos governantes.
Qualquer ação de classe, nesse cenário, pressupõe compreender o quadro, e superar as barreiras ideológicas que estão postas. A economia é definida politicamente. A correlação de forças entre patrões e empregados é que determinará a existência de aumento real, resultante das negociações coletivas de trabalho. E não o dogma do Deus-Mercado.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]
CURTAS
Aposentados
Os aposentados e pensionistas da base do NF têm assembleias hoje e amanhã para avaliação de proposta sobre o reajuste dos níveis. A assembleia de hoje é a da sede de Campos, enquanto a de Macaé — mesmo com o feriado de Corpus Christi — acontece amanhã. Ambas às 10h. Mais informações com os diretores Francisco de Oliveira, o Chicão (22 – 81231867), e Antônio Abreu, o Tonico (22 – 81170009).
Luto
Um acidente de moto na RJ 116, próximo a Itaocara, matou na manhã da segunda, 1º, o petroleiro Laudemiro Vaz Junior, 44 anos, que atuava na P-55. O trabalhador seguia de Santo Antônio de Pádua para Macaé, quando colidiu com um cavalo. Músico, o petroleiro era muito conhecido pela alegria que trazia aos colegas com uma banda de rock. O NF registra suas condolências.
Terceirização (1)
O Sindipetro-NF está de olho na perspectiva de ampliação do quadro terceirizado de almoxarifes em plataformas da UO-Rio. Petroleiros denunciam que, a partir de julho, as plataformas P-38, P-43, P-48, P-52, P-54, P-55, P-62 e PRA1 terão equipes terceirizadas. O sindicato não aceita esta política e cobra explicações da empresa, especialmente neste momento de luta conta o PLC 30/2015.
Terceirização (2)
Enquanto avança a terceirização na UO-Rio, a Petrobrás não convoca para o seu quadro próprio trabalhadores aprovados em concursos recentes. Um aprovado no concurso de 2014 disse ao NF que nenhum daqueles que foram selecionados no mesmo período foram convocados. Na época, a empresa afirmava que os novos empregados iriam suprir a necessidade aberta pela adesão ao PIDV.
FOTOLEGENDA
RUMO À GREVE GERAL Boletim Nascente Especial registrou o conjunto de mobilizações realizadas pelos petroleiros da região na última sexta, 29, em adesão ao Dia Nacional de Paralisações convocado pela CUT contra o PLC 30/2015 e as MPs 664 e 665. Vinte plataformas paralisaram as emissões de PT (Permissão de Trabalho) — PCH-1, PNA-1, PVM-1, PVM-3, P-07, P-08, P-09, P-19, P-25, P-26, P-31, P-35, P-33, P-37, P-40, P-50, P-51, P-54, P-55 e P-65. Em Imbetiba, um trancaço bloqueou os acessos durante toda a manhã. E em Cabiúnas, a rendição foi cortada nas trocas de turno das 7h e das 15h. O NF parabeniza a categoria pela grande adesão, e alerta que a luta contra o corte de direitos será mantida de modo intenso, não sendo descartada a possibilidade de uma Greve Geral no País.