A importância da Petrobras na Amazônia, segundo Ineep

“O atual governo é contra empresas estatais, mas vende os ativos da Petrobras para as estatais estrangeiras. É contra empresas integradas, mas abre o mercado de petróleo para a integração de outras empresas. E é contra os monopólios estatais, mas está criando espaço para oligopólios privados e estrangeiros”.

Com essas três frases, a pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) Isadora Coutinho resumiu, ontem (13/09), como o Instituto analisa o processo de privatização dos ativos da Petrobras.

A pesquisadora falou durante o Programa Invisível, da TV 247, que teve por tema “Além da floresta, o petróleo da Amazônia” e contou com a participação do coordenador do Sindipetro da Amazônia, Marcus Ribeiro, e do dirigente da Federação Única dos Petroleiros, Arthur Bob Ragusa, em conversa mediada por Andrea Trus.

Coutinho ainda comentou: “A gente percebe as incongruências e chama a atenção para os interesses variados em jogo. Mas o interesse da população brasileira não está sendo levado em conta”.

Ao longo do programa, a pesquisadora do Ineep alertou para os prejuízos que a saída da Petrobras poderão provocar na cidade de Manaus, no estado do Amazonas e não Região Norte do país.

 

A importância da Petrobras na Amazônia, segundo Ineep

Reprodução: TV 247.

Segundo ela, a privatização da Refinaria de Manaus (Reman) não vai beneficiar os consumidores, ao contrário do que argumentam representantes do governo federal e da atual gestão da Petrobras, pois não viabilizará mais concorrência no mercado de combustíveis, tendo em vista que é a única refinaria da Região Norte. “A venda da unidade de refino terá reflexos não só no abastecimento como na segurança energética da região”, disse ela.

 

Além disso, conforme destacou, a Petrobras tem importância muito grande para o desenvolvimento da região, com o papel de contribuir para a desconcentração da renda e de multiplicadora da economia. Como exemplo, citou o fato de nos anos 2000, a participação da Região Norte do país no Produto Interno Bruto (PIB) ter aumentado de forma significativa em função dos investimentos da Petrobras.

 

“O que está acontecendo aqui é um desmonte. O objetivo da atual gestão da Petrobras é sair de forma completa do estado do Amazonas e, consequentemente, da Região Norte”, comentou, por sua vez, Ribeiro, que se revelou preocupado com o fato de a estatal estar saindo das atividades de produção no Polo de Urucu, da distribuição do gás natural e de combustíveis, além de estar vendendo a Reman, negociada com o grupo Atem por 70% de seu valor, segundo estudo do Ineep.

 

“Quem vai sair prejudicada é sociedade amazonense. Se a nossa refinaria e outras forem vendidas vai acontecer o monopólio privado”, disse ele, alertando que a venda ainda não foi concretizada, o que deverá ocorrer em abril de 2022.

 

Na opinião de Ragusa, a construção das refinarias da Petrobras, ao longo de sua história, seguiu uma estratégia de abranger a maior área territorial possível e de uma forma integrada à rede de dutos. Para ele, no entanto, as empresas privadas que assumirem as unidades à venda terão compromisso com os seus acionistas e não com a população, a exemplo do que já ocorre na atual gestão da estatal, que distribuiu cerca de R$ 40 bilhões em dividendos, em vez de beneficiar o consumidor com preços de gasolina inferiores aos que estão sendo praticados.

 

Comunicação Ineep