Aberta em Campos a exposição “Enchova: Marcas da tragédia – 40 anos depois”

Aberta na manhã de hoje a exposição “Enchova: Marcas da tragédia – 40 anos depois”, na sede do Sindipetro-NF em  Campos dos Goytacazes. O momento da abertura contou com presenças de sobreviventes do acidente, diretores sindicais, assessorias e muitos aposentados, aposentadas e pensionistas que atuavam ou acompanhavam o mundo do petróleo na década de 80 do século passado. O acidente aconteceu em 16 de agosto de 1984 e deixou 37 mortos e 19 feridos.

Aberta ao público, a exposição ficará na sede de Campos até o dia 31 de outubro, das 08h30 às 17h30. Após esse horário, das 17h30 às 19h, a visita será permitida apenas com agendamento (por meio do telefone 22-98114-3857).

Na abertura em Campos, o coordenador do Departamento de Aposentados do Sindipetro-NF, Antônio Carlos Alves, o Tonhão, explicou que o sindicato prioriza a a segurança no trabalho e que exposições como a de Enchova fazem parte desse trabalho de conscientização.

“Nós sempre fazemos questão de lembrar essas grandes tragédias nossas. Não é nada bonzinho não, é para lembrar ao patronato como é difícil a vida laboral do trabalhador na indústria do petróleo. Aqui, nas refinarias a gente vê também muitos óbitos, então a gente sempre faz questão de botar o dedo na ferida”, afirmou o sindicalista.

Outro sindicalista, Vitor Carvalho, que é ex-diretor do Sindipetro-NF, da FUP e da CUT, que atuava em uma plataforma próxima à Enchova no dia do acidente, também fez um depoimento durante a abertura da exposição. “Estava em Cherne II embarcado, no turno da noite, e no rádio a gente começou a ouvir ´explosão em Enchova´, ´explosão em Enchova´, as informações só pelo rádio, a gente conseguia ouvir Enchova. A gente começou a ouvir aquilo, vendo as chamas, sem ter noção do que estava acontecendo, aí veio a queda da baleeira”, relatou.

Embora tenha sido produzida mais diretamente pelos Departamentos de Saúde e de Comunicação, a exposição sobre os 40 anos de Enchova é um trabalho coletivo que envolve todos os Departamentos do Sindipetro-NF. Uma das curadoras, a assistente social da entidade Danielle Araújo, que junto com a jornalista Fernanda Viseu realizou a pesquisa para a montagem e confecção das peças, junto ao designer Glauber Barreto, conta que o levantamento de informações revelou muitas barreiras em razão do período político da tragédia.

“Foi um trabalho muito bom, mas muito difícil. A gente teve que juntar informações da época, que justamente por conta período o militar eram conflitantes. Tivemos que juntar com depoimentos dos trabalhadores, tanto dos que que estavam embarcados quanto dos entorno. Cada um trazia um elemento e ia agregando para que compusessem a exposição. E o resultado ficou excelente. Pensávamos que seria mais como memória para os petroleiros e acabamos atingindo também muitos estudantes, que não estão no mercado de trabalho. Temos tido um público muito maior do que o esperado”, afirma Danielle.

Um dos aspectos destacados pelos sindicalistas e aposentados que deram seus depoimentos durante a abertura da exposição é o de que muitos avanços, para a área de segurança, foram conquistados pelo movimento sindical após tragédias como a de Enchova e a da P-36.

“Com o reforço do sindicato vieram as mudanças. Baleeira a gente não tinha conhecimento nenhum, era só o técnico de segurança. Depois botaram o mestre de cabotagem passando a ter um conhecimento maior. A gente tem que focar muito na condição de segurança. O trabalho offshore é um trabalho de risco o tempo todo. A gente sai de casa sem saber se volta”, afirma Antônio Carlos Cabral de Freitas, que assim como Luiz Claudio Garcez e Carlos Roberto Cabral, todos petroleiros aposentados, são sobreviventes de Enchova e participaram da abertura da exposição.

Serviço:

Exposição “Enchova: Marcas da tragédia – 40 anos depois
De 2 a 31 de outubro
Horário: 08h30 às 17h30 (após esse horário, das 17h30 às 19h, a visita será permitida apenas com agendamento pelo telefone 22 98114-3857).
Local: Sindipetro-NF (Av. 28 de março, 485 – Centro)

 

[Fotos: Glauber Barreto e Vitor Menezes]