Aos companheiros e companheiras do Norte Fluminense

Novos tempos pedem atitudes diferentes

Ao longo desta negociação do ACT 2019/2021 assistimos atitudes por parte dos ocupantes da gestão da Petrobras que fogem a normalidade das negociações. Movimentos altamente antidemocráticos espelhados no ocupante do Poder Executivo do País foram registrados por todas as unidades da companhia e que só encontram registros comparáveis nos anos de ditadura do nosso país.

A tradicional disputa que antes se dava basicamente no campo da comunicação institucional, onde diga-se de passagem a Petrobras passou a copiar os Sindicatos, com distribuição exaustiva em mídias digitais de suas “versões” sobre a negociação, chegando até mesmo à panfletagens em bases administrativas e operacionais da empresa. Mas por mais bela e requintada que seja a retórica utilizada na comunicação, os prejuízos dos cortes de conquistas históricas da categoria petroleira são facilmente percebidos.

Desafiar a inteligência de uma categoria que passou por processos seletivos concorridos, com relações de candidato vaga que chegam a 450 para 1, o que supera muitos vestibulares e concursos públicos do país, demonstrou-se sem eficácia alguma. Restou então aos ocupantes da gestão da companhia jogar sujo.

Em perfeito alinhamento com o atual presidente do país esqueceu-se a democracia e as leis, milhares de petroleiros e petroleiras foram obrigados a assistir apresentações sem o direito ao contraditório. Diferente de uma assembléia sindical, onde todos têm o mesmo espaço para se expressar, sendo inclusive prática estimular a discussão das posições contra e a favor, com tempo igual para a manifestação de ambas as posições, a Petrobrás utilizou a hierarquia da empresa para empurrar goela abaixo suas posições, mas, ainda assim, nossa capacidade de discernimento continuou a refutar essa proposta indecorosa.

Então precisaram baixar ainda mais o nível, orientaram os cargos comissionados a comparecerem às assembléias da categoria, chegando ao extremo do Gerente Executivo de Gestão de Pessoas, Cláudio da Costa, indicação política da gestão Bolsonaro, tentasse ilegalmente votar na assembléia dos funcionários concursados da companhia, já que não há registro de nenhuma aprovação dele em concurso público.

Ainda assim mostramos resistência, o que levou ao aumento das arbitrariedades por parte da Petrobras. A companhia ilegalmente exigiu que todos os cargos gratificados da companhia votassem conforme decisão dos executivos da empresa. E não há como esconder essa atitude antidemocrática pois se chegou ao cúmulo de retirar os cargos e modificar o regime de trabalho de 8 supervisores que democraticamente exerceram seu direito.

Contudo há de se refletir que mesmo na hipótese em que todos os cargos comissionados da companhia, obedecessem essa exigência ilegal, ainda assim não seriam suficientes para levar a um resultado desfavorável para a categoria. Pois estes representam não mais do que 18% do total de empregados. Então há de se pensar em algo secundário dentro dessa lógica. Qual outra motivação levaria o Cláudio da Costa a se sujeitar a ficar em uma fila que não lhe compete? A única opção lógica é a de provocar um conflito, pois todos vimos a postura com sorriso debochado do mesmo na fila, o show que ele queria, era provocar da parte dos trabalhadores uma atitude que saísse da legalidade.

Não vamos cair nessa armadilha, não vamos expor nossos bravos guerreiros em terra ou a bordo a conflitos desnecessários, não vamos expor aqueles que mesmo quando a empresa pensa que a ela pertencem, ainda assim possuem em algum nível a disposição de mostrar que “o teu apego ao cargo, não pode ser maior que a importância da Petrobrás para o País.”

Por causa de toda essa adversidade, algumas mudanças em nossas tradições em assembleias precisaram, pontualmente, ser feitas. Temos a certeza de que a categoria fará a disputa contra o assédio dos gestores. Mas além de escolher a hora e o local das disputas, cabe a categoria escolher também o modelo. E acirrar os conflitos nesse momento somente favorece os que são contra a categoria. Não vamos dar alvos para os gestores perseguirem e ao mesmo tempo daremos a liberdade para que todos sejam livres para se opor às ordens irregulares.

Pela rejeição da contraproposta e na construção da luta contra a privatização da Petrobrás.

 

Macaé, 25 de agosto de 2019

Diretoria Colegiada do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense