O que é um petroleiro? Você é um petroleiro?
* Claudio Nunes
Independente da cor do crachá e da empresa que você trabalha, todo o brasileiro é um pouco petroleiro. Em toda a história do país, é fato que a soberania brasileira ao mesmo tempo ficou em cheque, mais também conquistou o patamar de bandeira de luta para todo o brasileiro, que se resume em uma única frase: “O petróleo é nosso!”.
Esta defesa da soberania ligada a uma de nossas riquezas, o petróleo, sempre volta quando tem como ameaça a democracia e direitos. Hoje está de volta o tema no meio de uma luta em defesa do Sistema Petrobras (Holding e as subsidiárias) e do sistema de partilha (o petróleo que está localizado no pré-sal).
Defender a Petrobrás vai muito além de defender os 84 mil empregos diretos ou os mais de 1,5 milhões de empregos diretos e indiretos da cadeia do petróleo (Petrolíferas, metalúrgicas e etc.). Mas defender o braço do estado, garantindo que cada centavo deste recurso vá para a educação e saúde, como este definido em lei, que foi promulgada durante o governo Lula. Defender o Estado é diferente de defender o governo, pois o último pode mudar a cada quatro anos e o estado se mantém com a riqueza nacional.
A entrada de outras operadoras no pré-sal garante que esta riqueza vá para fora do país, sustentando a ganância das multinacionais, sem investimento focado no social e sim somente no mercado.
Saindo desta linha nacional, olhando para os problemas que vivemos, parece que muitos de nós, funcionários da Petrobras e subsidiárias, acham que nosso emprego e nossos benefícios estão seguros. Basta olhar para o lado, que veremos que o Plano de Negócios de Gestão (PNG) é como uma lepra, que vai corroendo aos poucos. Quando percebemos o estrago, já teremos braços e pernas amputados, nariz totalmente corroído e etc.
Se buscar o histórico, veremos que sofremos ataques deste o inicio do ano, com a Graça como presidenta da Petrobras e agora com o Bendine (antes e depois da noticia do PNG). No caso nas bases do Norte Fluminense (Bacia de Campos, Empresas Privadas e Transpetro), vemos os problemas crescentes. Entre eles, o Beneficio Farmácia, onde a redução drástica do custeio aponta a vontade do corte de custo operacional; trabalhadores sendo desimplantados do regime de turno (mar e terra) para o administrativo (engenheiros, técnicos e etc.), queda de qualidade na alimentação nas plataformas e bases terra , contratos sendo renovados com empreiteiras, forçando a redução de salários, chegando a 50%, e etc.
Falando dos trabalhadores da Transpetro, se analisarmos as informações que o Bendine tem dado a imprensa, como os relatórios dos últimos balanços e as entrevistas de alguns conselheiros é CERTO que a Transpetro será privatizada.
Vejo discurso de lideranças que os trabalhadores serão preservados, serão incorporados e etc. Não entendo desta forma, o foco da holding será diminuir o custo corporativo do sistema, que inclui pessoal (demissão e benefício). Segundo os corredores da empresa, nós trabalhadores das subsidiárias não somos considerados funcionários da Petrobras, e sim, como mero “peso de porta”, que pode ser vendido de porteira fechada, junto com as bases, ou até mesmo demitidos.
Me preocupa o caso de um terminal em Belém do Pará. Localizado no porto de Belém, está para ser repassado para o consorcio que ganhou a licitação do porto. E os funcionários da Transpetro não sabem qual será seu futuro. Nem a empresa, nem o sindicato, que não é filiado a FUP, fala abertamente a respeito. Uma situação complicada que precisa ser resolvida.
Vamos esperar chegar até nós ou vamos reagir fortemente a respeito?
E os navios da Transpetro? E o Promef – Programa de Modernização e Expansão da Frota? Politicamente a FUP tem feito um trabalho incansável para manter o Promef, que além de gerar milhares de emprego, mantém o sistema Petrobras integrado. Mas não creio que somente isto baste.
Destaco outros dois fatos, que chegam a ser em minha opinião frustrantes, não somente pela ação da Petrobrás, mais também a reação dos trabalhadores, que ainda não enxergaram a conjuntura que eles estão inseridos (querendo ou não!).
