Basta de mortes!

Novamente, a história de repete e mais uma tragédia anunciada ocorre na Petrobrás, tirando vidas de trabalhadores. O pouso forçado no mar de uma aeronave modelo Super Puma da empresa BHS resultou na morte de cinco trabalhadores da Bacia de Campos. Dois corpos continuam desaparecidos e os 15 trabalhadores que foram resgatados com vida sofrem as seqüelas físicas e psicológicas deste traumático acontecimento. O Sindipetro-NF indicou um diretor para integrar a comissão de apuração do acidente, cobrando também a participação de representantes dos sindicatos dos Aeronautas e Aeroviários.

Em protesto contra mais este acidente fatal na Petrobrás e em solidariedade às famílias das vítimas, a FUP e seus sindicatos filiados iniciam na segunda-feira, 03/03, uma semana de mobilizações em todo o país, com atrasos no expediente administrativo e nos turnos de todas as unidades do Sistema Petrobrás. A categoria exige um basta às mortes e acidentes de trabalho e mudanças urgentes nas políticas de segurança e terceirização. Cada dia as mobilizações convocadas pela FUP serão realizadas em locais diferentes, suspendendo-se por 24 horas a emissão de Permissões de Trabalho (PTs). Na Bacia de Campos, o Sindipetro-NF indicou paralisação na emissão de PTs por 24 horas nesta sexta-feira, 29, e greve de 72 horas com parada de produção nos dias 07, 08 e 09 de março. Os trabalhadores estão avaliando o indicativo em assembléias.

Este foi o terceiro acidente aéreo de grandes proporções ocorrido nos últimos anos na Bacia de Campos, envolvendo aeronaves da BHS, principal prestadora de serviços da Petrobrás neste setor.  No dia 22 de julho de 2004, um helicóptero da empresa caiu no mar com 11 trabalhadores a bordo, dos quais somente cinco sobreviveram. No ano anterior, a mesma BHS havia protagonizado outro acidente fatal com uma de suas aeronaves, causando a morte de cinco trabalhadores.

Acidentes e incidentes com helicópteros têm sido freqüentes na Bacia de Campos, deixando à mostra a deficiência da Petrobrás na gestão da segurança dos trabalhadores que embarcam para as plataformas da região. Desde o final de 2007, o Sindipetro-NF tenta se reunir com a Gerência da Unidade de Serviços de Transporte Aéreo (US-TA) para cobrar o retorno dos comissários em aeronaves Super Puma e outras reivindicações relacionadas à segurança aérea. O sindicato também iniciou recentemente uma campanha regional por segurança nos vôos, denunciando a subnotificação de ocorrências aéreas, como panes, retornos ao local de decolagens, entre outras situações de risco.

Editorial

Crescer com segurança

Durante a campanha reivindicatória do ano passado, a FUP cobrou insistentemente que a Petrobrás priorize a força de trabalho em seus projetos de expansão. A recomposição dos efetivos próprios, com foco na primeirização dos postos de trabalho das atividades permanentes, precisa ter relevância no planejamento estratégico da empresa. Principalmente na área de E&P, que concentra os maiores índices de terceirização. Com as novas descobertas na Bacia de Santos, as atividades de offshore estarão cada vez mais complexas e, portanto, demandando investimentos consideráveis da Petrobrás em tecnologia e segurança. E é justamente no ser humano que deve estar o foco da empresa e não nos lucros. 
É preciso crescer com segurança e minimizando riscos. O que só é possível com condições dignas de trabalho para todos. Para isso, é urgente que a Petrobrás reformule suas políticas de SMS e terceirização. Bandeiras históricas da FUP, cujos avanços tem sido tímidos e insuficientes. A insegurança ainda é latente no dia-a-dia dos trabalhadores, seja nas plataformas, nas refinarias ou nos terminais. Um medo muito mais evidente para o trabalhador terceirizado, cujo risco é muito maior devido às condições diferenciadas de trabalho, um problema gravíssimo, mas que as gerências da Petrobrás fingem não enxergar. 
Segundo dados da própria empresa, 16 trabalhadores morreram em acidentes de trabalho ocorridos em 2007. Entre as vítimas, 15 eram prestadores de serviço. Enquanto a empresa coleciona recordes de produção, é eleita a sexta maior companhia de energia do mundo e recebe prêmios internacionais, como o de referência mundial em ética e sustentabilidade, os trabalhadores continuam se acidentando, perdendo vidas e cada vez mais expostos a riscos. É desta forma que a Petrobrás pretende atingir a tão propagada excelência em SMS?

