Vamos à greve!

Leonardo Urpia*

Tenho o maior orgulho e satisfação do trabalho que tenho, no entanto a atividade de representante sindical é bastante desafiadora, pois temos perfis diferentes na nossa imensa categoria, com uma grade heterogeneidade de concepções sociais políticas e econômicas.

Um destes perfis podemos desenhar através dos jovens petroleiros que não vivenciaram outros momentos da sociedade brasileira e na empresa conhecem apenas um grande momento da nossa democracia e economia que nos últimos 12 anos só cresceram e desenvolveram e isto só trouxeram reflexos positivos para a categoria através de uma atuação sindical que soube transformar as oportunidades em realidade para o petroleiro.

Um grande grupo de pessoas experientes que vivenciaram a empresa e a sociedade em diversos momentos, a ditadura, a redemocratização, o neoliberalismo com seu Estado mínimo brasileiro e sucateamento das empresas estatais, o anos 2000 e a busca do estado do bem-estar socialista …

Mesmo com concepções econômicas e sociais bem diferentes das que tenho… É esta a categoria profissional na qual estou inserido, altamente qualificada, organizada e com um invejável histórico de protagonismo… E é isso o que me faz gostar de trabalhar, este é um grupo que apresenta grandes desafios e aprendizado.

Estamos em assembléias indicando um greve por tempo indeterminado em todo o SISTEMA PETROBRAS… E os resultados das assembléias  representam esta diferença de concepções a que me refiro anteriormente e alerta-me para o grande trabalho de diálogo que devemos construir para que o novo trabalhador da Petrobras possa desenvolver um olhar diferenciado à empresa e ao que ela representa para nós trabalhadores e para o país, e claro também poder ouvir e buscar representá-los da melhor forma possível!

Não tenho dúvidas que estamos (eu e a Direção da FUP) mais do que certos em não aceitarmos discutir as cláusulas sociais e econômicas do ACT da categoria, dentre outros motivos pelo modelo privatista e segregador imposto pela cia na mesa de negociações, mas mais do que isso, por não podermos aceitar um plano de negócios que retira da empresa seu papel de propulsor da economia é industrialização para o país, e os reflexos positivos para o povo brasileiro e para seus trabalhadores!

Este é o momento que devemos discutir a “Pauta pelo Brasil” entregue pelos trabalhadores em Julho e até hoje sem resposta da empresa, que cobra a continuidades dos investimentos, reposição de efetivo, conclusão das obras Comperj, Abreu e Lima e Fafen MS, uma estrutura de SMS Autônoma, manutenção da Petrobras como empresa integrada, incorporação das empresas do sistema, manutenção da Partilha, da operação única do pré-sal, a garantia do mínimo de 30% de participação nos campos de produção, alternativas para o PNG etc.

Se os trabalhadores não entenderem que devem se mobilizar pelo fortalecimento da Petrobras e acham que este PNG, que só quer responder aos investidores, dar respostas financeiras imediatistas ao mercado, vai possibilitar ganhos para a categoria, para o Brasil e para os brasileiros, estão infelizmente enganados, e é neste sentido que tentamos alertar e continuaremos alertando os trabalhadores.

Vamos à greve mostrar força à gestão e ao governo para que possamos garantir o futuro da Petrobras, reestabelecer a autoestima (tão atacada pela mídia) dos petroleiros como categoria forte e protagonista social como sempre foi, construir uma correlação favorável aos trabalhadores e aí sim buscar garantir as melhores condições de trabalho e salários para os trabalhadores!

Companheiros e companheiras não tenho dúvidas que estamos no caminho certo… Sempre defendendo a democracia, contra o golpismo e por uma PETROBRAS cada vez mais forte , VAMOS À GREVE !

 

* Diretor do Sindipetro-BA.