Nascente 927

Nascente 927

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Editorial

Os capatazes do GD

O Sindipetro-NF denunciou na semana passada, mais uma vez, que gerentes da Bacia de Campos estão utilizando o malfadado instrumento do Gerenciamento de Desempenho (GD) para punir trabalhadores, tomando como referência relatórios das auditorias de Permissões de Trabalho (PT). Para o sindicato, os dados produzidos a partir do levantamento das informações sobre as PTs deveriam ser utilizados para aumentar a segurança dos trabalhadores, e não para dar vazão aos ímpetos persecutórios dos gerentes.
As auditorias nas PTs são feitas por técnicos de segurança e apontam erros nos documentos, com o objetivo de corrigí-los e melhorar o processo de trabalho, tornando-o mais seguro. No entanto, gerentes estão utilizando estes erros para promover perdas nos pontos dos trabalhadores no Gerenciamento de Desempenho, o que não será aceito de nenhuma forma pelo NF.
Em outubro de 2015, o sindicato já havia denunciado a ocorrência do ato abusivo das gerências. O NF, como agora, recebeu relatos dos trabalhadores que evidenciam a prática. “Os trabalhadores afirmam que se o emitente bloquear a PT por causa de erros, e isso é frequente, ele é perseguido e assediado por não liberar o serviço. Na maioria dos casos, são erros simples, mas identificado em auditorias”, registrou a entidade na época (íntegra em http://bit.ly/1QG9bgi).
O uso dos dados advindos das auditorias nas PTs no Gerenciamento de Desempenho, para punir trabalhadores, é sintoma da permanência da uma cultura autoritária na Petrobrás. Mesmo após tantos anos de democratização e de governos populares no Brasil, a tradição militar e conservadora da empresa ainda influencia nas decisões dos gestores, que se comportam como capatazes e com condutas antiquadas até para padrões de mercado.
Mesmo passando por gravíssimas consequências desta cultura autoritária — que gerou e manteve por décadas uma casta corrupta na empresa —, os gestores da Petrobrás ainda não aprenderam que transparência, diálogo e boa ambiência são os maiores promotores do trabalho engajado, justo e produtivo.
A entidade mantém o seu alerta sobre o tema, volta a cobrar da Petrobrás a correção destes casos e estimula as denúncias dos trabalhadores por meio do [email protected].

 

Espaço aberto

A verdade dos 450 milhões

Alessandro Trindade e Cláudio Nunes*

Quatrocentos e cinquenta milhões de reais foi um numero encontrado, ou melhor, o numero próximo do que a Petrobrás deixou de arrecadar com a venda de barris de Petróleo em 2015. Esta venda que foi impossibilitada por que os gestores da P-65 ignoraram os avisos do SindipetroNF sobre os problemas de segurança a bordo, e os mesmos preferiram, ao invés de resolver o problema para o bem da unidade e dos trabalhadores, partir para a perseguição política contra o diretor sindical, abortando diversas vezes o embarque do mesmo, sendo resolvido após desgaste e punições contra diretor lotado na unidade, como também aos trabalhadores que optaram por alertar a gestão sobre os problemas da unidade.
Mas a ANP (Agencia Nacional de Petróleo), o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e a Marinha ouviram as denúncias realizadas pelo Sindipetro-NF, consideraram grave o que foi encontrado na plataforma. O custo da incompetência e atitude criminosa da gestão da P-65 rendeu 75 dias de interdição, que resultou nos 450 milhões de reais que a Petrobrás deixou de arrecadar (isto se ignorarmos se este petróleo fosse refinado). Este valor representa quase 25% do valor que a Mitsui deseja pagar pela Gaspetro. Então o que a Petrobrás deixou de arrecadar seriam bem maior.
Mas, o que aconteceu após a interdição? Foi a indagação do Sindipetro-NF na reunião com o RH da Petrobrás. A resposta foi a de que os problemas da unidades foram sanados e a unidade voltou a operar. Não foi imputada responsabilidade aos gestores.
E os fatos passados que trazem estranheza e que já foram denunciados em relação à reforma dos camarotes, que custou cerca de R$ 400 mil reais por unidade e gerou o custo de 120 milhões no fim da obra, utilizando material de qualidade inferior do que foi projetado? O que foi investigado?
Esta é uma de muitas denúncias que o Sindipetro-NF possui, que indicam custos mensais de milhões de reais. Mas a gestão da Petrobrás insiste em não querer ouvir. Insiste em não querer resolver. A dúvida: por que?

