A necessidade de união de mulheres e homens em prol de um mundo feminista, mais igualitário foi a tônica do Seminário político “Nossa força está na união” que aconteceu na noite do dia 30, na sede do Sindipetro-NF em Macaé. O evento começou com algumas mulheres da plateia foram chamadas para escrever frases de luta em cartazes e depois circularam pelo teatro em uma mística ao som da música Pagu, da Rita Lee.
A roda de conversa reuniu mulheres potentes como a diretora do Sindipetro-BA, Elizabete de Jesus Sacramento, a influenciadora Ive Brussel e a Secretária de Políticas de Promoção de Igualdade Racial da Prefeitura de Macaé, Zoraia Braz.
Em sua fala, Bete Sacramento descortinou uma série de preconceitos e situações discriminatórias e dores que a mulher negra passa em sua vida. “Minha primeira dor foi quando me enxerguei negra na escola técnica. Foi quando me percebi diferente e que não pertencia àquele lugar. Foi aí que a menina Bete se encolheu, porque não se sentia bonita, inteligente e foi se apagando” – conta.
Falou da violência obstétrica que passou durante o parto da filha, do preconceito familiar quando divorciou e do espaço adoecido que é o seu local de trabalho. “Homens tem dificuldade de se relacionar com mulheres na indústria. Se a gente chega sem sutiã, parece que estão vendo uma coisa de outro mundo. Quando chega uma mulher nova, os homens a enxergam como um brinde. Para enfrentar situações como essas precisamos de homens antimachistas lutando ao nosso lado!” – alertou.
Zoraia Braz também contou um pouco da sua experiência no local de trabalho, mas na Polícia Militar onde atuou. Ela conta que subverteu muito a ordem, até que passou a ser reconhecida e procurada por superiores para orientar como os espaços deveriam se preparar para receber as mulheres.
“Precisamos encorajar mais mulheres a se atreverem a mudar o mundo”, com essa frase de Chimamanda Ngozi Adichie, Zoraia falou da importância de mais mulheres partirem para ação, motivando outras mulheres a lutar no dia a dia. “Somos nós mulheres que fazemos o mundo girar e política se faz no dia a dia. A melhor forma que temos para encorajar outras mulheres é através da nossa história, nossa referência” – disse.
Emocionada com as falas das mulheres que a antecederam, Ive Brussel, contou que começou a atuação nas redes sociais pelo descontentamento com o governo Bolsonaro e o desmonte das estatais e das políticas públicas. “A Petrobrás é uma causa que me comove muito e comecei a sua defesa após a operação Lavajato, que defendia interesses de um grupo de empresas norte americanas e tinha intenção de tirar Lula da corrida eleitoral” – comentou.
Ela também falou a respeito da baixa representatividade feminina em vários setores do país e lembrou ser um reflexo da nossa história. “Temos que lembrar que a mulher só passou a ter direito a voto depois de 1932 e só em 2009 saiu uma determinando a reserva de vagas de candidaturas por gênero (no mínimo 30% para mulheres e no máximo 70% para homens). Hoje até temos mais mulheres no congresso, mas muitas delas foram eleitas pela direita e tem discurso conservador e misógino. É importante termos mais mulheres feministas no poder” – disse Ive.
Após a Roda de Conversa, o público presente se deslocou para a quadra do sindicato e fechoua com chave de ouro a programação do mês com uma apresentação de samba com o grupo Sou + Elas e DJ Lewá.
