Ato no Aeroporto de Macaé alerta para a insegurança

O silêncio disperso do saguão do terminal de embarques da Petrobras, no Aeroporto de Macaé, foi quebrado na manhã desta terça-feira (27/07). No Dia Nacional de Prevenção aos Acidentes de Trabalho, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) fez um ato alertando para os perigos do trabalho nas plataformas e a conivência das empresas não só com os riscos de acidente, mas muitas vezes também com os próprios acidentes. Durante o ato no saguão, mais de cem profissionais do ramo offshore que estavam no local escutaram o alerta.

“Estamos aqui para mostrar que as pessoas acidentadas em plataformas existem, não é invenção de nossa cabeça”, expõe o coordenador do Sindipetro-NF, José Maria Rangel.  Durante a explanação no saguão do aeroporto, vítimas e parentes de vítimas acidentadas em plataformas deram seu testemunho – muitos inclusive chorando diante de suas histórias, sem assistência ou plano de saúde por parte das empresas responsáveis.

“Trabalhava com uma mangueira que já tinha oito mil horas de uso, quando o máximo permitido é mil horas apenas”, conta Vlaleivan Sawches, atingido há quatro anos pelo jato hidráulico resultando em intestino perfurado e interrupção permanente em sua profissão. “Tenho mais de seis cursos, entre eles de alpinista. Poderia estar ganhando mais de 10 mil reais por mês”, garante ele. “Hoje, recebo 1.800 reais”, completa Sawches, falando sobre sua aposentadoria antecipada. Seu acidente ainda teve desdobramentos familiares e também desdobramentos permanentes dentro das plataformas. “Se teve uma coisa boa, foi que eles melhoraram o material, os cuidados com as mangueiras”, expõe.

O problema é que é preciso um acidente grave – quando não uma morte – para que ocorram mudanças neste sentido. “Esta política de SMS é para o mundo lá fora apenas. Ela não existe”, afirma José Maria Rangel, do Sindipetro-NF. Além disso, existem muitos casos de acidentes escondidos pelas empresas e não levados ao sindicato. “É importante que os trabalhadores denunciem os acidentes, pois a solidariedade se dá entre nós”, lembra Hélio Guerra, também do Sindipetro-NF.