Às companheiras e companheiros da Bacia de Campos

Companheiras e companheiros,

 

Nós sabemos muito pouco sobre o Brasil de amanhã.

O presidente afastado da câmara pode acordar na cadeia ou simplesmente voltar aos trabalhos parlamentares se o supremo considerar o afastamento interna corporis.

Esse supremo, de ministros suspeitos de barganhar aumentos (justo para a classe trabalhadora do judiciário e injusto para as lideranças jurídicas que gozam de benefícios incompatíveis com a desigualdade no país) com um executivo interino e usurpador, que se apoia num golpe de Estado para governar.

O mesmo governo que quer, a duras penas, empurrar para o povo – especialmente os mais pobres – as contas de uma farra nefasta com dinheiro público, aprovando medidas no legislativo cuja liderança maior está afastada (ou não) de seus atributos.

Todavia, nesse cenário nacional que parece mais uma ciranda de três poderes dançada há anos no salão tradicional de uma mídia plutocrata, apareceram, enfim, atores e atrizes dispostos a dar um fim as relações promíscuas de políticos aristocratas e burguesia: a mobilização nacional deu o recado o Brasil vai ter jeito, forma, cor e cheiro do povão.

Do Caburaí ao Chuí, diversos movimentos sociais e civis estiveram nas ruas por um Brasil mais justo e democrático, com palavras de ordem contra o golpe, contra o presidente usurpador e contra uma elite conservadora que não deseja dividir a riqueza criada com a exploração de milhões de cidadãos e cidadãs.

E no meio da resistência das ruas, a categoria petroleira, mais uma vez, não fugiu a sua responsabilidade e compareceu, seja no seu macacão laranja sujo de óleo, na calça verde já desgastada de tanto usar na sua unidade operacional ou na sua veste casual de um dia a dia administrativo, os petroleiros e petroleiras deram o seu recado: defender a Brasil é impensável sem a devida defesa da Petrobrás.

O dia 10 de junho vai ser marcado, assim, como a reação ao projeto entreguista que cedeu ao lobby internacional ao tentar dar nossa riqueza ao estrangeiro; o rechaço ao processo de desmantelamento da maior empresa do país que não pode se furtar em servir à nação em sua plenitude (que começou desde o momento que o mercado tomou as rédeas da companhia, antes mesmo do golpe em si. Justiça seja feita); e, claro, mais um capítulo na infindável luta de classes em que o trabalhador e a trabalhadora da Petrobrás mostra seu valor real frente à exploração e os desmandos dos alienados que servem a elite.

Sabemos que a participação de toda a classe trabalhadora vai aumentar ao longo dessa jornada de lutas, afinal, o Brasil do futuro não vai escrever sua trajetória sozinho e para que ele tenha a identidade do proletariado a batalha vai ser constante e duradoura.

Portanto, para todos aqueles companheiros e companheiras da Bacia de Campos que participaram ou não do movimento nacional, não vamos perder de vista os próximos passos dessa disputa social, não só da categoria como um todo mas também de todos os brasileiros e brasileiras que estão trabalhando para construir um país com melhor distribuição de renda e menos desigualdade social.

Por fim, parabéns aos petroleiros e petroleiras que participaram diretamente de mais essa luta! Aqueles que fizeram dessa greve de 24 horas, seja em seu local de trabalho ou na rua de sua cidade, notícia nos principais jornais do país (com direito a indignação do conservadorismo) e mais um dia de história na luta da categoria que, no passado, deu exemplo em greves por pautas nacionais de um país mais justo e ético.

Sigamos na luta para que a Petrobrás de amanhã, assim como o Brasil, acorde com a identidade da classe trabalhadora estampada na cultura da empresa e do país.

Juntos somos fortes!

 

Macaé, 11 de junho de 2016


Diretoria Colgiada do Sindipetro-NF