Com um menor número de participantes, mas com o envolvimento de mais representantes de entidades e com uma pauta melhor definida, o Movimento Cabruncos Livres (MCL) realizou na noite desta quarta, 3, em Campos dos Goytacazes, o terceiro protesto de rua no município – os anteriores foram realizados nos últimos dias 17 e 20. Os diretores do Sindipetro-NF Luiz Carlos Mendonça e Vitor Carvalho participaram da manifestação.
Conciliando temas nacionais com locais, os militantes destacaram reivindicações como a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a área da Educação, 2% do PIB para os Transportes, maior transparência na aplicação dos recursos públicos, reabertura das escolas rurais em Campos, substituição de nomeados por concursados na Prefeitura, conclusão das obras do Hospital da Baixada Campista, entre outros.
Eles compararam os gastos do governo municipal com obras como o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), cerca de R$ 80 milhões, e em shows, com a falta de recursos para outras áreas essenciais.
“Naquele período das mobilizações dos royalties, a prefeita de Campos queria que os petroleiros fizessem greve, mas a nossa agenda é outra. O que queremos são royalties bem aplicados, com conselho e fiscalização”, disse Mendonça aos manifestantes.
O sindicalista também registrou a solidariedade do Sindipetro-NF aos movimentos sociais. “Não somos caroneiros, não precisamos ser, porque nós sempre estivemos na rua”, afirmou.
Mazelas na capital dos royalties
O protesto reuniu representantes da área da saúde, professores e catadores do Lixão desativado da Codin. Os médicos denunciaram o sucateamento da área, especialmente em razão dos problemas no Hospital Ferreira Machado. Na instituição, referência em emergência na região, faltam de macas a anestésicos, segundo os profissionais.
“Nossa luta é por uma saúde de qualidade para todos. Nós também somos cabruncos”, disse o presidente da Associação dos Médicos do Norte e Noroeste Fluminense, Paulo Romero. A categoria também foi representada pela Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia e pelo Conselho Regional de Medicina.
Os professores da rede municipal cobraram valorização da profissão, com adoção da Regência, pagamento de Vale Alimentação de R$ 400,00, melhores condições de trabalho, reajuste salarial e investimentos na Educação.
Entre os antigos catadores do Lixão, a reivindicação era a de treinamento e destinação dos trabalhadores para a atuação na reciclagem. De acordo com eles, cerca de 350 perderam a fonte de sustento das suas famílias após a desativação do local. A situação é mais crítica para idosos e doentes, denunciou uma das faixas dos militantes, que cobraram a implantação da coleta seletiva, com a utilização da mão de obra dos trabalhadores.
Encerramento na Câmara
Após a concentração na Praça São Salvador, no final da tarde e início da noite, o movimento seguiu em passeata pela Avenida Alberto Torres, até alcançar a sede do legislativo municipal. Diferentes oradores se sucederam no carro de som e fizeram cobranças aos vereadores.
O presidente da Câmara, Edson Batista (PTB), estava na Casa e acenou aos aproximadamente 300 manifestantes do alto de uma das janelas do prédio histórico. Ele convidou uma comissão de cinco representantes para uma reunião. O movimento, no entanto, inverteu o convite, e desafiou o parlamentar a descer para junto dos manifestantes para prestar contas da ação dos vereadores em relação às reivindicações populares, o que não ocorreu. “Sai do camarote”, gritaram os manifestantes para o vereador.
Entre os compromissos firmados pelos militantes do Movimento Cabruncos Livres esteve o de dar apoio aos trabalhadores no fortalecimento dos protestos do próximo dia 11, convocados pelas centrais sindicais. Desta vez, não houve hostilidade em relação a representantes de sindicatos e dos movimentos sociais, como o Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação), o Sindipetro-NF e o MST.