Bacia de Campos: Conselheira da Petrobrás fala da importância da retomada de investimentos

A Bacia de Campos, que completa 50 anos em novembro, pode voltar a ocupar um lugar de destaque na produção de petróleo do país para falar da importância da retomada de investimentos na Bacia de Campos a Imprensa do NF publicará uma série de matérias que iniciam hoje.

Em entrevista exclusiva à imprensa do Sindipetro-NF, Rosângela Buzanelli, Conselheira de Administração da Petrobras, inaugura essa série e revela os planos de investimento da companhia para a região, que incluem novos poços, recuperação de plataformas e um compromisso com o conteúdo local. A iniciativa visa não apenas aumentar as reservas, mas também gerar empregos e movimentar a economia nacional.

Imprensa do NF: A Bacia de Campos completou recentemente meio século desde a sua descoberta em 1974. Qual é o papel que ela ainda pode desempenhar na indústria nacional de petróleo?

Rosângela Buzanelli: A Bacia de Campos tem potencial para recuperar sua relevância, sim. Apesar dos desafios, a Petrobras planeja redirecionar investimentos para a região, visando aumentar nossas reservas. Esse é um movimento estratégico, que reforça a importância da Bacia de Campos no cenário energético nacional.

Imprensa do NF: Segundo o jornal O Globo, a presidente Magda Chambriard pretende intensificar investimentos nessa revitalização. Como isso vai impactar as operações na região?

Rosângela Buzanelli: Exato. A Magda, com sua experiência em engenharia de reservatórios, acredita na possibilidade de extrair da área uma quantidade expressiva de petróleo e gás, equivalente ao que foi retirado desde os anos 70. Esse trabalho envolve novos poços, técnicas de revitalização, recuperação de plataformas e reutilização de estruturas que estavam para ser descomissionadas, como as plataformas P-35, P-37, P-47, P-19 e talvez a P-51.

Imprensa do NF: Interessante. Essa revitalização também implica na criação de novas oportunidades de emprego e movimentação econômica para a região?

Rosângela Buzanelli: Sim, esse é um ponto fundamental. Ao priorizar o conteúdo local e utilizar plataformas próprias em vez de afretadas, não apenas aumentamos nossas reservas, mas também geramos empregos qualificados, renda e um impacto positivo na economia regional e nacional. É um ciclo de valor que fortalece a Petrobrás e suas comunidades de entorno.

Imprensa do NF: Você propôs a alteração da denominação Unidade de Negócios (UN) para Unidade de Operações (UO) e foi aprovado pelo CA. Explica pra gente qual a importância dessa alteração?

Rosângela Buzanelli: Então, a denominação unidade de negócios tinha uma filosofia de fatiamento, de desverticalização. Isso gerou uma forma de trabalhar extremamente competitiva entre as unidades, virou uma coisa canibalista, onde cada unidade de negócio precisava se sobressair, para sobreviver, e começou a ter uma competição interna. E isso é muito predatório, porque a Petrobras é um sistema, e como um sistema, cada um trabalha pelo todo, e não concorrendo com o outro. Então, a denominação correta é unidade de operações e não de negócios, porque a grande vantagem de uma empresa de petróleo verticalizada, integrada, como a nossa, é a sinergia entre todas as suas unidades, isso é um diferencial competitivo. E a gente trabalhando como unidade operacional, entendendo que é um sistema, um sistema Petrobras, que foi outro termo que eu fiz o resgate, que foi extinto pelo Castelo Branco, a gente tem um diferencial competitivo muito grande, porque a sinergia de todos trabalhando juntos por um objetivo só é muito maior, e é importante resgatar essa institucionalidade.

Imprensa do NF: A revitalização da Bacia de Campos também traz expectativas para a Bacia do Espírito Santo. Há planos similares para essa área?

Rosângela Buzanelli: Há muito potencial ainda não explorado na Bacia do Espírito Santo. A diretora Sylvia e a presidenta Magda demonstram uma visão muito clara sobre a importância de explorar cada campo de forma estratégica. Acreditamos que ambas as bacias podem contribuir para o futuro da produção nacional, com novas descobertas e técnicas de revitalização.

Imprensa do NF: Essa postura da Petrobrás reflete o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a soberania energética do Brasil?

Rosângela Buzanelli: Sem dúvida. Nossa abordagem é a de maximizar cada campo, valorizando o conteúdo local, gerando emprego e aproveitando nossa expertise para garantir que o óleo e o gás extraídos gerem valor real para o país e para a Petrobrás.