Recado das ruas é contra o golpe e por mudanças

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Primeira Mão 1208 – Três dias após o fiasco dos protestos que os golpistas realizaram no dia 13 de dezembro, os movimentos populares, entidades sindicais, organizações estudantis e da juventude tomaram as ruas do país, em uma grande mobilização nacional em defesa da democracia. Segundo levantamento dos organizadores, mais de 200 mil pessoas participaram das manifestações que lotaram praças e ruas das principais cidades do país  na última quarta-feira (16).

Os petroleiros estavam presentes, repudiando o golpe e cobrando mudanças na política econômica do governo e a prisão de Eduardo Cunha. Com faixas, cartazes e palavras de ordens, gerações diversas de brasileiros gritavam em uma única voz: “Dilma fica, Cunha cai” e “Fora Levy”. Em São Paulo, foram 100 mil pessoas. Em Brasília e Belo Horizonte, mais de 20 mil. Em Recife, 30 mil.

A direção da FUP, que reuniu-se em Curitiba para avaliar os próximos passos da luta em defesa da Petrobrás e do Pré-Sal, em conjunto com os movimentos sociais, tomou o centro da capital paranaense com seus jalecos de petroleiros, junto com os químicos, professores, trabalhadores do campo, metalúrgicos, estudantes, em uma grande festa em defesa da democracia.

E Levy caiu

O povo organizado mostrou nas ruas a sua força e conquistou vitórias importantes, como a saída do ministro Joaquim Levy e a decisão do STF, que derrubou as manobras golpistas de Eduardo Cunha para fazer tramitar de forma inconstitucional o impeachement da presidente Dilma. As ruas deram o recado e o povo continuará cobrando mudanças na política econômica, com retomada dos investimentos, geração de renda e empregos. Que a saída de Levy aponte nesta direção.

Por mais democracia e direitos

No dia seguinte às manifestações em defesa da democracia, os movimentos sociais, artistas e intelectuais entregaram à presidente Dilma Rousseff um manifesto em defesa da democracia e da legalidade, contra o impeachment e o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. As lideranças sociais cobraram mudanças na política econômica e manutenção das conquistas do povo brasileiro.

O cineasta Luiz Carlos Barreto, um dos 800 nomes que endossam o manifesto, rechaçou o impeachment: “Nós que vivemos direto ou indiretamente sob o regime da ditadura militar, que sofremos censura, restrições e várias formas de opressão para restabelecer o Estado de Direito, não aceitaremos qualquer retrocesso nas conquistas históricas”. O economista Marcio Pochmann, que também assina o manifesto, ressaltou que “as famílias, as empresas e o governo não podem continuar submetidos à lógica do mercado financeiro, do mercado especulativo”. Ele cobrou um planejamento de médio e longo prazo que tenha por base a inclusão social e o crescimento econômico sustentável.

PGR pede ao STF que afaste Cunha

Os movimentos sociais comemoram durante as manifestações do dia 16 a ação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu ao STF o afastamento de Eduardo Cunha, tanto do mandato de deputado federal, quanto da presidência da Câmara. No parecer de 183 páginas, Janot lista “vários crimes de natureza grave” cometidos por Cunha, como o uso do cargo em benefício próprio, integração de organização criminosa, obstrução das investigações. Apesar a importância do tema, o STF só irá se posicionar sobre o afastamento de Cunha a partir de fevereiro, após o recesso do Judiciário.