Nascente Setor Privado 106

Um ano de difícil no setor

O ano de 2015 não foi fácil para ninguém, mas para os trabalhadores do setor petróleo foi um ano muito difícil. Principalmente porque houve uma considerável redução das atividades no setor petróleo, o que impactou nos Acordos e em muitas demissões.
Apesar de tudo, o Sindipetro-NF negociou Acordo de 21 empresas e na maioria, conseguiu repor a inflação do período. Em outros, conseguiu índices bem acima da inflação como Nesglobal foi 14,71% e PWR foi 11%.
Não foram negociações fáceis. Na maioria delas o patrão queria jogar na conta do trabalhador as suas perdas, mas o sindicato se manteve firme e não permitiu que a categoria pagasse mais essa conta. O fato que deu mais força à direção na hora da mesa de negociação foi o aumento no número de filiações,
No campo jurídico, o Sindipetro-NF entrou com três ações importantes. Uma delas cobrando o cálculo correto das horas extras pagas de forma errada aos trabalhadores da Falcão Bauer. Na Perbras pelo pagamento correto das horas extras e na Halliburton pelo pagamento em dobro do repouso mensal remunerado (folgas) suprimido dos seus empregados.
Outro luta importante travada em 2015 foi de combate ao PL4330, da terceirização e da precarização do trabalhador que acabou sendo aprovada na Câmara e está para ser votado no senado a qualquer momento, agora com o nome de PLC 30.
Em paralelo a isso tudo, os ataques à Petrobras continuavam e a categoria petroleira saiu em Defesa da Petrobras e do Brasil, o que culminou com a grande greve de novembro de 2015.
O ano parecia não querer terminar. O Congresso Nacional protagonizou um dos seus piores momentos da República, discutindo a possibilidade de golpe contra a presidenta Dilma, ao mesmo tempo em que se ancora em manobras regimentais para tentar salvar a pele do mais nefasto dos presidentes que passaram pela Casa. Aprovaram o processo de impedimento da Presidente Dilma.
Tudo isso confirma a importância e a necessidade de um comportamento de unidade, vigilância constante e disposição permanente para uma luta que não tem fim. Por isso, o NF chama a categoria de todas as empresas representadas pelo NF a aumentarem a participação na luta, pois os desafios de 2016 são tão grandes como os de 2015.

 

Na luta contra o PL da escravidão

Categoria está de olho na proposta para que trabalhadores não sejam mais prejudicados

A classe trabalhadora recebeu um grande golpe ano passado pela maioria deputados federais, capitaneados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que votaram a favor do PL4330, contra o direito dos trabalhadores, ao priorizar ainda mais o empresariado, autorizando as terceirizações em toda a cadeia produtiva de uma empresa.
A proposta será agora apreciada pelo Senado (PLC 30), onde deve passar por alterações, já que diversos senadores tiveram a mesma visão negativa da proposta que tiveram os trabalhadores. Para a categoria petroleira, assim como outras, a aprovação da PL da Escravidão representa que a atividade fim das empresas pode ser terceirizada, o que para os milhares de trabalhadores que já atuam como terceirizados será um risco ainda maior com relação à rotatividade do trabalho em busca do menor custo e ameaça constante de demissão.
De acordo com um levantamento da CUT, o trabalhador terceirizado trabalha três horas a mais, em média, além de receber 25% a menos pelo menos serviço. O Senador Lindbergh do PT também compreendeu desse jeito e afirmou que terá uma “guerrilha regimental” para impedir a aprovação do projeto. “A terceirização da maneira como foi aprovada na Câmara terá como conseqüência a redução dos salários e não vamos concordar com isso”, afirmou.
A categoria continuará mobilizada contra o projeto. Caso seja necessário se coloca a disposição para um novo trancaço como o realizado no Dia Nacional de Paralisações convocado pela CUT, em maio. Além do trancaço surpresa, na sede de Imbetiba, vinte plataformas foram paralisadas e em Cabiúnas a rendição foi cortada nas trocas de turno das 7h e das 15h.

