Em editorial, o presidente nacional da CUT diz que a votação de hoje passará como marco de vergonha para a história. E promete mais luta
A admissão do pedido de abertura de impeachment da presidenta Dilma, na noite deste domingo, configura um golpe, a despeito da larga margem de votos contra o governo.
Prova inconteste disso é que a imensa maioria daqueles que votaram pelo impeachment não tratou do mérito do julgamento, que é o crime de responsabilidade fiscal – que no nosso entendimento não ocorreu.
Com justificativas tolas, indecorosas e desrespeitosas em relação ao eleitorado, como “em nome do meu filho”, “em nome do meu neto”, os golpistas, comandados por um réu, Eduardo Cunha, abriram um processo de impeachment golpista da presidenta democraticamente eleita.
Pessoas de caráter duvidoso ou de ficha suja, como o próprio Cunha e o vice-presidente Michel Temer, devem estar comemorando o resultado. Porém, este dia passará como marco de vergonha na história de nossa jovem democracia. As futuras gerações assim entenderão, assim como hoje os verdadeiros democratas entendem o golpe de 1964 e a perseguição a Getúlio Vargas, para citar apenas episódios recentes de nossa República.
O resultado dessa votação é um desrespeito aos mais de 54 milhões de votos obtidos por Dilma Rousseff em 2014 e a todos aqueles que nas últimas semanas foram às ruas se manifestar contra o golpe e em defesa da democracia.
A CUT não desistirá da luta, jamais. Estamos convencidos que aqueles que pretendem surrupiar o mandato de Dilma têm um programa de governo e um projeto de Estado recessivos, de contenção de investimentos públicos e desmanche de diversas políticas públicas que surgiram apenas a partir do primeiro governo do presidente Lula e que estão sendo mantidos pela presidenta Dilma.
Portanto, concentraremos nossas energias para reverter a decisão no Senado.
Assim como nos manteremos na defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora e dos excluídos, não importa o que o futuro nos reserve.
A hipocrisia hoje demonstrada pela maioria dos deputados e deputadas, muitos acusados de corrupção, ao afirmar que votam pelo impeachment para melhorar o País, será desmascarada pela história. E a marca de golpista ficará gravada em suas testas para sempre.
Vagner Freitas, presidente nacional da CUT