Dias depois do PMDB anunciar o programa “Ponte para o Futuro”, vazou na imprensa o projeto Travessia Social que prevê a privatização de “tudo que for possível” na área de infraestrutura do país. Os dois serão implementados assim que o golpe aconteça e o vice presidente Michel Temer assuma a presidência da república.
A onda de privatizações será responsabilidade de um grupo técnico vinculado à Presidência da República e chefiado por Moreira Franco, que foi ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos no governo Dilma Rousseff. Esse novo órgão, é inspirado num semelhante do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961).
Para o movimento sindical petroleiro, as intenções dos golpistas em privatizar a Petrobrás estavam claras desde o momento que a empresa começou a sofrer duros ataques da mídia, com o real interesse de entregar o pré-sal e a empresa nas mãos das empresas estrangeiras.
A crise instalada no país, superdimensionada pelos veículos de comunicação e apoiada pelos partidos de direita, conseguiram iludir uma camada da sociedade ao mostrar que empresas públicas são poços de corrupção e que seriam melhor administradas nas mãos das empresas privadas. Uma campanha eficiente de desmoralização de nossas empresas. O que não é verdadeiro, visto que a corrupção atinge também empresas privadas como Odebrecht, Engevix, Queiroz Galvão, entre outras.
Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica sempre estiveram na mira dos projetos neoliberais que não conseguiram obter sucesso na década de 90 e agora retomariam com força total, através desse projeto chamado “Travessia Social”.
De 94 e 99, o Brasil vendeu boa parte de seu patrimônio por meio do programa nacional de desestatizações do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso (presidente pelo PSDB entre 1995 e 2002). Entre as privatizações estão a da Vale do Rio Doce, o sistema Telebrás, empresas de energia elétrica como a Eletropaulo e a Light (RJ) e as vendas no setor bancário, que passaram para as mãos da iniciativa privada diversas instituições financeiras públicas, como o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) e o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj).
As consequências das privatizações são conhecidas pelo movimento sindical. Trazem no seu bojo a perda de direitos e ameaças à soberania nacional. Segundo o escritor Aloysio Biondi no livro Brasil Privatizado, o programa de desestatização de FHC gastou R$ R$ 87,6 bilhões para preparar as estatais para as vendas e obteve uma receita de R$ 85,2 bilhões com os leilões. Só aí já demonstra o prejuízo inicial.
Isso sem falar no lucro que as empresas estatais poderiam gerar ao país. Entre dezembro de 2002 a dezembro de 2013, o lucro do BB cresceu 315% e da Caixa 232,5% segundo o site do Sindicato dos Bancários.
Já a Petrobrás gerou mais de 40 mil empregos diretos e cerca de 240 mil indiretos. A participação no PIB subiu de 3% em 2000 para mais de 13% em 2014. Segundo estudo elaborado pelo Dieese, apesar de todas as tentativas dos golpistas em manchar a empresa, a Petrobras terminou o ano de 2015 com saldo em caixa de R$ 100 bilhões, um aumento de 46% frente ao ano anterior. Isso mostra que é uma empresa que consegue, mesmo pagando altos valores em dívida e investimentos, gerar caixa para o ano seguinte. Também reduziu em 5% seu endividamento líquido, em dólar, chegando a US$ 100,4 bilhões (R$ 391,9 bilhões).
São essas empresas publicas que geram lucro e desenvolvimento para o país e que o governo Michel Temer quer privatizar. O movimento sindical petroleiro não aceitará esses ataques e ocupará as ruas para mostrar toda sua indignação com esse projeto neoliberal que traz um grande retrocesso nacional. Não vamos nos curvar ao mercado e entregar nossas riquezas ao mercado internacional.