Aos companheiros e companheiras da Bacia de Campos

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Aos companheiros e companheiras da Bacia de Campos

O Sindipetro-NF repudia e lamenta o posicionamento infeliz do gerente geral da Bacia de Campos em comunicado enviado à “força de trabalho” da Petrobrás no dia 26 de agosto de 2016.

E dentro do espírito democrático e ético que esperamos em posturas dentro da maior empresa do país, respondemos ao seu comunicado com sentimento de protesto ao oportunismo e despreparo demonstrado no comunicado.

Oportunismo por se apresentar aos companheiros e companheiras da Bacia somente agora, quando o Sindipetro-NF chama uma mobilização legítima em todo Norte Fluminense, contra a política de punições, não só aplicadas na P-31, mas também em plataformas como a P-40, P-43, P-54 e P-56, no Terminal de Cabiúnas e outras não aqui explicitadas. Na verdade em todos os locais de trabalho da empresa, em um grau maior ou menor, estão marcados pelo autoritarismo e por tentativas de responsabilizar os trabalhadores pelos erros dos gestores.

É simbólico, por exemplo, que o gerente geral (GG) não tenha mandado uma mensagem sequer de solidariedade aos familiares das vítimas da catástrofe de Enxova ocorrida há 32 anos, completados no mês corrente, mas se mostre presente no momento que a classe trabalhadora escolhe se mobilizar contra o que considera uma política ineficiente de saúde, segurança e meio ambiente. O sindicato lamenta, também, por não encontrar nenhuma posição dele sobre a tragédia que tirou a vida de um jovem trabalhador que sofreu uma queda em PCH-2, plataforma que se encontra sob a gestão do mesmo. Nenhum gerente foi punido em decorrência do caso que foi denunciado na polícia pelo sindicato, para dar o exemplo que o gerente considera tão importante.

O despreparo se faz presente pelos argumentos vazios e infundados acerca da “visão educativa” das advertências, pois tal ensinamento só é possível com exemplos sólidos, de posturas e atitudes que, infelizmente, o sindicato não consegue observar ao analisar os fatos. Como exemplo, citamos o caso do Geplat da P-19 que assinou uma PT no lugar de um técnico de segurança, em total descumprimento dos padrões da empresa. Tal postura, deixa transparecer que as punições são aplicadas dependendo de quem cometeu o “desvio”, numa demonstração clara da política autoritária e perversa do “para os amigos tudo, para o inimigo a lei”.

A respeito do caso P-31, um diretor representando o sindicato participou, a bordo, de uma reunião cujo objetivo era retomar a produção da P-31 o mais rápido possível e se negou a assinar qualquer documento oriundo do encontro, por entender a iniciativa de retorno a produção da plataforma estava sendo realizada de maneira apressada, e sem tempo de estudar os verdadeiros riscos associados àquela tomada de decisão. A postura do Sindipetro-NF se mostrou absolutamente coerente, uma vez que logo depois a ANP interditou a plataforma por mais de 30 dias corridos devido as inúmeras irregularidades que foram identificadas na plataforma.

O sindicato reforça, ainda sobre o caso P-31, que considerou antiético e amoral que o coordenador do Grupo de Trabalho tenha sido exatamente o responsável pela área de inspeção. Essa mesma área responsável pela reclassificação da RTI que revalidou o reparo provisório envolvido no acidente (fato que não foi considerado na análise). Mais tarde o mesmo foi transferido, justamente, para ser gerente da plataforma sobre a qual realizou a análise de acidente. Tal atitude pode colocar em suspeita as intenções em relação ao resultado da análise e o processo de responsabilização que decorreu do episódio. Nesse momento em que todo país nos cobra maior governabilidade e transparência, atitudes como essas, por mais que, por hipótese possam ser feitas de maneira lícita, não passam uma mensagem positiva para a sociedade e muito menos para os trabalhadores e trabalhadoras da empresa.

Sobre a não comunicação formal acerca da desistência do Sindicato em compor o grupo de análise de acidente, o Sindipetro-NF entendeu, na ocasião, que não se fazia necessária métodos protocolares uma vez que o diretor que participou da comissão deixou clara sua posição contrária aos andamentos considerados tendenciosos do Grupo de Trabalho e o recado institucional foi dado, não só pelas palavras do diretor, mas também pela ausência do representante dos trabalhadores nas reuniões.

Ademais, o sindicato demonstra preocupação com a tentativa tardia de “reflexão” por parte do gerente, já que a própria equipe a bordo da plataforma em questão já escreveu três manifestos ao sindicato – com pedidos de ampla divulgação – condenando as consequências relativas aos vazamentos ocorridos em janeiro com altíssimo potencial de causar outra tragédia na Bacia de Campos. Nossa inquietação é, justamente, porque o posição do gerente pode vir a ser interpretada no sentido de desqualificar os manifestos dos trabalhadores e trabalhadoras da P-31, o que seria uma lástima dentro da política democrática tão alardeada pelos gestores Petrobrás.

O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense reforça a importância da mobilização contra o sistema de punições arbitrárias e injustas que se instauraram dentro da Petrobrás e conclama toda a categoria para fazer uma reflexão acerca da efetividade desse método e da maneira com que certas gerências dentro da empresa parecem utilizar normas e padrões apenas quando é conveniente para penalizar e perseguir funcionários.

Por fim,  salientamos que jamais iremos fugir a responsabilidade de denunciar e mobilizar a categoria petroleira frente a atitudes que compõem uma política autocrática e destrutiva, que visa punir o que a empresa tem de melhor, seu alto e compromissado corpo técnico de trabalhadores e trabalhadoras.

Quem informa a categoria é o sindicato! Todos à assembleias! Mantenhamos firmes na luta!

Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF