Ato da FUP reúne mais de 400 petroleiros em frente ao Edise. Petrobrás propõe viabilizar pagamento do adiantamento da repactuação no acordo coletivo

A FUP e os Sindicatos filiados reuniram nesta terça-feira, dia 13, mais de 400 petroleiros no ato nacional, realizado em frente à sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro, cobrando a implementação imediata da repactuação do Plano Petros e a suspensão dos leilões das nossas reservas de petróleo e gás. Trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas de várias bases do país enfrentaram horas e até mesmo dias de viagem para participarem desta que é a primeira grande mobilização do calendário de lutas convocado pela FUP, que culminará na greve com controle de produção prevista para ter início no próximo dia 26.

Ao final do ato, representantes de todas as delegações presentes, junto com a direção da FUP e dos sindicatos filiados, reuniram-se com a Gerência de Recursos Humanos da Petrobrás para cobrar uma posição em relação ao pleito da categoria de antecipação do pagamento dos novos benefícios a todos os aposentados e pensionistas que repactuaram. O gerente de RH, Diego Hernandez, comprometeu-se a seguir a determinação do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, de buscar uma alternativa através do Acordo Coletivo de Trabalho. A FUP destacou que esta questão não faz parte da pauta de reivindicações que está sendo negociada com a Petrobrás e subsidiárias e ressaltou que a repactuação do Plano Petros foi garantida no Acordo de Obrigações Recíprocas assinado pelos representantes dos participantes e das patrocinadoras do Plano Petros, além da Fundação Petros. A Federação deixou claro que se o caminho para garantir a antecipação dos novos benefícios de quem repactuou for o acordo coletivo, não criará obstáculos, mas também não admitirá que a Petrobrás utilize esta alternativa como barganha na campanha reivindicatória.

Petroleiros vão à luta e provam que trabalhador não precisa baixar as calças para o patrão 
A grande mobilização realizada pela FUP nesta terça-feira, 13, comprovou o poder de luta e organização dos petroleiros, reafirmando o equilíbrio político e a verdadeira prática sindical que norteia a categoria. Os trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas – indignados com o ato de insanidade que os sindicatos dissidentes realizaram recentemente em frente ao EDISE, expondo nacionalmente a categoria ao ridículo, quando seus dirigentes baixaram as calças – reafirmaram para a base do Rio de Janeiro como uma entidade sindical séria e responsável organiza a luta. Apesar da distância geográfica, centenas de petroleiros, muitos deles com idade avançada, compareceram em massa ao ato convocado pela FUP, enfrentando mais de 24 horas de estrada, num claro exemplo de disposição de luta.

Representantes de todos os sindicatos filiados à FUP, inclusive as oposições sindicais organizadas pela Federação, participaram do ato: Sindipetro AM, Sindipetro CE, Sindipetro RN, Sindipetro PE/PB, Sindicato da Bahia, Sindipetro MG, Sindipetro ES, Sindipetro Caxias, Sindipetro NF, Unificado do Estado de São Paulo, Sindipetro PR/SC, Sindipetro RS, além das oposições de São José dos Campos, Rio de Janeiro e Sergipe/Alagoas.  Delegações da Bahia, do Paraná/Santa Catarina, de Minas Gerais, do Espírito Santo, do estado de São Paulo, do Norte Fluminense, de Duque de Caxias e de outras regiões do país vieram de ônibus ao Rio de Janeiro lutar pela implementação da repactuação e pela suspensão dos leilões de petróleo e gás. Apesar do cansaço da viagem, estavam cheios de disposição de luta. Hastearam faixas, bandeiras e cartazes, cobrando respeito às suas reivindicações. Nas falações e palavras de luta, manifestaram-se contra a 9ª Rodada de Licitações das reservas petrolíferas que a ANP iniciará no próximo dia 27 e cobraram que a Petrobrás implemente imediatamente o pagamento dos valores decorrentes da repactuação do Plano Petros, já que a transação judicial aguarda ainda não foi homologada.

“Tenho 72 anos de idade e me sinto orgulhosa de fazer parte deste movimento digno que luta por um direito que esperávamos já estar consolidado. Por isso, cobro dos diretores da Petrobrás que cumprem o que foi acordado na repactuação. Não podemos ficar aguardando ainda mais por uma questão que é meramente burocrática”, declarou a pensionista Leny Martins Passos, integrante da delegação do Norte Fluminense.

Representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra também participaram do ato, cobrando a suspensão dos leilões de petróleo. “Nossa luta é pela terra e pela soberania. Por isso, entendemos que a discussão sobre a utilização das nossas reservas de petróleo não pode ser corporativa. É uma questão nacional, de soberania, que deve estar na ordem do dia de todos os movimentos sociais”, ressaltou Mardônio Barros, militante do MST.

Paulo César Martin, diretor da FUP e conselheiro deliberativo da Petros, eleito pela categoria, destacou que o ato realizado integra o calendário de luta da categoria e foi enfático em afirmar que o adiantamento do pagamento dos novos benefícios dos aposentados e pensionistas que repactuaram é questão de vontade política e, portanto, pode ser garantida pela Petrobrás. “Esta é uma questão que impacta diretamente a campanha reivindicatória O Acordo de Obrigações Recíprocas é irreversível, mas depende da burocracia do judiciário para ser totalmente implementado. Os aposentados e pensionistas que repactuaram precisam receber o que lhes é devido e a Petrobrás tem plenas condições de resolver este impasse, fazendo o adiantamento de parte dos aportes que foram acordados para o Plano Petros”, declarou.

O coordenador da FUP, Hélio Seidel, encerrou o ato, agradecendo a presença de todos e ressaltando a importância da manifestação neste momento histórico que o país vive, após anúncio das novas reservas de petróleo e gás descobertas pela Petrobrás na região da Bacia de Santos. “O governo teve uma decisão acertada e corajosa de retirar da 9ª Rodada os 41 blocos que tinham alguma relação com a região de pré-sal da nova província petrolífera descoberta pelos nossos companheiros da Petrobrás. Mas precisamos ir além. Está mais do que clara a necessidade de mudanças na legislação do setor petróleo e queremos participar destas discussões junto com o governo e os movimentos sociais”, ressaltou. “Quero também, em nome de toda a diretoria da FUP, parabenizar a força de trabalho da Petrobrás e a equipe técnica da empresa por mais este esforço coletivo que consolidou a descoberta deste mega campo de petróleo e gás em região ultra profunda do nosso litoral, o que mais uma vez comprova a capacitação e dedicação dos petroleiros”, destacou o coordenador da FUP, conclamando a categoria a participar ativamente da luta pela suspensão dos leilões de petróleo e revisão da atual legislação.

Após mais de cinco horas de mobilização, o ato foi encerrado com todos os petroleiros cantando o Hino Nacional. A categoria, mais uma vez, demonstrou a sua capacidade de luta, deixando claro para a direção da Petrobrás que os trabalhadores não têm receio do enfrentamento. Este ato também reafirma o calendário de mobilização da campanha reivindicatória apontado pela FUP e que se intensificará nos próximos dias, com a construção da greve convocada para ter início no dia 26. As direções da FUP e dos Sindicatos reúnem-se nesta quarta-feira, 14, para definir a organização da greve e os indicativos para as assembléias.
Veja na página da FUP a cobertura fotográfica completa do ato nacional realizado nesta terça-feira em frente ao Edise.

Direção Colegiada da FUP 
Informe FUP – 13.11.07