Nascente 913

 Nascente 913

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EDITORIAL

Greve com bancários e petroleiros

Manifesto conjunto lançado nesta semana pela representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil, Juliana Donato, e pelo representante dos funcionários no Conselho de Administração da Petrobrás, Deyvid Bacelar, defende a unificação das greves dos bancários e dos petroleiros. A proposta é a de que as duas categorias tenham uma agenda comum de atividades contra os banqueiros e em defesa da Petrobrás.
“Os trabalhadores brasileiros vivem um momento muito difícil. Como sempre acontece em momentos de crise econômica, governos, Congresso Nacional, banqueiros e grandes empresários lançam seus pacotes de maldades com o objetivo de colocar sobre as nossas costas a conta da crise. Desde o início deste ano, vimos ataques a direitos trabalhistas básicos, como seguro desemprego e pensão por morte, gigantescos cortes no orçamento em áreas como saúde e educação, aumento de tarifas, inflação e desemprego crescendo”, adverte o documento.
Os conselheiros também chamam a atenção para o desmonte da companhia: “Os ataques atingem também a Petrobras, maior empresa do país, onde vem sendo implementado um plano de venda bilionária de ativos e diversas tentativas de entrega do pré-sal brasileiro às multinacionais. Além disso, há uma investida contra os direitos dos trabalhadores da Petrobrás, como se fossem eles os responsáveis pela corrupção na empresa”.
A união destas duas categorias, que já estiveram juntas em vários outros momentos históricos, reforça a unidade de classe e aproxima os trabalhadores do papel de tomar as rédeas da macropolítica, indo muito além das suas reivindicações específicas. União semelhante, que se mantém há muitos anos, é a dos petroleiros com os sem terra, o que faz lembrar que a unidade de classe também se faz com os trabalhadores do campo.
Todos somos trabalhadores e é hora de reagirmos contra ataques do Capitalismo que atingem os mais pobres e assalariados. É greve!

 

ESPAÇO ABERTO

História para iluminar o presente*

Pedro Cardoso Lages**

Os primeiros registros de movimentos classistas no Brasil são do começo do século XIX. No ano de 1958, os Tipógrafos do Rio de Janeiro (80 funcionários de 3 grandes jornais cariocas) resolveram parar as máquinas, reivindicando melhores salários e pedindo o fim de injustiças patronais.
Em 1995, companheiros petroleiros, temos a nossa luta histórica. No dia 3 de Maio de 1995, a greve geral é deflagrada pela CUT, após a traição do então presidente entreguista neoliberal Fernando Henrique Cardoso, que simplesmente não quis cumprir o acordo fechado entre a FUP e Itamar Franco no ano anterior. FHC foi ainda autor de uma frase marcante à época, dizendo que “quebraria a espinha dorsal do movimento sindical”. Essa espinha dorsal manteve unida a categoria durante 32 dias de greve, um marco histórico no Brasil atual. Os ganhos econômicos e principais itens da pauta talvez não tenham sido significativos, porém os ganhos políticos e sociais são o maior legado. A classe conseguiu travar uma política neoliberal de tentativa de venda da empresa, e os petroleiros mostraram à toda sociedade o significado das palavras união, resistência e organização.
Com este histórico em mente, muito me preocupa o rumo que uma parte da categoria está tomando, preocupada apenas com ganhos econômicos e com uma falsa certeza de que seu emprego está garantido por ser “concursado”.
Os companheiros em dúvida, os colegas que hoje ocupam os chamados cargos de confiança e fazem parte da dissidente contingência que só prejudica a própria categoria, peço que coloquem a mão na consciência, que venham à luta, como tantos outros fizeram no passado, conseguindo ganhos históricos. Vamos fazer história, vamos reivindicar que nossa empresa continue tendo seu papel social no país, gerando capital com responsabilidade, pelo bem dos trabalhadores e trabalhadoras que são parte dessa empresa que tanto orgulha o povo brasileiro.

* Editado em razão de espaço. Íntegra publicada originalmente no site do Sindipetro-NF, em http://bit.ly/1LvTXvH.
** Técnico de Operação Pleno da P-56.

