Um sindicato representa seus trabalhadores filiados. Se isso for tomado ao pé da letra, o Sindipetro-NF poderá, então, abandonar imediatamente todos os seus esforços para que os petroleiros trabalhem com segurança e, quem sabe, pedir desculpas à Petrobrás, ao Ministério Público do Trabalho e à Delegacia Regional do Trabalho pelos eventuais excessos cometidos em suas reivindicações.
Quando, em um universo de 44 plataformas, apenas cinco realizam assembléias para tratar de indicativos acerca de segurança, uma sinalização é dada para o sindicato: “esqueçam este assunto, nós não nos importamos com isso”.
Após a queda de um helicóptero em fevereiro, o Sindipetro-NF convocou a categoria para uma greve, coerente com a sua política de tolerância zero com mortes na Bacia de Campos. E qual foi o resultado? Apenas seis plataformas realizaram assembléias.
Nem parece a mesma categoria que lota assembléias quando estão em questão assuntos como Acordo Coletivo de Trabalho, PLR ou Dia de Desembarque. No caso do último ACT, por exemplo, a relação se deu ao contrário: apenas cinco plataformas deixaram de fazer assembléias. Onde estará a diferença? No dinheiro? O Sindipetro-NF prefere acreditar que não.
Um sindicato representa os seus trabalhadores filiados, mas não apenas isso. Por isso o tom duro deste documento.
No papel de líderes legitimados pela categoria, os diretores do Sindipetro-NF não podem fazer de conta que não estão diante de uma perigosa omissão da categoria, que poderá fortalecer a Petrobrás em seu comportamento negligente em relação à segurança.
A entidade têm dado prioridade absoluta ao tema, por acreditar que nada é mais importante que o cuidado com a vida humana. Somente em 2008, o Departamento de Saúde e Segurança do NF, realizou as seguintes atividades:
– Plataforma P-12 – Inspeção dos Módulos Temporários de Acomodações conforme cronograma;
– Plataformas P-19 e P-54 – Avaliação sobre as “Obras em Plataformas, Sistemas de Proteção contra Incêndio e Áreas de Vivência” que está em pauta nas reuniões da Subcomissão de plataformas;
– Plataforma P-17 – Participação na comissão de apuração do acidente com o trabalhador da Perbras, que veio a falecer;
– Plataforma P-40 – Inspeção com a delegação da DRT/RJ, após denúncia de péssimas condições de segurança;
– Embarque PRA-1 – Participação da Comissão de apuração do acidente – DRT/RJ;
– Plataforma P-53 – Comissão fiscalização dos M.T.A;
– Plataforma P- 09 – Inspeção dos M.T.A;
– Plataforma P-18 – Inspeção dos M.T.A;
– Plataforma P-27 – Inspeção dos M.T.A;
– Plataforma P-31 – Inspeção dos M.T.A;
– Plataforma PGP-1 – Inspeção com a delegação da DRT/RJ após denúncia.
– Visitas para verificação de Módulos Temporários de Acomodação: Container – Caravela Loc. Montagens; e Inspeção no Canteiro em Angra dos Reis que fabrica os containeres.
Reuniões:
– Subcomissão de Plataformas – NR30;
– Comissão Nacional Permanente de Benzeno;
– Auditoria do SPIE E&P/ SERV E COMPARTILHADO e
– Reunião de acompanhamento de montagem das Acomodações Temporárias em Unidades Marítimas – Requisitos de Segurança e Ergonomia;
– Reuniões da CIPA.
– Participação na avaliação Ocupacional de Benzeno no Terminal de Cabiúnas.
Denúncias:
– PCH-1 – DRT/ RJ E ANVISA;
– PRA-1 – Cooperativa Coopenavem na qual foi contemplada na licitação do contrato com a UN/RIO e acidente na plataforma – DRT/RJ;
– PGP-1 – ocorrência de diversos acidentes – DRT/RJ;
– P-15 – Precárias condições de segurança existentes-DRT/RJ;
– P-52 – Precárias condições de segurança existentes-DRT/RJ;
– Acidente com o helicóptero da empresa BHS -DRT/RJ;
– P-33 – Inspeção do M.T.A – DRT/RJ;
– P-20 – Inspeção pela ANVISA;
– P-40 – Precárias condições de segurança existentes-DRT/RJ.
E tudo isso, pelo visto, foi feito sem o consentimento da categoria, se for verdadeiro o desinteresse pelo tema manifestado no último final de semana.
O Sindipetro-NF não convocou a categoria para nenhuma insanidade desproporcional ao que a Petrobrás tem feito quando o assunto é a segurança. Dada a gravidade da situação, a indicação de boicote à Sipat e de realização de um levantamento sobre as condições de cada unidade, são ações até cândidas.
São inúmeras as recentes ocorrências com helicópteros. Foi gravíssima a explosão em PRA-1, muito semelhante ao que ocorreu na P-36. E acidentes continuam provocando mortes e mutilações, enquanto a companhia contrata uma cooperativa que havia sido afastada por não oferecer garantias mínimas de segurança e de direitos trabalhistas aos seus “cooperados”.
Por isso, a diretoria do sindicato considera um grave erro da categoria o desprezo pelo tema da segurança, e espera que os trabalhadores façam uma reflexão sobre o assunto, ao mesmo tempo em que dá os parabéns aos poucos, mas conscientes, petroleiros das unidades P-33, P27, P-18, P-19 e PCH-2, que cumpriram o seu dever com a coletividade e realizaram assembléias no final de semana.
E apesar desta mostra de desinteresse da categoria, o Sindipetro-NF se manterá firme no enfrentamento da insegurança crônica da Bacia de Campos, embora ciente de que o assunto, lamentavelmente, pode não ser uma prioridade para os trabalhadores.
A entidade acredita que nunca é tarde para uma mudança no comportamento dos petroleiros sobre a segurança, e, enquanto se mantém na luta, aguarda ansiosamente que ela aconteça.
Saudações sindicais
Diretoria Executiva do Sindipetro-NF
Macaé, 17 de Novembro de 2008
Imprensa do NF – 17/11/2008