* Diretores do Sindipetro-NF.

 

Capa

TRABALHADORES EVITAM TRAGÉDIA

Incêndio na plataforma poderia ter atingido grandes proporções se não fosse pela atuação dos petroleiros a bordo

A ocorrência de um incêndio na sexta, 12, em P-20, localizada no Campo de Marlim, foi denunciada ao sindicato pelos trabalhadores. Segundo eles, um trabalho de soldagem estava sendo executado no piso 400, quando irradiou calor para a cobertura do teto da zona 315, da chegada dos poços. A cobertura do teto pegou fogo, mas as chamas foram debeladas através de atuação da válvula de acionamento remoto de combate a incêndio (ADV) e extintores. Ninguém se feriu.
O incêndio ocorreu durante a troca de turma, por volta das 16h, e o pessoal que tinha acabado de embarcar não teve tempo de fazer o briefing, indo direto assumir a brigada ou para os pontos de reunião.
Relatos dão conta de que o fogo poderia atingir rapidamente a chegada dos poços e acarretar um acidente de grandes proporções na unidade, se os trabalhadores não atuassem rápido.
A gerencia da Petrobrás, questionada pelo sindicato, alegou que foi um “princípio” de incêndio confinado no espaço entre chapa, onde estava sendo realizado serviço a quente, e o teto abaixo, que foi debelado com extintor e não houve disparo automático do alarme.
A plataforma de P-20 vem demonstrando, há alguns anos, que está prestes a protagonizar uma tragédia, em razão de diversos erros de gestão em relação à segurança. Os trabalhadores denunciam insistentemente o sucateamento da unidade.
No dia 26 de dezembro de 2013, um incêndio de grandes proporções no sistema de injeção de produtos químicos chegou a interromper a produção na mesma plataforma. Durante esse acidente, um dos trabalhadores a bordo na plataforma inalou fumaça e um outro sofreu torção no pé. Na época, barcos de combate a incêndios (Fire Fighting) foram deslocados e foi realizada uma operação de rescaldo para resfriamento do local atingido pelo incêndio.
Para o Sindipetro-NF a gestão da Petrobrás precisa parar de aplicar sua política de insegurança e passar a atuar de forma séria na proteção da vida de seus trabalhadores. “Neste fevereiro, um trabalhador da Reduc caiu num tanque a 75ºC e morreu. E na RLAM aconteceu um acidente que poderia ter sido mais uma catástrofe. Até quando a gestão da Petrobrás irá tratar nossas vidas com descaso?”, questiona a diretoria do Sindipetro-NF.

Evento do NF

Paulo Henrique Amorim hoje no NF

O Teatro do Sindipetro-NF recebe hoje o jornalista Paulo Henrique Amorim, para palestra de lançamento do livro “O quarto poder – uma outra história” (Hedra). O evento terá transmissão ao vivo pelo site da entidade (www.sindipetronf.org.br) e pela Rádio NF (www.radionf.org.br).
O lançamento está sendo organizado pelo cursos de Comunicação Social da Faculdade da Salesiana de Macaé, em parceria com o Sindipetro-NF. O evento terá na plateia estudantes e sindicalizados previamente inscritos. O limite de lugares no teatro, para 180 pessoas, foi atingido.
O livro
“O quarto poder – uma outra história” é um livro de memórias e um livro de história: a história pouco conhecida dos meios de comunicação no Brasil desde os primórdios, no período Vargas, passando pela criação e pelo apogeu da Rede Globo, a partir do governo militar, e incluindo os bastidores de grandes momentos da história contemporânea.