GERAL

Geplat denunciado por assédio

O Sindipetro-NF recebeu dos trabalhadores da plataforma P-19 um abaixo assinado pedindo o afastamento de um dos geplats (gerente de plataforma) da unidade. O mesmo documento também é direcionado à FUP e à gerência de governança, risco e conformidades da Petrobrás.
Os trabalhadores relatam, também por e-mail ao sindicato e em contatos com os diretores da entidade, as ocorrências de inúmeros casos de assédio moral praticados pelo gerente.
De acordo com os petroleiros, o gerente “vem causando extremo desconforto, apreensão e intranquilidade emocional aos trabalhadores que aqui prestam serviço, praticando ações que vão totalmente de encontro às boas práticas constantes nos códigos de ética e conduta da Petrobrás, faltando com respeito pessoal e profissional aos trabalhadores próprios e privados”, afirma o documento.
Com base em relatos anteriores, o sindicato mantém denúncia sobre o caso na ouvidoria da Petrobrás e no Ministério do Trabalho. Medidas jurídicas também estão sendo avaliadas.
O sindicato lembra que, especialmente neste momento que antecede a um movimento grevista, aumentam os casos de abusos praticados por gerentes para coagir os trabalhadores — buscando chamar a atenção dos superiores, em busca de promoções por demonstrarem a severidade com que tratam os subordinados.
A entidade solicita à categoria que envie relatos sobre eventuais casos deste gerente ou de outros ([email protected]), para que sejam tomadas medidas políticas e jurídicas.

Desperdício vem de cima

O Sindipetro-NF mantém o seu chamado para que os petroleiros informem à entidade sobre os desperdícios ocasionados por erros da gestão da empresa. Nos últimos dias, a entidade tem recebido relatos que confirmam a suspeita inicial de que os gestores falam em cortar direitos dos trabalhadores, mas não enfrentam os gastos desnecessários e desmandos praticados por gerentes.
A P-54 mantém, desde julho de 2013, duas plataformas de trabalho em altura (PTA), a um custo de R$ 4 milhões em quatro anos, que estão subutilizadas. “Em dois anos a bordo da P-54 [as plataformas] foram pouquíssimas vezes utilizadas, não chegando a cinco vezes. Devido ao peso e tamanho não são compatíveis para a utilização em plataformas onde há várias tubulações e estrutura passando. A ideia dos gerentes era a substituição dos andaimes, porém as mesmas só ficam paradas, inclusive não estão operacionais. Não precisa ser um bom entendedor para ver que o nosso dinheiro está sendo jogado fora”, relatam os trabalhadores. A baixa utilização da PTA também foi relatada ao NF em relação à P-48, onde ocorre caso semelhante ao da P-54.
Na P-62, a denúncia é a de que a plataforma “foi retirada do estaleiro em Pernambuco incompleta. Foi feito um relatório interno no qual estava escrito que, caso a unidade ficasse por mais quatro meses no estaleiro, sairia inteiramente pronta. Essa parte incompleta, para ser concluída no mar, necessitaria de cerca 18 meses a um custo altíssimo, pois necessita de sondas (duas) para servirem de flotel para 20 pessoas cada, helicópteros para transbordo e um tempo muito maior para entrar em operação plena”.
Outro caso é o da P-53, onde “o heliponto da unidade foi construído levando-se em consideração que seu aproamento seria fixo. No decorrer do projeto o sistema de ancoragem foi alterado para ser turret, o que faz com que a embarcação fique aproada em uma resultante corrente/vento. Como o heliponto fica muito baixo, o casario provoca uma espécie de vácuo, o que dificultava ou tornava o pouso de aeronaves muito perigoso. Notem que no início das operações desta, teve períodos em que desembarques foram adiadas por até cinco dias. A solução encontrada foi de por um grande rebocador para aproar a embarcação em caso de pouso aeronaves, caso a velocidade/direção do vento esteja desfavorável. Tive informações de que no final do ano começarão obras para corrigir tal problema, após todos esses anos e a um custo altíssimo”.
Diversas evidências de desperdício também foram informadas ao NF em relação à P-26, que podem ser conferidas em http://bit.ly/1Lvya7j.

