*Claudio Nunes
Ao passar por uma rodovia, quando vou ao trabalho, observo nas áreas livres o cuidado que se tem em preparar o solo, as sapatas antes de levantar as primeiras colunas de um galpão ou de uma casa.
O ano de 2015 foi um ano de “terraplanagem” para nós trabalhadores da Transpetro, independente em qual local do país nós trabalhamos ou em qual quadro nós estamos lotados, se é mar ou terra.
Fomos construindo a idéia de nos conhecermos, focando não só nos problemas de locais de trabalho, mas na particularidade onde cada um trabalha, cito: Terminais, Malha, Navios e prédios administrativos.
E alguns passos foram dados, como o Primeiro Seminário Nacional da Transpetro realizado em Macaé/RJ, com representantes de todo o país e com as interfaces de comunicação sendo aprimoradas para diminuir as distancias como, por exemplo:
1 – Whatsapp: Grupo Nacional que possuem companheiros de diversas áreas e de diversos estados, compartilhando acontecimentos e informes sindicais de suas unidades.
2 – Facebook: Está pagina que alimento de noticias de informes sindicais que saem nos portais ligados de alguma forma a Transpetro.
Este estreitamento foi crescendo. Ao mesmo tempo foi acordando a luta pela incorporação da empresa Transpetro Pela Petrobras. Mesmo com os limites de uma legislação que foram criadas durante o governo FHC, levantamos as primeiras paredes nesta linha de construção.
No PlenaFUP de 2015, no auge dos ataques contra o Sistema Petrobras, que se solidificou com a aprovação do PNG 2015-2018, onde apontava a venda das subsidiárias e de unidades da própria Petrobrás, surgem defesas emocionadas, sem perder a técnica, da defesa de uma empresa do Poço ao Campo, passando pelos dutos da Transpetro. Foi quando surgiu a Pauta pelo Brasil.
As bases
Partindo para as bases, fomos todos preparar os trabalhadores para uma batalha que visava defender a Petrobras é defender o Brasil. Em paralelo quatro frentes de batalha foram abertas:
1 – Legalidade da greve – Onde se envolveu o MPT para que intermediasse o regramento da greve entre a FUP e a Petrobras
2 – Negociação – Tentativas frustradas para que a empresa senta-se na mesa para negociar a Pauta pelo Brasil com todas as empresas do sistema Petrobras.
3 – Comunicação – Frente Social. As tentativas para que o governo federal escutasse o clamor dos sindicatos filiados à FUP em conjunto com os movimentos sociais, que diziam que a saída do desemprego, da agricultura familiar, tecnologia nacional e da economia passava em manter o sistema Petrobras integrado do poço ao campo e ao retorno dos investimento, e não por meio da receita neoliberal que está sendo aplicada pelo governo, através do Levy.
4 – Infantaria Petroleira – Se não bastasse, a FUP e seus sindicatos lideraram atos, audiências, reuniões e eventos chamados como Guerra contra o Golpe e a favor da Petrobras. Projetos de leis que tinham como pano de fundo quebrar a empresa para privatizar, como a PLS131 e a PLS555, criados e capitaneados pelos caciques da direita, foram e estão sendo combatidos com a liderança dos sindicatos da FUP.
Nesta fase, uma frase emplacou através de uma faixa se espalhando pelo país, vemos em todos os atos no país inteiro: SOMOS 200 MILHÕES DE BRASILEIROS POR UMA PETROBRAS 100% PÚBLICA.
Esta faixa surgiu no Ato na ABI no primeiro semestre e se popularizou. Não posso deixar de citar de qual mente saiu a frase: Alessandro Trindade, Diretor Sindipetro-NF.
A greve
Chegou a greve, dia 01 de novembro, após ter esgotado todas as opções de negociação com a empresa e com o governo, os petroleiros representados pelos 13 Sindicatos cruzaram os braços. Nós da Transpetro demos um show em todo o país, com adesões em alguns setores chegando próximo a 100%, na defesa da abertura do diálogo para que se discuta a estrutura da empresa.
A greve foi finalizada vinte dias depois, porém com estado de greve mantido, a empresa teve que abrir o diálogo para discussão sobre a empresa através de um GT, e o acordo coletivo que a empresa apontava na retirada de direitos foi renovado na sua integridade, com a reposição da inflação.
Diferente de outros anos, este ciclo não terminou. A discussão sobre a incorporação dos trabalhadores da Transpetro só pegou corpo, agora precisa ganhar mais volume e ser debatidos nos fóruns regionais, para isto, nós trabalhadores da Transpetro precisamos disputar vagas como delegados, ouvintes e visitantes nestes fóruns. Na Plenafup de 2016 precisamos também ocupar os espaços.
A incorporação da empresa Transpetro precisa ser mais debatida, crescer mais ainda, para surgir novas deliberações para atuarmos pressionando para mudar a lei que criou a Transpetro, como as portarias que dividiram o papel de operação, transportadora e distribuidora.
Vejo um ano de 2016 de muito mais luta que 2015, porém acredito que nós trabalhadores da Transpetro estamos mais organizados, e mais lideranças, altamente capacitadas, estão aparecendo, por isso tenho certeza que será bem promissor.
Termino falando aos colegas da base que sou lotado, que é o TECAB, um pouco diferente do restante das bases da Transpetro. Estamos em uma situação delicada, onde com a migração do ativo TECAB para a Petrobras, estaremos cedidos segundo a empresa, por uma questão de interesse dos gestores, pois nada impede que a Petrobras incorpore. O Sindipetro-NF está fazendo todos os esforços para que por meio da negociação a Petrobras incorpore os trabalhadores. Mas tenham certeza, que se for necessário o sindicato e os trabalhadores, juntos irão se mobilizar para conquistar o objetivo.
“A liberdade é para que possamos pensar diferente, porque para estar de acordo não é necessária a liberdade.” – Pepe Mujica
Deixo um abraço a todos e um Feliz Natal e um próspero Ano Novo para todos nós. Que Deus nos abençoe muito mais em 2016 do que foi em 2015 e que tenhamos um 2016 com novos pensamentos para as lutas que virão!
* Tec. Operação Jr – TECAB – 10/2006, Diretor Sindipetro-NF e Diretor Suplente da FUP