P-52 e P-31

Embarques do NF em plataformas

Dois diretores do Sindipetro-NF participaram nesta semana de embarques em plataformas para representar a entidade no acompanhamento em atividades de fiscalização das condições de bordo e de investigação de acidente.
O diretor Tezeu Bezerra embarcou ontem e desembarca hoje da P-52, onde acompanha fiscalização da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Esta mesma unidade foi denunciada na última semana, pelo Sindipetro-NF, por estar submetendo os trabalhadores a temperaturas elevadas.
Na P-31 ocorreu o embarque o diretor Tadeu Porto, que desembarcou ontem. Ele integra a comissão que investiga as causas de sucessivos vazamentos na unidade, entre eles o ocorrido em 19 de janeiro, que chegou a interromper a produção.

 

P-25

Amputação “sem afastamento”

Trabalhador perde parte do dedo, mas CAT diz que ele não precisou se afastar do trabalho

Caso recente de emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), com a indicação de que o trabalhador não precisaria de afastamento, volta a chamar a atenção do sindicato para o modo banalizado como estes documentos estão sendo preenchidos.
Um montador de andaime da empresa Odebrecht sofreu acidente no último dia 15, a bordo da P-25, foi desembarcado para atendimento médico em Macaé e teve amputação traumática na falange distal (dedo indicador da mão direita). O trabalhador passou por sutura e foi liberado.
Mesmo assim, a CAT foi preenchida com a indicação “sem afastamento”. A entidade questiona se uma pessoa que sofre um acidente e perde parte do dedo (por menor que seja), precisando fazer uma sutura e usando medicação para dor, possui condições de trabalho no dia seguinte.
“Está havendo uma banalização da CAT, que é um documento da maior importância e está sendo escamoteado pelas empresas, que insistem na prática da subnotificação. Os trabalhadores precisam ficar atentos e denunciarem os casos ao sindicato. A entidade também questiona a conivência da Petrobrás em relação a situações como essas”, afirma o coordenador geral do Sindipetro-NF, Marcos Breda.
Comissão
O NF vai indicar representante para participar da comissão de apuração do acidente e questionou este fato ao gerente de SMS da Bacia de Campos.

 

CA da Petrobrás

VOTAÇÃO COMEÇA NESTE SÁBADO

Será aberto no próximo sábado, 20, o período de votação no segundo turno das eleições para representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás. O prazo termina no domingo, 28 de fevereiro. Para o Sindipetro-NF e a FUP, é direito dos trabalhadores terem voz ativa no principal fórum de deliberação da empresas controladas pela União, por isso é importante eleger alguém comprometido com as causas da categoria. As entidades indicam o voto no candidato Deyvid Bacelar, acompanhado de Bob Ragusa, na chapa 1010.
Entre os compromissos que Bacelar e Ragusa têm assumido nesta campanha, estão “Manter e fortalecer os canais de comunicação com os trabalhadores e com a sociedade”, “Defender que o Plano de Negócios da Petrobrás contemple as sugestões dos trabalhadores para a manutenção de investimentos e ativos estratégicos para a Companhia e o País” e “Defender a revisão da Política de SMS buscando possibilitar uma maior participação dos trabalhadores na sua definição e dar autonomia a essa função corporativa dentro da empresa”.
Saiba mais
A íntegra da relação de compromissos da chapa 1010 está disponível em www.deyvidbacelar.com.br.

 

Artigo

Momento de União

Henrique Rabelo*

A Petrobras vem enfrentando, novamente, uma campanha sórdida e covarde por alguns setores da sociedade, que nunca se conformaram que o Brasil desenvolvesse uma tecnologia de ponta no setor petróleo e fosse autossuficiente, eliminando sua dependência desse produto que ainda é a matriz energética que movimenta o planeta.
Mais do que nunca precisaremos de companheiros envolvidos com a defesa do Sistema Petrobrás, patrimônio nacional, e o mais importante: a união dos trabalhadores petroleiros. Os nossos inimigos, tenho certeza, não estão na base das refinarias, terminais ou nas termelétricas, podemos até divergir nos encaminhamentos, criticar em outros momentos, mas, na hora que tentar mexer com a nossa empresa, devemos ser como uma família unida na luta e apoiar companheiros com históricos de lutas em favor da classe trabalhadora e da empresa. Por isso, companheiro, meu voto e apoio no segundo turno para o CA será no companheiro Deyvid Bacelar e peço a todos que o apóiem. Lembre-se que esse é um momento de união. Os nossos inimigos são outros, façamos essa reflexão.
* Técnico de Manutenção da Lubnor no Ceará e foi candidato ao Conselho de Administração da Petrobrás no primeiro turno.

