A participação dos trabalhadores na gestão de riscos do setor petróleo tem promovido, na Argentina, uma redução no número de acidentes na atividade. Esta foi a experiência compartilhada por três sindicalistas argentinos que, na manhã de hoje, participaram do painel Organização Sindical e Condições de Trabalho na Indústria do Petróleo.
Diretores do Sindicato dos Petroleiros Privados da Argentina, Guillermo Pereyra, Daniel Ruiz e Jorge Juarez falaram aos participantes da Conferência Sindical Internacional Segurança no Trabalho Offshore, que o Sindipetro-NF promove no teatro da entidade, em Macaé, até esta quinta, 17.
Pereyra afirmou que há muitos desafios para que os petroleiros tenham, de fato, segurança no trabalho, mas avanços recentes têm possibilitado uma redução nas ocorrências.
Em um dos casos de acidentes, envolvendo a Petrobrás naquele país, um trabalhador morreu e isso provocou uma paralisação nacional da categoria. “Os trabalhadores paralisaram a produção por 24 horas. Perder uma vida humana por falta de rigor da empresa não poderia ser considerado normal”, disse.
Ele defendeu ainda a unificação das normas de segurança para o setor petróleo em todos os países do Mercosul, por entender que os trabalhadores têm realidades muito semelhantes e devem atuar em conjunto.
Daniel Juiz contribui para o painel com a realização de uma panorâmica sobre as mudanças nas leis argentinas sobre segurança do trabalho no setor petróleo, desde a criação da primeira específica para a área, em 1915. Ele também convocou os trabalhadores a se manterem mobilizados na luta pela segurança e atuar constantemente na prevenção aos acidentes.
O terceiro sindicalista argentino participante do painel, Jorge Juarez, disse que os danos mais comuns aos trabalhadores são causados por incidência de câncer em razão de exposição a agentes químicos, condições climáticas adversas, ruídos e vibrações.
“Trabalhei numa refinaria e adquiri uma surdez profissional. Trabalhava próximo a turbinas de vapor e não fui orientado a usar proteção, além de passar por estresse térmico”, contou.
Ele defendeu a realização de descansos durante a jornada de 12 horas e a redução do trabalho noturno, que causa muito impacto na saúde, além de ser feito “em níveis muito baixos de iluminação” em várias empresas argentinas.
O sindicalista afirmou que a sua entidade monitora de modo permanente as condições de trabalho e está participando, junto às empresas petroleiras, de análises dos riscos da atividade.