 

Campanhas Salariais

Mais de 50% dos Acordos assinados

Sindipetro-NF negociou em 2015 Acordos Coletivos de 21 empresas do setor privado

Em 2015, o Sindipetro-NF e os trabalhadores do setor privado entraram na luta para ampliar suas conquistas nos Acordos Coletivos. Ao todo foram 21 empresas do setor em negociação para que as demandas da classe trabalhadora fossem atendidas. Como sempre a batalha não foi fácil para fazer com que os patrões compreendessem a importância de manter os benefício da categoria e repor a inflação. Em alguns momento foi necessária mobilização da categoria e muita pressão nas mesas, inclusive com saída das mesas em caso de impasse.
A notícia boa é que o ano de 2016 começou com mais da metade das empresas com o acordo aprovado. Até o momento são 12: Tetra, Champion, Schlumberger, Geoservices, Smith, Mi Swaco, Expro, Baker, BJ Services, Weir Spm, Nesglobal e PWR. Os maiores reajustes foram da Nesglobal e da PWR, ficando com 14,71 e 11%, respectivamente. Os demais variaram entre 7,5 e 8,5%, repondo a inflação do período. Apenas a FRANK’s teve o acordo negado.
A negociação ainda continua na International Logging, Halliburton, Cetco, Superior, Exterran, Falcão Bauer, Saybolt e Perbras.
Na avaliação do NF, a força e a união da categoria são indispensáveis nessa hora, já que muitas negociações não são fáceis e exigem esforços extremos também por parte da categoria. Como foi o caso da Baker, onde o sindicato realizou uma manifestação no portão da base, por conta do silêncio da empresa em relação aos ofícios enviados pelo descumprimento de várias cláusulas do ACT, fechado em setembro do ano anterior.
Outro negociação que se arrasta é a da Schlumberger, que dentre outras, queriam impor a reposição abaixo da inflação, enquanto reformavam a sede na França, além de adquirir novas empresas. Nesses casos, seria impossível uma negociação, se não fosse o posicionamento firme do Sindipetro-NF.
Segundo o coordenador do Departamento dos Trabalhadores do Setor Privado, Leonardo Ferreira, é muito importante que os trabalhadores participem, interajam e fiquem atentos ao sindicato durante as campanhas salariais. ”A entidade representa formalmente o trabalhador, mas é ele, no dia a dia, que sabe das suas reais necessidades e condições de trabalho, além de ser quem detém de fato do poder de, coletivamente, pressionar por conquistas e garantia dos direitos” – enfatizou.

Expro: Após negociação exaustiva, NF fecha ACT

Uma negociação difícil que envolveu boatos por parte da empresa, postura desrespeitosa em mesa e o sindicato se retirando da negociação. Os fatos aconteceram na Campanha Salarial da Expro, que quis impor uma proposta com perda salarial de mais de 1% em relação a inflação de período, que era de 8,3%.
No dia 14 de dezembro foi aprovado o indicativo do Sindipetro-NF de aprovação do Acordo Coletivo 2015/2016. Com data base em maio, a categoria conquistou uma proposta da empresa de reajuste de 8,4%.
Para o diretor do Setor Privado, Leonardo Ferreira, a assinatura desse Acordo representa a recomposição das perdas do trabalhadores. “A Expro não pagava reajuste dos tickets retroativos. Nesse Acordo conquistamos uma cláusula que garante o retroativo dos tickets a partir do ano que vem” – concluiu Leonardo Ferreira.

Superior

Fraude na Cipa da Superior é denunciada

Depois de receber denúncias da categoria informando sobre irregularidades no processo eleitoral da Cipa da empresa Superior, no dia 26 de março, a empresa foi notificada pelo sindicato através de ofício para prestar esclarecimentos sobre o caso. Os gestores estavam pressionando trabalhadores a votar nos seus candidatos. Como consequência da ação foi feita uma nova eleição, com resultado diferente do inicial, mostrando para a empresa que a Cipa é um instrumento para prevenção de acidentes e defesa do trabalhador.
“É inadmissível que pessoas irresponsáveis tenham sido capazes de burlar uma NR, coagindo e perseguindo trabalhadores ”, avaliou na época o coordenador do Setor Privado, Leonardo Ferreira.

 

SMS

Terceirizados são maiores vítimas

Na área da segurança, o ano petroleiro foi marcado pela tragédia do FPSO Cidade São Matheus, que matou nove trabalhadores da empresa BW em explosão no navio plataforma afretado pela Petrobrás no Espírito Santo, em fevereiro. Do acidente também resultou o saldo de 26 feridos fisicamente e 39 traumatizados psicologicamente. Na Bacia de Campos, o quadro de insegurança também continua alarmante, com a ocorrência de quatro mortes por acidente de trabalho, a mais recente delas no dia 7 de dezembro, em embarcação da empresa Subsea 7.

Houve, no entanto, redução no número de acidente de trabalho, na comparação com 2014, pelo menos de acordo com as CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) emitidas pelas empresas e recebidas pelo sindicato até 30 de novembro — não estando descartada a possibilidade de subnotificação.
Em 2015, somente na Bacia de Campos, ocorreram 194 acidentes com trabalhadores da Petrobrás (foram 246 em 2014), 964 com trabalhadores do Setor Privado (1264 em 2014) e um com empregado da Transpetro (26 em 2014).