 

Normando

Repouso – Início dos pagamentos

Há algumas semanas registramos os primeiros pagamentos relativos ao passivo trabalhista da Petrobrás, sobre diferenças no reflexo das horas extras no repouso remunerado. Como se sabe, a ação coletiva do Sindipetro-NF transitou em julgado em 2012, e iniciamos o calvário das execuções individuais em 2013.
A estatal foi condenada a pagar aos associados do sindicato os reflexos de todas as horas extras, independentemente de habitualidade, e na proporção existente entre os dias de trabalho e os dias de folga de cada regime (repouso remunerado).
E os beneficiados são antigos associados que tenham trabalhado na base territorial do NF entre Abril de 2000 e o início das execuções, então sindicalizados, ou atuais integrantes da base também sindicalizados, desde que já superado o tempo de carência estatutária para gozo dos serviços da entidade (180 dias).
“Incontroverso”
Em todas as execuções individuais por nós apresentadas a Petrobrás questionou os cálculos. Para o fazer, ela é obrigada a apresentar o total que entende devido. Os recursos judiciais, nesses processos, passam a discutir, somente, se o valor correto é o apresentado pelo sindicato, ou o pela empresa. Temos então uma controvérsia quanto aos valores.
A quantia até o total do menor cálculo – evidentemente o da Petrobrás – é considerada incontroversa. Em outras palavras, qualquer que seja o entendimento do Tribunal, no mínimo aquele valor será devido.
É esse valor incontroverso que começa, agora, a ser liberado em alguns poucos casos.
Ação e recursos pendentes
Os que se recordam de uma liminar que interrompeu o pagamento dos reflexos das horas extras no repouso remunerado, e que gerou uma greve, em meados de 2012, sabem que existe uma Ação Rescisória pendente de julgamento no TST. É incabível, mas já vimos de tudo em favor da empresa.
Além disso, será julgado em breve um Agravo de Petição, no TRT1, na ação coletiva do repouso. Nele a Petrobrás quer “compensar” o reflexo das horas extras no repouso com uma modificação no total de horas mensais.
Acontece que isso agride a coisa julgada, pois a Petrobrás levantou essa discussão no processo de mérito e perdeu, além de agredir o Acordo Coletivo, pois esse fixa o THM.
Acompanhemos!

 

Curtas

Manifesto
Os trabalhadores da P-48 enviaram ao Sindipetro-NF, nesta semana, manifesto em solidariedade aos companheiros de P-25 e P-63. Assim como os demais, registraram o repúdio do grupo aos desmandos da atual gestão da Petrobrás. Para eles, a gestão lesa trabalhadores com cortes arbitrários de direitos. Íntegra do documento disponível em http://bit.ly/1olBY2E.

Champion e Tetra
O Sindipetro-NF está construindo a pauta de reivindicações dos trabalhadores da Champion e da Tetra, que têm data base em março. Para que esse documento reflita os anseios da categoria é importante a participação de todos. Por isso, o sindicato solicita que sejam enviadas sugestões de cláusulas ([email protected]).

Statoil
Uma pane no sistema elétrico provocou o desembarque de aproximadamente 50 trabalhadores da plataforma Peregrino, na Bacia de Campos, operada pela Statoil, na terça, 16. O Sindipetro-NF não tem a representação dos petroleiros da empresa, mas diretores da entidade acompanharam o caso durante o dia de ontem. Os trabalhadores ficaram hospedados na cidade de Cabo Frio.

Diretoria do NF
A diretoria do Sindipetro-NF aprovou em reunião colegiada o retorno à base do diretor Cláudio Nunes, que atua no Terminal de Cabiúnas, da Transpetro, em Macaé. Nunes continua a fazer parte da Diretoria Colegiada do sindicato. Na mesma reunião, também foi decidido que o diretor Alessandro Trindade passa a integrar a Diretoria Executiva.