Nesse domingo, 28 de Abril, é Dia Mundial de Prevenção aos Acidentes de Trabalho e Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. O Sindipetro-NF mantém ação constante nesta área e é reconhecido como um dos sindicatos mais atuantes na defesa da saúde do trabalhador. Historicamente, grandes tragédias como as de Enchova e da P-36, na região, levaram a entidade a dar prioridade absoluta à área.
Os acidentes no Brasil
Segundo dados publicados pela Fundacentro, a cada 15 segundos, uma pessoa morre no mundo por acidentes de trabalho. No Brasil, a cada 50 segundos, um acidente de trabalho é notificado.
Diante dessa realidade, o movimento internacional de trabalhadores instituiu o 28 de abril em memória dos trabalhadores e trabalhadoras vitimados pelo trabalho. A data remete a morte de 78 trabalhadores causada por explosão em uma mina nos Estados Unidos no dia 28 de abril de 1969.
No Brasil[1], entre 2012 e 2022, 6.774.543 acidentes do trabalho foram notificados no país, o que gerou 2.293.297 afastamentos acidentários. Esses acidentes resultaram em 25.492 mortes, equivalentes a aproximadamente uma morte a cada 3 horas e meia. São trabalhadores vitimados pela violência do trabalho.
Os dados citados abrangem apenas os acidentes registrados junto ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), deixando de fora todos os ocorridos com trabalhadores sem registro formal em carteira e com os servidores públicos estatutários. É importante ressaltar que mesmo entre os trabalhadores registrados, há uma significativa subnotificação, pois as empresas frequentemente deixam de reportar esses acidentes de trabalho. Essa subnotificação contribui para uma visão incompleta e subestimada da realidade dos acidentes de trabalho no país.
Na Bacia de Campos
Grandes acidentes marcaram a história da Bacia de Campos, o primeiro deles foi o acidente de Enchova que aconteceu em 16 de agosto de 1984 e esse ano completa 40 anos. Esse foi um dos maiores acidentes industriais ampliados da história do setor petróleo. Foi nesta data que,, 37 petroleiros morreram em decorrência de um incêndio de grandes proporções na plataforma. Além dos mortos, a tragédia deixou 19 feridos.
Outro grande acidente aconteceu no dia 15 de março de 2011 com a Plataforma de P-36. No início da madrugada, a P-36, então a maior plataforma de produção do mundo, que operava no campo de Roncador, na Bacia de Campos, sofreu duas explosões em uma de suas colunas num intervalo de 20 minutos. A segunda explosão causou a morte dos 11 trabalhadores que integravam a brigada de incêndio da unidade.
A Pandemia de Covid-19 deixou grandes marcas na categoria petroleira. Até dezembro de 2021, e apenas considerando empregados da Petrobrás, 59 trabalhadores morreram em decorrência da Covid-19. Apenas na Bacia de Campos, morreram 34 trabalhadores em decorrência da doença — neste caso incluindo próprios, terceirizados e aposentados. Muitos petroleiros até hoje sofrem com as consequências da doença e por isso o Sindipetro-NF, junto com a Fiocruz, estão desenvolvendo o projeto Covid Longa, para acompanhar esses casos.
Para o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, mesmo que a conjuntura atual seja de mais diálogo, tanto com o governo federal quanto com a gestão da Petrobrás, ainda é preciso avançar muito nos temas que envolvem a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e das trabalhadoras. Ele cita as questões do baixo número de trabalhadores (efetivo) e de habitabilidade como problemas mais recorrentemente relatados pela categoria.
“Que tem vindo muito é a questão de efetivo. Uma questão sempre presente o problema de efetivo, principalmente nas unidades que estão sendo desmobilizadas. E no setor privado são principalmente as questões de habitabilidade. Questão também nas plataformas da alimentação e tudo isso apesar de acharem que não é direto com a segurança. Os acidentes estão sendo consequência de o trabalhador já não estar chegando bem ao seu posto de trabalho porque não teve um bom descanso, uma boa alimentação, não tá já com o mínimo de satisfação a bordo”, destaca o sindicalista.