Aos companheiros da Bacia de Campos
O Sindipetro-NF, ao mesmo tempo em que parabeniza os trabalhadores pela organização e unidade que têm demonstrado neste processo de denúncia das condições inseguras de várias plataformas, culminando nesta semana com a interdição de PCH-2, conclama a todos para que se mantenham firmes e em sintonia com o sindicato, não cedendo a pressões das gerências e não entrando no jogo de contrainformação da Petrobrás (atitude comum em momentos como este).
Junto com os trabalhadores, o sindicato vem desmascarando, uma a uma, as mentiras da Petrobrás em relação a Cherne 2 e demais denúncias feitas pela entidade, como as que foram enviadas pelas plataformas de Namorado e de Vermelho. Assim como fez em outros casos de interdição e de acidentes, a empresa tenta minimizar a gravidade dos fatos, a despeito de todas as evidências apresentadas. Nem mesmo uma tragédia como a da P-36, que completa dez anos agora em março, parece ter ensinado à companhia a lição de que não se pode brincar com os sinais cotidianos de insegurança.
O roteiro da empresa é sempre o mesmo: negar a negligência com a segurança, apelar para a preservação da imagem da companhia, tentar desqualificar as denúncias dos trabalhadores. Quem vive a bordo, no entanto, sabe que a realidade é bem diferente do mundo fantasioso da comunicação institucional, alimentado pelos relatos dos gerentes carreiristas que mais se preocupam com seus bolsos e com a carreira do que com a vida dos petroleiros (muitas vezes, esquecem até da própria vida, dada a cegueira pelo lucro e pela produção).
É muito importante que todos os trabalhadores da Bacia de Campos participem e valorizem esta luta. Por vezes, o sindicato percebe que alguns petroleiros desanimam, acreditam que nada vai mudar, que não vale a pena denunciar, que é perigoso se expor. Mas os fatos demonstram que não é bem assim. Quem imaginaria, antes da interdição da P-33 no ano passado, que questões de segurança levariam uma plataforma a ter determinada a sua parada? Na área de segurança de voo, que continua a ser objeto de preocupação do sindicato e dos trabalhadores, muitos avanços, no entanto, foram obtidos após mobilizações e denúncias. Nesta semana mesmo, um voo em P-31 foi corretamente abortado em razão de alarme de limalha. Se fosse há alguns anos, a aeronave teria decolado com todos assim mesmo, expondo os trabalhadores ao risco. Os coletes laranja, que a Petrobrás se negava a considerar essenciais, viraram prática após intensa campanha do sindicato, que distribui camisas desta cor para os trabalhadores.
Cada denúncia é muito importante, por menor que pareça. Os estudiosos da área de segurança de trabalho, assim como os trabalhadores em sua experiência cotidiana, sabem que toda grande tragédia é precedida de inúmeros sinais aparentemente pequenos. O que dizer então da Bacia de Campos, onde os sinais nem mais são pequenos, mas se apresentam em forma de incêndios (como o desta unidade), vazamentos, mutilações, ferimentos e até mortes?
Os petroleiros da Bacia de Campos estão dando exemplo a todo o país em razão da forma como passaram a priorizar o combate à insegurança. Não vamos esmorecer nesta postura. Devemos levar às últimas consequências a luta pela vida, a maior prioridade de todas, e construir um novo patamar de exigência em relação à área. Não podemos tirar do nosso horizonte, até mesmo, a realização de uma grande greve tendo como pauta a área de segurança, caso a Petrobrás continue a pensar somente na produção a qualquer custo.
Sigamos na luta, firmes e fortes.
Macaé, 11 de fevereiro de 2011
Diretoria Executiva do Sindipetro-NF
