Gestores e governo se omitem na defesa da Petrobrás e iniciam desinvestimentos

Imprensa da FUP

Por duas vezes consecutivas, nas sessões temáticas realizadas na Câmara e no Senado, a atual gestão da Petrobrás e o governo federal vacilaram ao não lutar para manter a empresa como a única operadora do pré-sal e também por não defender a atual Lei da Partilha (12.351/2010) nos moldes atuais, que garantem 30% de exploração dos recursos desse petróleo. “Como operadora única, a Petrobrás dita o ritmo dos investimentos e da destinação dos recursos. Com o controle do pré-sal pela empresa, não vai haver exploração predatória, como estamos cansados de ver quando a operação é feita pelas petrolíferas privadas”, afirma o Coordenador Geral da FUP, José Maria Rangel.

A FUP não aceita de forma nenhuma que sejam feitas mudanças na Lei de Partilha. A empresa expandiu exponencialmente sua taxa de investimentos, nos últimos anos, e reassumiu seu papel de integração da cadeia de energia, ampliou sua atuação em novos setores de energia sustentável, assumiu uma posição relevante com a realização de investimentos em vários mercados internacionais e se tornou, nos últimos anos, o maior símbolo global de sucesso tecnológico e de inovação com a descoberta do pré-sal. “Todas as empresas estão de olho no nosso petróleo, no pré-sal. Não podemos aceitar esse descaso com o nosso patrimônio. É preciso que os gestores e o governo tomem uma posição mais firme na defesa da Petrobrás. Não pode haver pouco caso em relação a uma questão tão importante não só para os petroleiros como para o povo brasileiro”, diz José Maria.

Gestores autorizam estudos para venda de ativos

A Petrobrás deu início à implementação do seu novo Plano de Negócios que reorganiza a estrutura gerencial e impõe um cronograma de desinvestimentos que vai significar a retirada de US$150 bilhões em investimentos, especialmente nos setores de logística, transporte, óleo e gás. A FUP considera que esta política de mercado põe em risco o futuro da empresa e de seus trabalhadores, próprios e, especialmente, os terceirizados, que fazem parte das subsidiárias ainda não integradas. “A Transpetro não pode ser vendida. É uma empresa fundamental para a logística e na operação do sistema Petrobrás. Temos que lutar por sua reintegração à empresa e não permitir a sua transformação numa holding para o mercado.”

O ponta pé na abertura das subsidiárias ao capital já foi dado pela direção da empresa. No último dia 30, a diretoria executiva autorizou a elaboração de estudos para a venda de ativos da subsidiária Petrobrás Distribuidora S.A. A intenção da empresa é ofertar a BR no mercado de ações da BM&FBovespa. Para o conselheiro do Conselho de Administração, eleito pelos petroleiros, Deyvid Bacelar, essa política faz parte dos desinvestimentos e significa uma privatização branca, uma mudança de rumos na gestão da empresa que se volta, agora, para o mercado, abandonando uma política dirigida ao desenvolvimento da nação, implementada desde 2003. No CA, Deyvid votou contra esse plano de negócios e defendeu a proposta da FUP de consolidar o papel da Petrobrás como uma empresa integrada de energia, com o fortalecimento da cadeia produtiva da indústria nacional de petróleo e gás, além de contribuir com as políticas sociais e a soberania energética e alimentar do País.

Em ato, petroleiros criticam postura da empresa

A V Plenária Nacional da FUP, que está sendo realizada em Guararema (SP), promoveu, na manhã desta quinta-feira (2), um ato em defesa da Petrobrás, na porta do Terminal da Tranpetro, na cidade. No trancaço, os petroleiros reivindicaram a manutenção da empresa como a única operadora do pré-sal e a obrigatoriedade da participação de 30% nos próximos leilões de petróleo.

O Coordenador Geral da FUP, José Maria Rangel, alertou que os trabalhadores estão vivendo um dos momentos mais críticos para todas as categorias e destacou a importância da realização da Plenária e das decisões que serão tomadas pelos petroleiros para resistir às ameaças de um congresso conservador que tem promovido um retrocesso nas conquistas sociais dos brasileiros. “As decisões que vamos tomar aqui vão repercutir em outros congressos de outras categorias, agora no segundo semestre”.

A FUP defende que a Petrobrás tem que de ser incorporada por toda a sociedade e por todas as categorias profissionais e movimentos sociais.