Ações por reposição do efetivo

A convocação dos aprovados nos concursos da Petrobrás em 2014 é a base de duas ações civis públicas que o jurídico do Sindipetro-NF deu entrada na última sexta, 9. As ações solicitam a suspensão da realização de novos concursos e dos contratos atuais e futuros, até que seja sanada essa irregularidade.
De acordo com a entidade, a companhia tem tido a prática de não convocar os aprovados nos concursos e terceirizar suas atividades fins — como, por exemplo, acontece com funcionários da Skanska que realizam funções de técnicos de estabilidade e de perfuração.
Consulta aos processos
Além de denunciar em seus veículos de comunicação e defender a Pauta Pelo Brasil , a diretoria do Sindipetro-NF tem trabalhado pela recomposição do efetivo através de medidas jurídicas. As ações civis públicas são referentes aos concursos da Petrobrás 2014.1 e 2014.2. Os processos podem ser consultados pelos números 0011789-31.2015.5.01.0482 (Concurso 2014.1), na 2ª Vara do Trabalho de Macaé, e 0012318-47.2015.5.01.0483 (Concurso 2014.2), na 3ª Vara do Trabalho de Macaé.

Hora de votar nos Conselhos

Do site das chapas 74 e 81

O eleitor poderá votar pela Internet, usando a matricula e senha que usa para acessar o portal da Petros; ou pelo telefone. Nesse caso, com a senha enviada pela Petros através do Correio.
Se por um acaso você não recebeu a senha pelos Correios, pode solicitar uma segunda senha, ligando para o telefone 0800 025 35 45. Ele pode ser usado para solicitação de senha adicional, casos de perda ou não recebimento pelos Correios e receberá ligações de celular, gratuitamente.
O eleitor deverá votar em uma única dupla, formada por titular e suplente, para compor o Conselho Deliberativo e em outra dupla, formada por titular e suplente, para compor o Conselho Fiscal.
Na votação pela Internet, após o eleitor acessar o portal www.petros.com.br e digitar a sua matrícula e senha da Petros, será aberta a área do participante. Em seguida, o eleitor deverá clicar no banner “ELEIÇÕES 2015” e digitar o seu CPF; após essa etapa o eleitor terá acesso à cédula de votação. Escolhidas as duplas 74 e 81, o eleitor deverá confirmar o voto na tela seguinte.
O eleitor poderá votar também pelo 0800 602 3120, a ligação é gratuita, inclusive ligando do celular. Após ligar, o eleitor deverá digitar o seu CPF e a senha de votação enviada pelo Petros.
Em seguida, o eleitor deverá digitar o número da dupla do Conselho Deliberativo (74); depois deverá digitar o número da dupla ao Conselho Fiscal (81). Após a mensagem eletrônica informar os nomes dos candidatos que o eleitor digitou corretamente, basta o eleitor digitar o número 5 para confirmar e encerrar a votação.
Cada eleitor poderá votar somente uma vez, independentemente do número de benefícios que receba da Petros. O tutor e o curador, devidamente qualificados na Petros, poderão votar pelo seu representado.

 

CURTAS

Cesta de Macaé

Em setembro de 2015, o custo médio da cesta básica em Macaé, pesquisada pelo Dieese em convênio com o Sindipetro-NF, foi de R$324,69, registrando uma queda de 0,37%, em relação ao custo verificado no mês anterior. No acumulado no ano de 2015, até o mês de setembro, o custo médio da cesta básica aumentou 5,33%. Na comparação com setembro de 2014, o valor é 16,72% superior. Veja pesquisa completa em http://bit.ly/1Qxo99X.

Cipa de P-40

Após pressão da Diretoria do Sindipetro-NF para realização de nova reunião de Cipa em P-40, uma extraordinária foi agendada para sexta amanhã. A entidade será representada pelo diretor Valdick Oliveira. A reunião que aconteceria no dia 9, com participação do sindicato, mas foi antecipada pelo presidente da Cipa da unidade, descumprindo o Acordo Coletivo.

