Uma mesa que se tornou pequena para abrigar tantas representações sindicais, dos movimentos sociais e partidárias, abriu na noite de ontem o Conperj (Congresso dos Petroleiros do Rio de Janeiro), no auditório do Sintsaúde (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde), no Rio de Janeiro, reunindo delegados e delegadas do Norte Fluminense, de Caxias e da Oposição Fupista do Rio de Janeiro.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) e o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, foram os que fizeram, entre os participantes da mesa, exposições mais detidas sobre a conjuntura nacional.
Jandira destacou o momento de unidade das organizações sindicais para enfrentar os ataques aos direitos dos trabalhadores e à democracia brasileira. A deputada lembrou que, neste ano, o Primeiro de Maio será realizado por todas as centrais sindicais do País.
“De fato, a palavra chave é a unidade. O Primeiro de Maio será unitário em todo o Brasil pela primeira vez em muitos anos. Sonho com o dia de a gente ter uma central só no Brasil. É uma compreensão maior de que esse momento está demonstrando, de ultrapassar determinadas querelas para defender o País e os direitos”, disse.
A parlamentar fluminense, que é líder da oposição na Câmara dos Deputados, também afirmou que, além das lutas pelos direitos trabalhistas e sociais, como a da Previdência, o maior desafio brasileiro na atualidade é preservar a própria democracia.
“Não daremos as soluções sozinhos, por isso é fundamental essa unidade na sociedade. Sem liberdade, sem o aspecto democrático marcante, nós não temos como lutar. O governo sabe disso. O ethos fascista do governo é ter um inimigo a abater, é como eles fazem. Basta ver o aumento da letalidade policial que vai ocorrendo pelo Brasil afora”, afirmou.
Obscurantismo
O deputado Waldeck Carneiro, que preside a Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) também lembrou que é preciso que “estejamos unidos para enfrentar essa agenda obscurantista”. Ele avalia que os ataques à democracia no Brasil estão conectados com uma agenda capitalista mundial para enfrentar uma crise que se arrasta desde 2008. Ele destacou que estão em curso três estratégias do capitalismo global: primeiro, “avançar vorazmente sobre as reservas de riqueza no planeta”, como o pré-sal brasileiro; segundo, “desestabilizar governos que estejam implementando políticas de caráter igualitaristas, o que explica os ataques contra o corredor de países da América Latina”; e um “processo de desconstrução do acervo de direitos e conquistas da classe trabalhadora”.
Para ele, “vários elementos mostram que isto está conectado”, lembrando aspectos como a submissão das forças armadas brasileiras aos interesses norte americanos e os ataques às universidades e instituições de pesquisa. “Há um debate ideológico de fôlego, com uma artilharia pesada que estão desferindo contra as nossas universidades, um processo acentuado de desconstituição do aparelho escolar brasileiro. O presidente pode ser tosco, com gravíssimas limitações cognitivas, mas eles têm uma agenda”, afirma.
O coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, fez uma análise sobre o modo como este cenário impacta especificamente a Petrobras. “O momento é muito grave. Estamos falando de emprego, de aposentadoria, e isso é muito sério. Por isso ingressamos com a ação de suspensão das assembleias geral ordinária e extraordinária da Petrobras (que, entre outros pontos, aprovaram a venda de quase todas as refinarias do Brasil). Estamos chamando também uma grande mobilização para o próximo dia 30 que é fundamental que todos façam”, disse.
“Se nós que somos da casa não defendermos a Petrobrás, lá fora não vão defender. O maior líder de esquerda desse País está preso por causa da Petrobrás. Ele ousou descobrir a maior reserva de petróleo do planeta”, observou.
José Maria fez uma panorâmica do avanço das multinacionais sobre o petróleo brasileiro, lembrando que desde o caso do desaparecimento de um HD da Halliburton com informações sobre o pré-sal brasileiro começou-se a tramar contra a soberania do País.
Soberania e democracia
A mesa, que foi aberta e conduzida pelo coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, teve ainda como ponto comum na maioria das falas a centralidade da campanha Lula Livre como uma necessidade da democracia brasileira, a construção de uma greve geral, as estratégias para impedir a “reforma” da Previdência e a luta pela soberania alimentar e energética.
Também participaram da mesa de abertura os sindicalistas e militantes sociais Paulo Cardoso, coordenador do Sindipetro-Caxias; Naustria Albuquerque, da Oposição RJ; Paulo Farias, da CTB; Marcelo Rodrigues, da CUT-RJ; Beto do MPA, do Movimento dos Pequenos Agricultores; Joaquim do MST, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; Alanis Pedrosa, do Levante Popular da Juventude; e Danilo Silva, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás.
O Conperj, congresso unificado que tem programação que se estende até este domingo, 28, reúne cerca de 150 pessoas, entre delegados, convidados e expositores, e inclui a realização simultânea do 13° Conduc (Congresso dos Petroleiros de Duque de Caxias) e do 15° Congrenf (Congresso dos Petroleiros do Norte Fluminense). As mesas de debates têm transmissão ao vivo na página do Facebook do Sindipetro-NF.