Um dos fatos é o programa de hibernação de sondas (perfuração), onde TODAS serão hibernadas. No corredor da empresa se fala como certo processo de hibernação e que será uma sonda por semestre. O motivo, segundo a empresa, é por que é mais barato manter as sondas próprias hibernando do que cancelar o contrato com as estrangeiras, por conta das multas contratuais.
A conseqüência imediata para as primeiras sondas é a migração dos funcionários próprios para outras plataformas e os terceirizados, como por exemplo, da Perbras, todos demitidos. Porém, não existe garantia que todos os próprios serão redistribuídos. Se considerarmos que estamos sofrendo enxugamento de efetivo nas plataformas, com certeza centenas de funcionários próprios serão desimplantados e milhares de terceirizados demitidos de diversas empresas que prestam serviço à Petrobras.
São milhares de famílias sofrendo. Continuaremos a ignorar o fato?
As bases terra da Petrobras não estão ficando de fora deste sangramento. Está aumentando casos de trabalhadores sendo deslocados de sua lotação de Macaé para o Rio, sem trato diferenciado para quem já tem sua estrutura familiar montada por aqui. Outro ponto que vem aumentando, é o nível de cobrança em cima dos fiscais de contrato, chegando ao ponto de acontecer demissões, por diversos motivos, aqui no NF.
No TECAB, a partir de janeiro de 2016 a base não pertencerá mais a Transpetro. Passará para a Petrobras, mais especificamente para Gás e Energia. Os funcionários da Petrobras cedidos que trabalham nesta base, voltarão a ser próprios. E os funcionários Transpetro, se tornaram cedidos, isto é, se manterão na Transpetro , cedidos à Petrobras por um contrato por tempo determinado.
Segundo a avaliação da assessoria do Sindipetro-NF, o terreno está sendo montado para um processo de demissão destes trabalhadores. Não há necessidade de mantê-los se tiver excesso de funcionários próprios da Petrobras, por causa das hibernações das sondas e a diminuição dos efetivos das demais plataformas.
A minha frustração se refere à baixa participação dos trabalhadores das sondas que não realizaram ao menos uma assembléia para avaliar a greve. E no TECAB, a existência de funcionários Transpetro que não participam das setoriais, das assembléias e compõe o grupo de contingência. Parece que não se importam com o emprego deles e dos demais colegas, independente da cor do crachá e de qual empresa trabalha.
Não estou aqui para assustar. Susto vem e passa! Estou aqui para sacudí-los através deste texto para a realidade. Para sairmos desta situação fortalecidos. Sabemos que temos outros problemas pendentes para resolver, e somente unidos vamos conseguir.
Para terminar, deixo uma palavra para os gestores (supervisores, coordenadores e etc.): – Estar em cargo de gestão não quer dizer que deve ser um fura greve ou pelego. Se estiver no cargo como competência, mesmo que seja destituído, voltará em breve. Agora, se estiver no cargo por ser um pelego, traíra, então você precisará mesmo pelegar, para manter sua função.
Somente unidos poderemos tirar o país desta situação, como também a Petrobrás.
Por uma Petrobras Social e defensora de nossa soberania como país democrático! Defender a Petrobrás é defender o Brasil!
O que os petroleiros querem da Petrobrás
1 – Manutenção de todos os direitos dos trabalhadores.
2 – Recomposição do efetivo.
3 – Nova estrutura organizacional.
4 – Nova política de saúde, meio ambiente e segurança.
5 – Manutenção da Petrobrás Distribuidora S/A.
6 – Manutenção dos investimentos nos campos maduros.
7 – Incorporação integral de unidades controladas e subsidiárias (Entre elas a Transpetro).
8 – Conclusão dos projetos iniciados em 2014 (Abreu e Lima, Comperj, Fafen e plataformas).
9 – Manutenção dos investimentos na indústria nacional.
10 – Disponibilidade Unidades Termelétricas para atendimento das necessidades do País.
11 – Manifestação de plena condição e de interesse em permanecer como operadora única dos campos do pré-sal.
* Trabalhador da Transpetro e Diretor do Sindipetro-NF