Terceirização sem controle

Falsa médica prestava serviço na REVAP

Depois do gravíssimo episódio do furto de informações confidenciais da Petrobrás em um contêiner da Halliburton, outro fato absurdo envolvendo um contrato de prestação de serviço coloca mais uma vez na berlinda a política de terceirização da estatal. A gerência da REVAP, em São José dos Campos, foi pega de calças curtas quando constatou que uma “médica” contratada para prestar serviços na refinaria não tinha habilitação profissional. A falsa médica utilizava documentos de terceiros para exercer ilegalmente a profissão.
Quando descobriu a fraude, a gerência da REVAP suspendeu o acesso da falsa médica à refinaria e jogou a responsabilidade na Santa Casa de Misericórdia de São José dos Campos, com a qual a Petrobrás havia firmado o contrato de prestação de serviços médicos. Na reunião da Comissão de SMS, realizada na terça-feira, 26, a FUP cobrou apuração rigorosa do fato e criticou duramente a política de terceirização da Petrobrás, cujos controles são cada vez mais falhos. A Federação também voltou a defender a primeirização de todo o setor de saúde da Petrobrás, como ocorria no passado. Hoje, além de médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde serem todos prestadores de serviço, até os exames periódicos dos trabalhadores foram terceirizados pela empresa.

Discriminação e omissão levam à morte trabalhador terceirizado pela RECAP

No dia 28 de janeiro, João Marques da Costa, 39 anos, da RR Compacta, empresa que presta serviço para a RECAP, passou mal em frente à portaria da refinaria, em Mauá. Apesar dos pedidos de socorro de vários petroleiros, inclusive do coordenador da regional Mauá do Sindipetro Unificado-SP, o serviço médico da RECAP não foi acionado pela gerência da refinaria, que limitou-se a chamar uma ambulância do serviço de atendimento público. 
Após 20 minutos de espera, a ambulância que chegou para dar socorro ao trabalhador terceirizado da Petrobrás não possuía equipamentos de UTI e, mais uma vez, a gerência da RECAP não permitiu a utilização dos instrumentos médicos de emergência da refinaria. Conclusão: o trabalhador faleceu algumas horas após ter dado entrada no hospital, vítima de AVC. Especialistas consultados pelo Sindipetro Unificado-SP esclareceram que o atendimento imediato do trabalhador com equipamentos corretos poderia ter salvo a sua vida.
O Sindipetro cobrou da refinaria a instalação de uma comissão de investigação do caso, com participação de um representante do sindicato. A FUP também exigiu explicações e providências da Petrobrás para evitar que ocorram outros casos de discriminação e omissão de socorro a trabalhadores terceirizados. 
Mais uma vez, fica evidente a urgência de mudanças na política de terceirização da empresa, como cobra a FUP e seus sindicatos através da campanha nacional Somos todos petroleiros: Trabalho igual, direitos iguais

DRT apura denúncia do Sindipetro-NF de vazamentos de gás na P-52

Na terça-feira, 26, pouco antes de ser informado do acidente aéreo com o helicóptero da BHS, dirigentes do Sindipeto-NF participaram de audiência convocada pela DRT/RJ, para apurar a denúncia do sindicato dos sucessivos vazamentos de gás na plataforma P-52. Estas ocorrências colocam em risco a vida dos trabalhadores, pois podem provocar acidentes graves na plataforma. 
A denúncia partiu dos próprios trabalhadores da P-52, que listaram uma série de equipamentos importantes para a segurança da plataforma que não estão em condições operacionais.

Edição 831 – Boletim da FEDERAÇÃO ÚNICA DOS PETROLEIROS Filiada à CUT www.fup.org.br Av.Rio Branco, 133/21º andar, Centro, Rio de Janeiro – (21) 3852-5002 [email protected] Redação e Edição: Alessandra Murteira – MTB 16763 Projeto Gráfico: Cláudio Camillo MTB 20478 Diretoria Colegiada: Alceu, Caetano, Chicão, Daniel, Divanilton, Enéias, Hélio, Jorge Machado, José Maria, Moraes, Osvaldinho, Paulo César, Silva, Simão e Ubiraney.