Aos companheiros e companheiras do Norte Fluminense

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Aos companheiros e companheiras do Norte Fluminense

Categoria deixa sua marca no debate público sobre os combustíveis e denuncia privatização

Após assembleias hoje nas plataformas, em Cabiúnas e nas sedes do sindicato em Campos dos Goytacazes e em Macaé, a categoria petroleira na região formaliza a suspensão do movimento de greve, iniciado à 0h desta quarta-feira, 30, que tinha previsão de duração de 72 horas (com reavaliação a cada 24 horas), em caráter de advertência.

Cada trabalhador e cada trabalhadora sabe o quanto foram intensas essas últimas horas, em um momento crítico do País, e o quanto elas foram essenciais para que a categoria petroleira deixasse a sua marca cravada no debate sobre o futuro do setor petróleo e do Brasil.

Ocupamos todos os espaços possíveis para dialogar com a sociedade sobre os reais motivos da carestia nos preços dos combustíveis. Denunciamos o comportamento criminoso da gestão da Petrobrás, tomada de assalto por entreguistas traidores da pátria. Pautamos em larga escala a privatização em curso da empresa — que a imprensa esconde. Reorganizamos nossas forças e mostramos para a companhia que estamos prontos para uma Greve por tempo indeterminado. Tudo isso em pouco mais de 24 horas de paralisações e protestos nas bases petroleiras de todo o País.

Vivemos tempos sombrios. A dilapidação do Estado Brasileiro para atender às vozes ortodoxas do “mercado”, aquelas que representam em números flutuantes as vontades de meia dúzia de grandes corporações e seus acionistas, avança em velocidade lancinante. Para tanto, não se furtam do uso cada vez mais banalizado da força militar e do aparato conservador jurídico, amparados que estão em uma plutocracia que, como é próprio das plutocracias, desconsidera o povo e as suas vontades.

Foi assim, de costas para o povo e distante de qualquer razoabilidade democrática, que uma ministra do TST (Tribunal Superior do Trabalho) considerou pertinente o pleito da Petrobrás e da Advocacia Geral da União, atribuindo caráter ilegal à greve dos petroleiros e estipulando multa milionária, injusta no mérito e desproporcional à realidade dos sindicatos envolvidos, para demonstrar de forma inconteste a sua parcialidade. Para tanto, nem mesmo ouviu os acusados ou esperou o movimento ter início, o que teria permitido avaliar com base em fatos as consequências da paralisação.

Querem nos dizer o que pode ser reivindicado (“pautas não políticas”) e quando pode ser reivindicado (“não estão na data-base”), o que representa um retrocesso político inaceitável, uma clara suspensão dos direitos de expressão, organização e protesto, que será denunciado a organismos internacionais, como tem ocorrido com tantas outras arbitrariedades jurídicas do Brasil do pós Golpe de 2016.

Atordoado, desalentado, vitimado por condições cada vez mais restritas em oportunidades e esperanças, alienado por uma mídia comercial manipuladora, o povo brasileiro acaba por formar a sua opinião em meio a espasmos de grandes episódios e suas consequentes disputas narrativas, como ocorre com a paralisação dos caminhoneiros e com a nossa, dos petroleiros. Por isso, cada momento de disputa, por meio de ações contundentes, se torna ferramenta importante de conquista de corações e mentes. Todo esforço é válido e precioso.

Por isso, após uma discussão madura com a categoria e de avaliação do quadro nacional, com a responsabilidade institucional que cabe ao sindicato, deliberou-se em assembleias por esta suspensão, contabilizando-se as vitórias desta batalha e preparando-se para o embate da greve por tempo indeterminado, que será, como se vê, ainda mais difícil e, ao mesmo tempo, necessária aos que não se omitem em ocupar o protagonismo que lhes é de direito.

Parabéns a todos os petroleiros e petroleiras que estiveram e estão em luta. Nossa história não termina aqui. Seguiremos a escrevendo com coragem, consciência política, sabedoria estratégica e compromisso com o Brasil, este País que temos ajudado a construir há décadas, a despeito de todos os revezes e desafios.

 

Macaé, 31 de Maio de 2018

Diretoria do Sindipetro-NF