Aos Companheiros da Bacia de Campos
Neste sábado e domingo, os companheiros das plataformas da Bacia de Campos têm uma grande responsabilidade nas mãos: a de, por meio da realização de assembléias, mostrar que priorizam o tema da segurança e que estão, também, organizados para reivindicar um valor justo para a PLR 2008.
No que diz respeito à segurança nos voos, não é difícil entender a importância desta mobilização. Todo petroleiro conhece, por vivência própria, o modo como está exposto a um elevado risco, que poderia ser muito abaixo do praticado se a Petrobrás decidisse priorizar o tema.
Em ofício enviado ao presidente da companhia, no dia 26 de janeiro deste ano, o sindicato cobrou providências em relação à insegurança dos voos e fez um resumido histórico das ocorrências que, apenas naquele mês, haviam causado grande apreensão entre os trabalhadores da Bacia. Além de não tomar uma atitude em relação ao assunto, a presidência da empresa sequer respondeu à entidade.
Disse um trecho do documento:
“Nas últimas semanas os quase-acidentes, que já vinham acontecendo durante todo o ano de 2008, aumentaram significativamente: ocorreu um incêndio em uma aeronave em pleno o ar (29/12); um estrondo, seguido da queda de objetos da turbina, causou um pouso de emergência logo após a decolagem, tratava-se de um Super-Puma L2 da BHS, mesmo modelo e operadora da tragédia de fevereiro de 2008 (09/01), uma pane ao tentar decolar de volta para o aeroporto obrigou improvisar uma manutenção no deck da plataforma P-16 (10/01), um defeito no trem de pouso de uma aeronave obrigou um mecânico a enfiar-se debaixo da aeronave em sobrevôo baixo para travar o sistema (11/01), situação de perigo no abandono da aeronave por tripulantes e passageiros com os rotores girando a plena velocidade após o pouso (11/01), viagens agonizantes entre Farol e Macaé por uma pane e a falta de uma pista de pouso no Farol (11/01), pane elétrica que apagou os controles da aeronave momentos antes de decolar (14/01), denuncias que há pilotos em treinamento assumindo os controles das aeronaves, demonstrando total inexperiência (20/01), e um Super-Puma L2 apresentou pane no Aeroporto de Macaé causando revolta nos passageiros (24/01).
Para agravar ainda mais a situação são constantes os atrasos e cancelamentos de vôos. São todas ocorrências registradas e conhecidas pela segurança de vôo dos aeroportos. Algumas delas estão descritas no site do sindicato (www.sindipetronf.org.br), que tem divulgado as denuncias dos trabalhadores. Este triste histórico causa apreensão entre os trabalhadores. Sem alternativa, resta-lhes usar o direito de recusa – direito previsto na cláusula 109 de nosso acordo coletivo – na tentativa de protegerem-se da tragédia que parece estar próxima. Foi o que fizeram 74 trabalhadores, negando-se a embarcar nesses primeiros dias do ano. Fizeram isso com o apoio de seus colegas embarcados que iriam desembarcar no mesmo voo. Os gerentes da Petrobrás responderam com ameaças de desconto do dia e não fornecendo hotel e transporte para quem mora longe.”
Após ter sido protocolado este documento, a Bacia de Campos voltou a se deparar com outra absurda situação: a dos companheiros da P-53, que eram mantidos na unidade mesmo após o fim do período de 14 dias de embarque, em razão da impossibilidade de haver pousos e decolagens no heliponto da plataforma.
Depois de denúncia do sindicato à DRT, que promoveu reunião com a Petrobrás para discutir o assunto, o problema da permanência dos trabalhadores foi minimizado, mas por meio de um paliativo, sem que fosse atacado o seu fator gerador.
O mais grave problema, no entanto, perdura, que é a falta de segurança nos pousos e decolagens na unidade, em razão de uma falha de projeto que colocou o heliponto em um nível abaixo que o do prédio dos alojamentos, criando uma barreira para o vento e provocando instabilidade. A companhia, como frequentemente o faz, não admite o erro, e apenas firmou com as empresas aéreas um acordo para reduzir as restrições para pousos e decolagens na plataforma.
E no que diz respeito à PLR, também é conhecida do petroleiro a forma como a Petrobrás só entende a linguagem da pressão e da mobilização. Por isso, é preciso que a categoria entenda que esta primeira assembléia sobre o tema neste ano tem importância equivalente, ou talvez até maior, que qualquer uma daquelas que se realizam às vésperas da possibilidade de assinatura de acordo.
É que é esta assembléia que vai mostrar à Petrobrás o tamanho da disposição dos trabalhadores em relação ao tema. É ela que sinaliza o quanto a categoria está pronta para lutar pelo que é justo em termos de participação nos resultados e nos lucros da companhia. Uma pequena participação neste momento deixa a empresa à vontade para endurecer na mesa de negociações e não avançar na valorização dos petroleiros.
Por isso, o Sindipetro-NF, mais uma vez, conclama a todos para que lotem as assembléias e mantenham acesa a chama da organização e da mobilização. A história dos trabalhadores, especialmente a nossa história petroleira, mostra que só assim são possíveis as conquistas que todos desejamos.
Vamos todos às assembléias e à mobilização de parada de PTs no próximo dia 18, conforme indicativo do sindicato.
Saudações sindicais,
Diretoria Executiva do Sindipetro-NF
Macaé, 14 de fevereiro de 2009