A Petrobrás anunciou, na semana passada, encomenda de um pacote de embarcações, que é a maior dos últimos dez anos. Foram celebrados seis contratos para a construção e afretamento de 12 navios de apoio, no valor de R$ 16,5 bilhões. O fato ainda mais relevante é que quase um terço dessa soma será destinado à construção naval no Brasil, com a exigência de 40% de conteúdo local.
A viabilização dessa importante iniciativa é produto de ações coordenadas pelo governo federal, envolvendo Casa Civil, MME e MDIC, no sentido de estabelecer políticas públicas que estimulem a indústria nacional e a indústria naval em particular. A primeira medida foi o Decreto nº 12.242, assinado em 8 de novembro deste ano, que “regulamenta a concessão de quotas diferenciadas de depreciação acelerada para navios-tanque novos produzidos no Brasil…”, melhorando a competitividade da nossa indústria. A segunda medida é a resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), aprovada em 10 de dezembro, que estabelece índices mínimos de conteúdo local para a construção de navios-tanque novos no Brasil, direcionando, assim, investimentos para a contratação de fornecedores nacionais, incentivando a transferência de tecnologia, a geração de empregos e o fortalecimento da indústria brasileira.
O ministro Alexandre Silveira destacou a importância da medida para o desenvolvimento da indústria brasileira. “Estamos fortalecendo a indústria naval e dando atenção aos estaleiros nacionais, que enfrentam problemas de ociosidade com a competição de outros países. Com a medida aprovada, vamos estimular a criação de empregos qualificados e trazer grandes investimentos para o setor naval do país, além de apoiar a ampliação da capacidade logística do setor de petróleo e derivados”, afirmou.
A contratação das 12 embarcações vai impulsionar enormemente a cadeia produtiva nacional, impactando diretamente na economia e na oportunidade de empregos em diferentes regiões do país. A expectativa é que sejam criadas cerca de 11 mil vagas diretas e indiretas. Os navios serão construídos em estaleiros nas cidades de Navegantes e Itajaí, no estado de Santa Catarina, e devem estar prontos até 2028. Essas embarcações serão equipadas com sistema propulsivo híbrido, que combina motores elétricos e baterias com geradores movidos a diesel/biodiesel, e usadas em operações de logística de exploração e produção da companhia. O investimento em frota sustentável está alinhado às diretrizes do Plano de Negócios para 2025-2029 e também aos esforços da Petrobrás de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
A notícia é extraordinária e animadora para a retomada da indústria naval brasileira, que foi abandonada pelos últimos governos desde a fatídica operação lava jato, que orquestrou o golpe parlamentar em 2016. Fortalecer esse segmento é resgatar o protagonismo que o setor conquistou há alguns anos. Além disso, a política de conteúdo local, adotada também em países “desenvolvidos”, é um importante instrumento de desenvolvimento econômico e industrial, gerando empregos de qualidade e girando a roda da economia.
A Petrobrás resgata seu DNA de grande estatal brasileira e retoma seu importante papel de propulsora do desenvolvimento econômico, social e tecnológico do Brasil.
Publicado originalmente em: https://rosangelabuzanelli.com.br/acoes-coordenadas-do-governo-permitem-petrobras-encomendar-o-maior-pacote-de-embarcacoes-da-decada-com-maior-conteudo-local/