“Assédio é cerco, é deixar sem saída” afirma a professora Terezinha Martins em palestra no NF

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O Sindipetro-NF sediou ontem, 18, a palestra “Quando o trabalho adoece e mata”, com a professora Terezinha Martins. Doutora em psicologia pela PUC-SP, a palestrante é integrante do Departamento de Saúde Coletiva da UNIRIO. O evento deu continuidade ao Ciclo de Debates e Palestras sobre a questão de gênero e assédio, realizado pelo NF desde agosto.

Antes de Terezinha falar, a diretora Conceição de Maria saudou os presentes e falou sobre a conjuntura quando alcançamos o pior patamar de desemprego na história do país com 14 milhões de desempregados. “Nós estamos na luta diária contra essa conjuntura, dizendo SIM à democracia, mas também vemos os trabalhadores adoecendo, por isso trazemos à tona esse conceito, para que juntos possamos pensar melhor essa questão” – disse.

Ao iniciar sua palestra, Terezinha Martins, afirmou que não podia falar em adoecimento e morte sem lembrar do inimigo que estamos enfrentando e levantou um cartaz onde se lia #Elenão. 

A professora explica que o assédio moral é uma violência que recai sobre os trabalhadores, expressa pela gestão do trabalho como uma forma de controle. Trata-se de uma tática pensada nas principais universidades do país, durante a era da reestruturação produtiva.

“Assédio é caracterizado por um conjunto de atos vexatórios e humilhantes dirigidos à um indivíduo ou a um grupo, que visa se livrar deles quem que haja ração ou solidariedade por parte dos colegas. Assédio é cerco, é deixar sem saída. É repetitivo. Grosserias eventuais, não são assedio. O gestor fazer hoje, pedir desculpas. Amanhã não fazer e depois fazer novamente e pedir desculpas, não pode ser caracterizado como assédio” – explicou.

Ela considera o Assédio Moral  como uma tática, disfarçada ideológica que diz uma coisa, pra mostrar o seu contrário, e deixa a pessoa sem saúde. Para os colegas de trabalho, o assediador transforma as características da pessoa em defeito, prejudica o trabalho dele e dá a entender que o assediado não está cumprindo suas tarefas cotidianas. Jogando os trabalhadores uns contra os outros.

Outros pontos da palestra: 

Quem assedia?
Quem está no poder. Vale ressaltar que poder nem sempre é sinônimo de hierarquia. Gestão é gestão em todas as instituições.

Três tipos de pessoas que mais sofrem assedio:
1º tipo – Militante ou ativista: são aquelas pessoas que chamamos: tipo consciente, pessoas que deliberadamente, como proposta de vida dizem: isso está errado.
2º tipo – Pessoas que estão adoecidas: trabalhou muitos anos e adoeceu. E não nos interessa se essa pessoa tinha uma pré-doença, se já foi contratada doente, não interessa se adoeceu no trabalho. Se ela adoeceu, quer dizer que as condições de trabalho que ela vive hoje, adoece. O que “interessa” é que a pessoa que está no poder, quer se livrar do funcionário doente.
3º tipo – “Técnico competente”: é o sujeito que só quer fazer bem o seu trabalho, e quando o sujeito faz muito bem o seu trabalho, isso evidencia que o chefe não é “aquela Brastemp toda”.

 

Formas de atuação do assediador: 

1) desconstrói o trabalho do trabalhador.

2) atua sobre a subjetividade, sobre o psiquismo do sujeito.

 

Como comprovar o assédio:

– Faça um diário e anote tudo que está acontecendo.

– Produza provas, inclusive gravações. 

– Evite perguntar oralmente, envie e-mails

– Reitere se a pessoa não responder o e-mail.

– Diga sempre o que está acontecendo em voz alta, para quem estiver ao lado ouvir.

– Denuncie ao Sindicato.