Intoxicação

Na semana passada ocorreu um acidente grave envolvendo uma operadora de rádio de PVM-2. Segundo trabalhadores, a petroleira foi vítima de intoxicação, depois que pintaram a porta do seu camarote, enquanto ela dormia. O trabalho foi realizado sem PT (Permissão para o Trabalho) e com consentimento da gerência, a pedido de outra trabalhadora. O serviço foi feito mesmo tendo a operadora informado que é alérgica.

Luto

Morreu a bordo da UMS Praia do Arpoador, no último dia 11, um dos pintores da Odebrecht, Alex dos Santos Barreto, 28 anos. O trabalhador teve uma crise convulsiva, foi atendido pelo médico da UMS, mas não resistiu. O sindicato acompanha a apuração do caso para saber se pode ter havido alguma forma de negligência no socorro ao petroleiro.

12º CECUT

Aberto na terça, 13, com as presenças da presidente Dilma Rousseff e dos ex-presidentes Lula e José Mujica, do Uruguai, o 12º Congresso da CUT termina hoje, reunindo 2.435 delegados e delegadas de todo o País. Também participam 219 dirigentes de sindicatos de 71 países. A CUT é a quinta maior central sindical do mundo e a primeira a adotar, a partir da eleição neste congresso, a paridade de gênero, com a obrigatoriedade de haver 22 mulheres e 22 homens na direção nacional da central. Diretores do Sindipetro-NF participam do Congresso da CUT. Acompanhe relatos no Face do sindicato, com link a partir de www.sindipetronf.org.br.

NORMANDO

Querem piorar o ACT da Petrobrás

Normando Rodrigues*

Se você quer perder direitos, e favorecer a proposta da Empresa, discuta o ACT. Não é simples. Mas é isso.
Muitos ainda não entenderam, e indagam por que a FUP e o Sindicato não discutem a proposta de ACT que a empresa lançou. A resposta é simples: a melhor maneira de descredibilizar a proposição é não a levar a sério.
Negociação coletiva de trabalho pressupõe boa fé, respeito entre os interlocutores e, sobretudo, Liberdade Sindical e Direito de Greve. Nenhum desses componentes existe na Petrobrás.
Por que piorar?
A proposta da Petrobrás pressupõe que os trabalhadores sejam os responsáveis pela crise. Não esperem disposição para um debate sério sobre a evolução dos custos absoluto e relativo de pessoal, no histórico de gastos. Gerentes fugirão do tema como Mefistófeles da luz.
Muito menos discutirão a evolução do efetivo, pois a terceirização é fonte de “recursos” para muitos. E de forma alguma conversarão sobre a indústria de horas extras que favorece apaniguados e mantém uma corrupta estrutura de poder.
A saída, então, é a redução do adicional de horas extras, e o fim das ações de RMNR e do Repouso Remunerado. É como culpar os petroleiros pelo roubo cometido por amiguinhos gerenciais.
Quem quer piorar?
O grupo gerencial formulador dessas proposições representa, dentre outros, amigos dos ex-diretores presos, e expressam uma cultura corporativa que tolera o intolerável, tal como no caso de gerente que assediou e filmou ato sexual de trabalhadora de atividade terceirizada. Punido? Não. Promovido!
Ou como na famosa “caixinha” para pagar advogado de gerente preso pela Polícia Federal e que, não obstante responder a seis ações penais, foi promovido logo após a soltura. Das grades para a gerência financeira de projetos…
A lista – toda documentada em denúncias ao Ministério Público – é maior do que esse espaço. Para nós, essa e a razão de certas pessoas se apresentarem como “paladinos” ante o banqueiro-presidente.
Lixo é destino das propostas
Em todas as negociações da Petrobrás que acompanhamos, desde 1990, os trabalhadores apresentaram primeiro uma proposta de ACT. Proposta em seguida jogada no lixo, pela Empresa, iniciando-se a negociação, de fato, a partir da Contraproposta da Petrobrás.
Esse ano, pela primeira vez, a Petrobrás apresentou sua proposta antes.
Por quais razões os trabalhadores deveriam dar a essa proposta a importância e seriedade que a Petrobrás negou às suas nos 25 anos anteriores?

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]