Editorial do Nascente: Em que mundo vive Temer?

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Nem mesmo atuando em casa, em entrevista para a Globo, o golpista Michel Temer escapou de revelar-se em sua essência reacionária, atrapalhando-se nas palavras quando tentava se esconder. Suas declarações ao programa “Fantástico”, do último domingo, são confissões de culpa nos crimes que se avizinham. E apenas uma delas já seria suficiente para servir de delação numa hipotética investigação de atentado ao processo civilizatório: a de que buscará representantes “do mundo feminino” para integrar o segundo escalão do seu governo, buscando amenizar os impactos negativos da famigerada — embora até certo ponto coerente com seus propósitos — escolha ministerial com seus homens à moda Geisel.

Em que mundo vive esse senhor? Seu mundo não é o mesmo que o das mulheres? Seriam as mulheres extraterrenas?

Pode ser detalhe semântico. Mas detalhes revelam muito. Esta abordagem é típica do machismo que procura dar algum prêmio de consolação às mulheres, “aqueles seres estranhos que vivem em outro mundo”. Não por acaso, seu perfil predileto é o da “bela, recatada e do lar”, para a qual — em mais um retrocesso denunciado pelos profissionais do Serviço Social — caberá cuidar da “área social” do governo.

Estamos vivendo um filme de terror gravado nos anos 70, com generais ao fundo e mordomos zelosos à frente, servindo champagne aos patos empolados da Fiesp, ladeados por damas quietas, doces e amáveis.

Temer é a face da direita com a qual os governos Lula e Dilma conviveram para promover nos últimos anos as conquistas sociais que todos sabemos terem existido. Ele representava aquela base que tinha pouca força na opinião pública, mas com bancada parlamentar suficiente para inviabilizar qualquer governo. E coube ao movimento sindical, durante todos esses anos, fazer força no sentido oposto, para puxar as mudanças para o rumo que favorecesse os trabalhadores.

Agora toda a cena está aberta e os papeis estão mais claros. Se há um lado bom em toda essa história é a exposição do quanto ainda é gigante o desafio brasileiro para superar as suas forças retrógradas, racistas, homofóbicas e machistas.

 

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