Imprensa da FUP – A crise que a Petrobrás atravessa é eminentemente de liquidez. Mas em vez de propor alternativas para o financiamento da dívida, a direção da empresa optou por reestruturar o Plano de Negócios e Gestão, cumprindo à risca o receituário do mercado financeiro. Além de cortar em 37% os investimentos previstos até 2019 e reduzir em 66% a meta de produção de petróleo que seria alcançada em 2020, a ordem é fazer caixa com a venda de ativos. Quem se beneficia com essas medidas se não o mercado, os especuladores e os privatistas?
A Petrobrás passou a ter como principais valores a disciplina de capital e a rentabilidade dos acionistas. Enquanto isso, o povo brasileiro sofre as consequências do encolhimento da empresa. Milhares de trabalhadores perderam seus empregos, obras que estavam prestes a serem concluídas foram interrompidas, projetos estratégicos estão indefinidamente suspensos e a cadeia produtiva do setor segue sendo desmantelada.
A indústria naval, por exemplo, já perdeu 15 mil postos diretos de trabalho somente no primeiro semestre de 2015. Segundo estudos do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, o Brasil deixará de criar 20 milhões de empregos até 2019, se mantidos os desinvestimentos na indústria de petróleo. Só a Petrobrás seria responsável por 70% dessas perdas, em função dos postos de trabalho diretos e indiretos que deixaria de gerar.
Os impactos já começam a repercutir no PIB. Estudos da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda estima que as reduções de investimentos da Petrobrás poderão afetar em até 2% o PIB de 2015. Segundo o estudo, para cada R$ 1 bilhão que a estatal deixa de investir no país, o efeito sobre o PIB é de R$ 2,5 bilhões.
A Petrobrás quer vender US$ 57,7 bilhões em ativos e reduzir em US$ 130,3 bilhões os seus investimentos até 2019
Para cada R$ 1 bilhão que a empresa deixa de investir no país, o efeito sobre o PIB é de R$ 2,5 bilhões
20 milhões de empregos deixarão de ser gerados em função dos desinvestimentos